Coleção pessoal de Reguengos
Oração
A noite vai longa,
E sopra um vento vindo do norte, esquizofrénico.
Oro descontido, cúmplice de um amor silencioso... túrgido de significados,
De "fodidos" medos...
O de morte,
O da morte...
A noite vai longa,
Calórica nas emoções, aguçada de semântica,
Enquanto no meu palácio, quatro olhos puros me focam, que me conectam...
No Palato os "fodidos" medos...
Medo de que a luz se apague,
E que a alma se despegue,
E que eu tenha de fazer uma petição a Deus...
Para que a oração da esperança não tenda a desobedecer-me,
Não me force,
Não me tente,
Não me seduza...
Ser Pai,
É magicar aquela forma de sacar um sorriso
É fazer de conta...
Fazer de conta que se dorme para nos pintarem a cara, andarem com carrinhos nos nossos olhos...
Ser Pai... é fazer a comidinha com aquele amor interminável, é olhar, assim de lado e esperar que digam "papá gosto muito da tua papinha"
Ser Pai é lutar todos os dias para que me digam - Pai, és o melhor Pai do mundo!
Ser Pai é ter a certeza de que eu olho para as pessoas mais lindas do mundo sem me cansar, sem vacilar e com um respeito inigualável, inesgotável.
Ser Pai é ficar sentado na cama a olhar para o amor com forma, passar a mão pelos seus rostos, e dizer-lhes ao ouvido enquanto dormem. O papá ama-vos, até amanhã.
Ser Pai,
Ser Pai continua a exigir cada minuto, cada segundo,
Mas é, sem igual
A melhor coisa do mundo!
Lustros dourados, polvilhados de um amor cifrado,
São malabaristas nas tuas mãos.
Difusos, perdidos...
Soltam-se ao teu tacto
Dançam com os teus olhos,
E dormem com o teu cheiro.
A ti.
No monte escuro e pálido, fecundo de essência, pernoita no canto o rebanho... lânguido e magoado.
As estrelas caiem e abraçam essas almas docemente acesas, de olhos esbugalhados e afundadas em semânticas conscienciosas, cruéis, que sorriem ao pastor, as ovelhas três malhadas... perturbadas pela existência de uma razão, as suas... diria.
Nesta oração incluo os que são, porém, cépticos na sua mecânica, de cor azul, perdidos em aritméticas que ustulam nos vértices combalidos e moribundos, tal e qual os combates ultramarinos... foda-se... penso eu, nem os cabelos luminosos que circundam a beleza da sorte se anunciam...
E nestes sonhos de tirilene, enfaixados como cornucópias,
Ilustres entre si, impopulares com os outros.
É nesta interferência de intumescência ogre, que vigora em tons lilás o sepulcro esquizofrénico de Dalila.
Foi neste pressuposto, ostracidado e asfixiado de notas soltas, numa sinfonia inacabada de lençóis brancos de alfazema mental, sintonizada em mordomias lustres, belas reais e infinitas. que Dalila fez amor nesse antídoto, escondida nas esferas, entranhas amigas, de confissões antigas.
o ilustre busto, magnifico e singular, era em si toda a ortodoxia de um pensamento ainda virgem, robusto, todavia.
No altar, de indumento vermelho forte, cabeção floreado branco o homem cursava, ostentando ouro nas mãos. Pregara durante longos minutos o anúncio tão esperado.
Ofélia, que escondia o rosto imaculado em óculos de massa pesada, preta, vinha timidamente. Era raro sair do esconso, mas percebia que aquela cintilância que desabrochava por entre as ruas lhe dava uma percepção de emancipação, não evidente para ela, mas compromentida com ela.
Foi nesse caminho que ambas, Dalia e Ofélia, se cruzaram e olharam-se intensamente. Tão intensamente que os ombors descairam.
Enfaixadas, vencidas pelo vaticínio, as mulheres fizeram amor ali mesmo.
Da mesa consagrada, o homem de vermelho assiste ao fundo, fora de sua casa ao enlaçe das duas mulheres.
Num olhar disfarçado, fita os fíeis. Mas como era tentador o que lá se passava fora, tão tantador que o homem não sabia se o seu orgão estava a traí-lo. Não podia ser, pensava ele… não era possível não ter controle sobre aquela obescenidade, tão crua, tão animal… mas tão real.
Aos que queimam a minha alma,
Lhes dou a água da bondade.
Aos que fingem do nada ser quem são,
Que sejam, pois então.
Mas que na pernoita, anunciem ofingimento demoníaco,
Que o tanto de ser tanto já vem tardio.
Aos que beijam a minha alma,
Lhes dou o olhar da sinceridade,
E os chamo…
Na tentativa de conhecer o tanto e cobiçado Amor.