Coleção pessoal de RaphaelDoria
Paixão é um instante: é um estalo de luz que desabrocha no coração a partir dos entre olhares. É o oceano que transborda a terra em instante de dilúvio emocional.
É uma maravilha!
Tudo brilha em cores quentes e o que importa é manter este
carnaval que bate no peito provocando suspiros rítmicos em
samba!
Ah! Minha bela amada. Como desejo consumir este raro Eros que ainda guardo no coração; mas o bloco dos iludidos já se foi, e encontraram, os iludidos, outros amores; Mas ainda continuo aqui.
Silenciosamente absorto em metafísica continuo aqui.
Fevereiro passou; e ainda continuo aqui.
Devaneio à meia-luz ao materializar sentimentos em palavras, e sem querer faço alquimia ao dissolve-las em seu balsamo impregnado nas minhas reminiscências.
Seguramente faço contrassenso ao entrelaçar palavras vis com sentimentos sublimes, logo reativamente as cores quentes congelam ao mesmo tempo que as neutras degelam.
Ainda que sem tempero ou sabor meu tamborim ecoa a ti, ainda que em vão.
Enamorei seu olhar em desatina intenção
Reconfigurei minhas mazelas sem subjugação
Imergi irascivelmente ao seu balsamo existencial
Crucificaram-me ao transgredir o limite do racional
Acometido fui pela sua singularidade, e tudo que desejo é apenas
compreender a verdade.
Afinal, o que é este desconforto vazio e imaculado que parte do coração e chega ao estômago fazendo inverno ? Será que são as flechas envelhecidas do menino cupido, ou simplesmente a reminiscência de um outro alguém ?
Certamente todas as especulações são possíveis; quer dizer, menos àquelas que estão sob à luz do plenilúnio perturbando silenciosamente meu orgulho amargo.
Sim! Tenho a personalidade do avesso. Não negarei. Quiça sou um príncipe noturno cuja metamorfose a heteronomia social não ocorreu. Estou para a antiestética da estética trivial, assim como o príncipe "nocturne" para a nobreza do palácio.