Coleção pessoal de raquelsilva
E eu disse olá. E a partir do momento em que obtive uma resposta, algo me mostrou que minha vida nunca mais seria a mesma. E nossos corpos se tornariam um só, nossos lábios se tocariam intensamente e cada suspiro que eu desse estaria dedicado à você. Eu teria vontade de viver outra vez. Com você, porque seria só você. E eu te beijaria como nunca beijei outro alguém, te daria os meus melhores toques e meus mais sinceros sorrisos. Daria o melhor de mim a cada dia e te amaria cada vez mais. Te chamei para ser feliz comigo, tomar meu corpo naquela noite. Quis fazer de ti meu porto seguro, a luz que me faria seguir o caminho de volta para o amor. Quis que o teu ombro fosse o único para o qual iria me deitar, quis o teu olhar fosse o único que encontrasse com o meu. Quis que o nosso coração se tornasse um só, e aí você se foi para nunca mais voltar.
Vejam só! Uma bela flor-de-lis ao passar acompanhada pelo vento! Onde será que tão bela moça irá a essa hora? Talvez encontre com teu amor, Armando. Ah sim! Um belo cavalheiro que mora logo ao fim da rua, naquela pequena casa escondida atrás das árvores. Ninguém sabe ao certo que moço é esse! Sabes que essa pequena moça, Amália, sentia-se tremendamente apaixonada por tal homem. Será que esse tal cavalheiro realmente está lá? Lembro-me bem que no mês passado uma jovem decidiu descobrir se Armando realmente era tão belo como dizia Amália. Alguns dizem que logo depois da entrada dessa jovem pelos portões de Armando, morreu. Outros dizem que se apaixonou e decidiu ficar. Mas Amália diz que nem ao menos soube de tal decisão dessa jovem.
Como sempre, o tempo voou. E em um belo dia, Amália em seus aposentos, encostada na varanda observava o pôr-do-sol, enxugando lágrimas e lágrimas de tristeza. Com certeza não estaria prestando atenção nos belos pássaros que cantarolavam a sua volta como se tentassem reanimá-la. Coitada de Amália! Por que será que chorava tanto? Talvez tenha brigado com seu tal “príncipe encantado”.Seus vizinhos se perguntavam da onde vinha aquele choro escandaloso e tremulo. Quanta angústia! Quanto desespero!
Logo pôde se ouvir o portão de Armando se abrir junto de uma forte ventania que vinha por entre as arvores. E quem seria aquele homem vestido de preto saindo por aquele portão? Seria Armando? Seria o tal cavalheiro que pequena e bela Amália sentia-se apaixonada? Até aquele momento, todos se perguntavam o que é que estaria acontecendo na pequena Vila de Cristal.
Amália levanta seu rosto e arregala seus olhos ao perceber o que acontecera no momento. E então todos puderam ouvir, pela primeira e ultima vez, um suspiro de Armando.
Ele não perdeu tempo, e em passos curtos e macios caminhou até ela, com suas mãos nos bolsos da calça, seus olhos observando atentamente cada detalhe daquela face. Podíamos afirmar que existia um tanto de vergonha estampado em seus gestos, cabeça baixa e cabelos cobrindo seus olhos, e mesmo assim a observava por entre as frechas de seus fios finos e negros.
Ela se levantou do banco como se mais ninguém existisse, não sabia ao certo se aquele fixo olhar realmente estava direcionando-a, sentia-se extremamente insegura. Já sem controle de seu corpo, suas mãos se fecharam com uma ceta força, uma força que não se sabe de onde vem, mas seu coração batia tão forte que até mesmo eu pude ouvir. Era como se o vento decidisse que iria parar, suas roupas colaram-se em teu corpo e cada fio de cabelo vieram até sua face, já não se enxergava o mesmo. Sua vontade era tão grande, que em sua mente ainda via o garoto andando sem nunca chegar em teu destino. E então um pequeno susto.
-Eu amo você. - Podia-se reconhecer a voz de um certo rapaz, que por sua vez, seria o teu único amigo do local.
Algo a incomodava, algum medo incompreensível acertou tua boca em cheio, fazendo com que meras palavras saíssem de tua boca.
-Eu não amo você. - disse ela falsamente como se nada mais fizesse sentido.
Ó que medo meu bem,
Que tenho de me apaixonar.
O teu olhar que sorri
O teu sorriso que me acanha
O teu toque que desejo
A tua voz que me chama.
Ele andava sozinho e de cabeça baixa. Eu me perguntava como poderia existir tanta beleza em apenas um ser, e como poderia estar tão triste. Todas o amava, ele tinha tudo agora. O que mais lhe faltava?
Eu andava solenemente pelo colégio observando sua caminhada junto de seus amigos, eu o seguia sem que ele me percebesse. Percebi que alguém me olhava pelas costas, não me deixei levar pela tentação de ver quem era, continuei minha observação.
Depois de nossa briga, discussão, ou seja lá o que foi aquilo, ele não parava de viajar em seus pensamentos que pareciam ser solitários e tristes.
Não exitei e cheguei mais perto. Ele andava sozinho agora, seus amigos eu nem ao menos sei onde estavam. Como sempre, não consegui e coloquei minha mão em seu ombro.
- Meu amor? - Falei com tom de medo.
- Ainda sou seu amor? - Ele se virou, uma lágrima escorreu por teu rosto.
- Você sempre foi o meu amor, e sempre o será. - Aproximei-me mais de tua face. - não percebeu como a minha respiração muda quando você chega perto? Percebeu como tudo aquilo que você sente eu sinto o mesmo e vice-versa? É que esse amor que eu sinto por você, nunca senti e nunca vou sentir por mais ninguém. - Deixou-me tocar meus lábios nos teus.
-Passarinho, que som é esse?
-É o som do amor que bate em tua porta e você não vê.
-Como podes ter tanta certeza do que me contaste?
-Tu falares com um pássaro, nada mais poderá fazer sentido.