Coleção pessoal de raissa.rbc
Hoje o dia amanheceu estranho.O silêncio era tal que preferi escutar o vento a escutar o noticiário na TV.Além da janela do quinto andar pude ver o verde, o clarão do céu, o concreto amanhecendo, iluminando a vida fundada da cidade. Hoje eu quis ver o mar, sentir a brisa, pegar conchinha, enterrar os pés na areia.Mas a rotina me acorrentou ao leite aquecido no microondas. Até pensei em fazer meu caminho sem música, mas não consegui me desfazer do conforto que me causam os fones de ouvido. O caminho fora tranquilo, me sinto tão tranquila! Por fora, a vida continua, plástica e holográfica. Por dentro, a leveza , que com carinho põe cada coisa em seu lugar.
Como se fosses tu, assim entras no teatro e te chamam dentro do sonho e te chamam para fazer o papel do sonho de alguém que não veio, e dizes que nunca viste a peça e nunca leste o texto e nada sabes de marcações intenções interiorizações e te dizem que não importa porque é só um sonho e um sonho não precisa ensaio.
O brilho dos olhos ficando opaco
a chama que ardia em fogueira virando cinza
por debaixo do céu que costumava ser estrelado,
as noites em claro, conversas a fio, risadas, momentos,
declarações de amor
amor juvenil que dava sentido as coisas
amor que fazia sentir
primeiro amor
escorrendo como água no ralo do banheiro
como as lágrimas
partindo como o vento forte que leva pra longe a poeira ruim
me deixa sem chão, sem teto, sem afeto
e o suspiro que um dia me fez ver o belo
sufoca agora, nesse soluço de dor
rosto virado,
corro ao papel, lapiseira, borracha (não vou te apagar)
corro ao retiro, ao canto morto e mudo que não revida
que me mostra em linhas simples e retas como o mundo é de concreto
parede fria na qual encosto meu caderno
e te escrevo essas últimas palavras
Desabafo de que necessito pra te tirar de vez de mim
papel, eterno ouvinte
grafite, eterna ponte
Nunca esquecerei o brilho do dia em que você me disse:
- Oi
tchau.
Quero um amor constante, um amor presente. Um amor pulsante, um amor latente.Quero sua presença, estabilidade.Quero o que mereço, e que se faça do hipotético amor, realidade.
O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!
Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor mesmo sabe.
A gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato é.