Coleção pessoal de Rega

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Amor

Entre estar feliz e triste
Um sentimento resiste
Com a esperança de ser
O que falta em outro ser

Pra preencher o vazio das vidas
Encontrar e curar as feridas.
Transformando a dor em pó
Os dois se tornam um só

Escrevendo em linhas tortas
Mostrando que há portas
Para uma constante troca
De sentimentos que nos toca

Estável

Passava muitas noites a caçar
Os motivos que me faziam chorar
Queria muito deixar a vida me levar
Então passei dias e noites a pensar

A vida não cansa de me oferecer
Oportunidades que eu deixo morrer
Às vezes tenho tudo e não quero nada
Às vezes digo tudo e não faço nada

Entre o que posso crer e entender
Está a simplicidade que não posso ver
São os detalhes que me tiram da dança
Até que os aprenda esta mente não descansa

Na primeira barreira pensava em desistir
Mas nunca desisti da minha forma de sorrir
É o simples, o lindo, o estranho e o amável
Que estão me mantendo em estado estável

Balança da alma

De uma euforia total
A um desastre sem igual
Tudo isso dentro da mente

A alegria é um exagero
Tão igual é o desespero
Isso é o coração que sente

O julgamento que odeio
É o mesmo que semeio
Não há nada de diferente

A cabeça que muito pensa
Gera uma indecisão imensa
E pouco vivo no presente

Por aí...

Dia cinza com uma garoa fina
Tive muitos passos pra fazer
Subi o morro, e fui lá em cima
E ouvi o silêncio a me surpreender

Vi que a paisagem estava triste
Pois sua essência está a morrer
Mesmo assim minha mente insiste
Em voltar lá, e me sentar pra ver

O que resta de uma antiga beleza
Que poucos podem parar e ver
Já que precisam por comida na mesa
E se ocupam demais com o "vir a ser"

Uma distração

Sabes que queria estar contigo
Mesmo que fosse como amigo
E assim poderia fazer e dizer
O algo a mais pra te convencer

Às vezes o exagero me domina
Querendo ter contigo uma rotina
Que em tudo poderia te satisfazer
E te dar o que só pra ti posso oferecer

Como deve ser pegar na tua mão?
Através dos dedos daria pra sentir o coração
Sentir tremer, notar a mudança na respiração
Quem dera eu ser a tua melhor distração

...e o bom sempre voando

É um desejo que tenho que disfarçar
Pois entendo que não suportaria estragar
O que chegou sem ter que pedir pra entrar
Como um raio de sol que me faz acordar

Creio que em novo ritmo está o tempo
Faz muito barulho e noto que está lento
Essa lentidão seria algo para eu celebrar
Se minha companhia aqui fosse estar

Mas se ela estivesse aqui, o tempo voaria
Como nas vezes em que a noite deu lugar ao dia
Sem perceber já era hora dela se despedir
Durma bem, boa noite e um beijo antes de dormir

Magia do tempo

Perder algo que não se pode comprar
Esperar por algo que pode nunca chegar
Ver partir, mas sempre torcer pra voltar
Sabendo que o tempo faz tudo passar

O que é simples se torna complicado
O novo, logo se torna o ultrapassado
E as palavras que são lindas e fatais
Morrem aos poucos por motivos banais

Mas quando o tempo parecer devagar
É preciso deixar o bem nos dominar
Fazer o melhor para não se arrepender
E abandonar o pior pelo medo de sofrer

Sem medo de errar

Errar não significa fracassar
Errar significa agir para aprender
Fracassar é a rotina de esperar
Algo diferente, mas nada fazer

Então o medo se sustenta
Em cima de nossas fraquezas
Vivendo com a alma que lamenta
Ligando tudo a antigas tristezas

Mesmo que agir leve a solidão
O importante é sempre agir
Com isso purificar nosso coração
E no último dos atos poder sorrir

...porque

Tu és parte da energia
Que sinto ao acordar todo dia
Quando caminho por aqui
Imagino o que tu faz por aí

Fico para o horizonte olhando
E penso no que tu estarias pensando
Faço minhas coisas a te esperar
Para que então possamos conversar

Assim desejaria passar o tempo
Com quem me ensinou a viver o momento
E compartilhar todo meu sentimento
Sem ter que jogá-lo ao vento

Sempre quis

Lá no fundo, sempre sonhei com tal dia
Em que alguém me faria usar da ousadia
Para agir e realizar o que nunca faria

Esperava que existisse em algum lugar
Alguém que tivesse vontade de mudar
E ir além do que poderíamos pensar

O que quero é simples, não é fantasia
Agora não posso tocar, mas sei que brilha
Igual faz a lua nessa noite fria...

