Coleção pessoal de RayssaFernanda
A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi, e contra o que foi, anuncia o que será.
As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.
Quando nos empenhamos em nos considerar indispensáveis, focamos mais em colocar méritos nas coisas mais simples que fazemos ao invés de criar o que for realmente útil.
Liderar requer condescender às características das pessoas, não criar um padrão de comportamento para elas.
Se acha necessário agredir alguém, verbal ou fisicamente, para ganhar uma discussão, corrija sua consciência. A razão é um privilégio dos que buscam as melhores ideias, não dos que tentam mais desesperadamente impor seus pensamentos.
Apenas desejo a tranquilidade e o descanso, que são os bens que os mais poderosos reis da terra não podem conceder a quem os não pode tomar pelas suas próprias mãos.