Coleção pessoal de raysalima

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⁠Eu não cuido de doenças, eu cuido de pessoas. Doenças tem sintomas, pessoas tem músicas preferidas.

⁠Dentre todos os sentimentos que me cruzam os ouvidos diariamente, a solidão parece ser o mais corrosivo.

A solidão enlouquece.

E há quem diga que nascemos sozinhos.

Ninguém nasce sem uma ajuda de um outro, que lhe carregue no ventre ou que lhe tire de lá. Que lhe corte o cordão umbilical e lhe lance para o mundo.

Ninguém sobrevive aos primeiros anos sozinho.
Me pergunto se essa é a primeira lição da nossa espécie: precisamos uns dos outros, não existe independência absoluta.

Até para sobreviver só, é preciso alguém que lhe ensine como fazer isso.

É por essas e outras que a solidão desnaturaliza a existência.
A solidão é uma ilha, mas não uma ilha qualquer.

Ela destrói quem é feito de carne e osso.

De todas as intervenções possíveis com os meus pacientes, a primeira que me dedico é diminuir a solidão.

"Ah, mas a gente precisa aprender a ficar sozinho"

Claro. Mas a solidão não é sobre não saber estar só, às vezes, a solidão é sobre não saber como dividir a vida com alguém.

É possível sentir solidão em meio a uma casa cheia, junto aos amigos e colegas de trabalho. E eu arriscaria dizer que essa é uma das ilhas mais isoladas: nem a proximidade física é capaz de atravessar as fronteiras.

O mar de sentimentos que rodeia essa ilha é habitado pelo medo, pela insegurança, pela desconfiança, pela baixa autoestima, pela sensação de que qualquer pessoa que se aproxime vai se afogar ou te atacar.

Uma ilha de proteção ilusória.

"A solidão é fera, a solidão devora".

Talvez você esteja só. Talvez você acredite que seja mais seguro aí. Talvez você simplesmente não saiba como sair.

Lembre-se:
Não há resgate sem pedido de ajuda.

A solidão é uma ilha carnívora...
Mas ela não precisa devorar você.

⁠A solidão é uma ilha carnívora, não deixe que ela devore você.

⁠A escuta de um trauma

O trauma é uma cordilheira de escombros.
Existe um sujeito soterrado nesse emaranhado de dor?
Existe vida, depois do trauma?

O trauma é afiado, e o trauma falado corta, rasga, craquela o sentido, a fantasia, o imaginário.
E nesse caos subjetivo, a escuta também dói.

A dor de quem ouve o trauma é a dor de presenciar uma avalanche, como um observador distante, de um lugar seguro e impotente, de quem vê a destruição passar, dela não faz parte mas é por ela tocado, e é dela também um sobrevivente.

Como num mar revolto, o terapeuta precisa saber nadar, mergulhar, respirar, numa posição peculiar de quem entra em cena para cuidar de alguém se afoga, sem poder no entanto, salvá-lo ou nadar por ele.

⁠Não são os livros que nos ensinam a ser Psicólogos, é a vida.
Os livros, são guias, mapas, mas cada estrada sempre tem os seus próprios desafios escondidos, e cada um de nós vai precisar, durante a condução daqueles que estão sobre os nossos cuidados, também olhar para dentro, para os nossos afetos e enigmas particulares.

⁠Psicólogo é gente.

Gente que tem história
Gente que tem memória
Gente de todas as cores e sabores
Gente que foi forjada no meio das dores
Que em meio aos espinhos, faz brotar flores

Gente que ri
Gente que chora
Gente que revigora

Gente que tem medo
Gente que tem segredo
Gente que tem enredo
E que de fevereiro a fevereiro, vive suas fantasias

Gente que encanta, canta e até se desencanta
Gente que inventa e se reinventa.
Gente que estuda (e cuida) de gente

⁠Como num mar revolto, o terapeuta precisa saber nadar, mergulhar, respirar, numa posição peculiar de quem entra em cena para cuidar de alguém se afoga, sem poder no entanto, salvá-lo ou nadar por ele.

Não levante a espada sobre a cabeça de quem te pediu perdão.

Ama a verdade, mas perdoa o erro.

Pessoas perfeitas não mentem, não bebem, não brigam, não discutem, não erram e não existem.

Todos erram um dia: por descuido, inocência ou maldade.

Os homens erram, os grandes homens confessam que erraram.

Ao decidir ser luz, você precisa se preparar para as sombras.

Sou como os peixes de águas profundas, sinto-me sufocar em interações frívolas e pessoas rasas.

Parece com a corrida para pegar o ônibus da escola, com a descida na montanha russa e com o velocímetro na Infinita Highway...
Mas é só o tempo passando rápido demais.

Saudade é a fome que a gente sente no coração.

Veja os sentimentos, eles são a prova mais abstrata que o que não podemos tocar muitas vezes é concreto.
Que o que não conseguimos entender pode explicar muito sobre nós mesmos.
E as lágrimas? Nosso corpo é formado em sua maioria por água.
E as lágrimas nada mais são do que a materialização de todo o sentimento contido, seja ele doce ou amargo.
O pranto é o movimento involuntário do nosso coração, é a luta da nossa alma pela libertação de toda mágoa.
Podemos dizer que algumas pessoas são como os mares, com seus altos e baixos...São livres!
Outras são como os rios, uma parte calma, outra agitada, numa hora transbordam, mas algumas vezes ficam secas.
E por mais que nossa alma tente se libertar da dor, usando as lágrimas ou nossa voz como instrumento de auto-reparação...
Algumas vezes somos represas, prendemos nossas emoções e sentimentos, esperando que eles ocupem o nosso vazio interior...
Mas não ocupam, no final resta uma cordilheira de escombros, ou pior: fica cheio de coisa nenhuma.
E a qualquer momento a água contida transborda...
Nós construímos muros e reclamamos da solidão, diferente das pontes, os muros reprimem,
As pontes libertam.
Solte sua represa interior, liberte-se e desista de levar o peso sozinho,
Compartilhe seus sentimentos, doe um pouco de você mesmo.
A recompensa é incalculável...

Entre altos e baixos, erros e acertos, quem somos nós?
O próprio "ser" já trás consigo um questionamento. Você pode "ser" rico e perder tudo, "ser" alegre e entristecer "ser" o chefe e receber demissão, mas também pode "ser" um covarde e criar coragem, "ser" depressivo e tornar-se escandalosamente feliz , "ser" sozinho e enfim encontrar uma companhia para toda a vida.
Você não é, você está.
Já se perguntou "Quem estou eu"?

Moça, "eu te avisei" seria um tanto óbvio para você.
Vamos dispersar os clichês da vida, a sua dor já é um deles.
Cá estamos nós de novo, nesse velho dilema entre poesia e solidão.
Eu sempre apareço quando você se esconde, sabemos bem...
Alguém tem que segurar a barra, eu uso as letras, você as lágrimas.
Ninguém precisa saber, vou te desfaçar de pedra outra vez.
Pegarei alguns papeis velhos, apontarei seus lápis antigos, e não se preocupe comigo...
Sobre estar só, eu sei.

-Monólogos com o Eu Lírico

Existem duas linhas imaginárias. Uma que te separa de quem você não conhece, ou não confia, alguns atravessarão essa linha ao longo da sua vida.
E outra que te liga, a alguém que um dia vai ultrapassar a primeira linha e quando você se der conta, vão estar conectados de forma que a segunda nunca mais poderá ser rompida.