4:45 até 15:25 (estrada)

Estrada confusa que não consigo andar
Tão falsa e cheia de truques para enganar
Onde usar pessoas nos faz avançar

E as tristezas que chegam e se vão
Sempre levam a pureza do meu coração
Estrada louca que me oferece só uma opção

Criar a minha estrada e então nela seguir
Apreciar cada passo e me fazer sorrir
E assim fazer alguém comigo sorrir

Por vezes...

Por vezes sinto-me tão errado
Com um cérebro fragmentado
Ficando cada vez mais isolado

E na "arte" de não saber o que fazer
Falar demais por não ter o que dizer
E despistar quando não entender

De certa forma até é divertido
Perceber-me ridículo pelo que tenho dito
Sou confuso, mas agora não estou perdido

Lenta caminhada

Em rostos aborrecidos
Vejo sonhos esquecidos
Trocados por um falso ideal

Impedindo-nos de ter
Outra forma de entender
O que talvez nem seja real

Uma mente fragmentada
Observa tudo sem entender nada
E pensa no que seria o essencial

Aniquilar todo e qualquer relógio
Começar a destruir o óbvio
Caminhando para o modo natural

Ao meu encontro

Passei bom tempo na procura
De um remédio que traria a cura
Mas foi a cura que me encontrou

Cura tão bela que me faz tremer
Tão forte que parece transcender
O que minha mente sempre pensou

Formando agora um novo pensar
Aprendendo como devo aproveitar
Esse momento tão raro de vivenciar

Farei de tudo para não desapontar
Farei de tudo para aproveitar
A cura que não quero entediar

Bonito por fora (... e só isso?)

Tudo aqui eu faço morrer
Confesso que é sem querer
E assim vivo a me culpar
Fazendo a pessoa se afastar

Quem vai querer alguém assim?
Que leva tudo para um lado ruim
Esforçando-me para entender
A obviedade que não posso ver

Falo tanto em como viver
Mas eu mesmo estou a me perder
Nessa falácia amargurada
Que irá me levar ao nada

Qual o sentido nisso tudo?
Estou numa batalha sem escudo?
Como se fosse um matar ou morrer
Quase sem chances para defender

Capítulo 1.

Horizonte que me encanta
De imensidão que espanta
Alegra-me e me faz sofrer

Sempre distraído a procurar
O significado de ser e estar
Já não posso mais obedecer

Alegria vendida na televisão
Todos a querem, mas eu não
Preciso de algo real para crer

Cara de bobo ^_^

Gostando cada dia mais
E as suas piadas habituais
Enchem-me o coração de paz

Penso muito no que falar
Muito melhor seria aniquilar
A distância que estou a odiar

Não me pergunte o "por que"
Do que não posso responder
As palavras não fazem acontecer

Ao deitar-me aqui nessa cama
Passo a viver quase um drama
E deixo crescer essa nova chama

Novo anseio

Diga tudo o que deseja
Não me importa onde esteja
Desde que verdade seja

A luz no poço mais fundo
É real e trás um novo mundo
Não é perfeito, mas já não é imundo

Faz acreditar novamente
Em algo quase ausente
Que faz viver o presente

Mas porque esse bloqueio
Parem de puxar o freio
Deixem-me viver esse anseio

Errado por estar certo

Vivendo melhor do que antes
Entendendo os fatos relevantes
De uma vida cheia de frustrações
As verdades param nas opiniões

Situação que faz nos calar
Ocultando-nos apenas pra agradar
A fim de sempre poder interagir
Com a sociedade que só sabe rir

Banalizar é o alvo central
Ignorar se tornando essencial
Matar o tempo atrás do que é fútil
Entreter-se com todo o lixo inútil

Pra sempre nós não vamos viver
A vida é agora e é mais do que ter

Acima de mim

Sol nascente na janela
E o que fazer?
Se minhas palavras estão a me vencer

Quero sair dessa cela
Quero saber
Quais são os passos que devo aprender

Para evitar um triste fim
E poder falar
As coisas certas que não vão desapontar

Esconde o sol de mim
Nuvem a passar
Céu nublado que veio me acompanhar