Coleção pessoal de rafaleal12
Mas do que é feita a vida? De pessoas? Lugares? Momentos intermináveis? De palavras esquecidas e sorrisos nunca dados? Do ódio presente em cada passo? Do incentivo sem motivo? Eu me perguntava: “Do que é feita a vida?” A minha não era feita de nada, eu não tinha pessoas, ia a lugares, mas do que eles valiam sem os momentos? Eu tinha todas as palavras, mas essas nunca eram esquecidas… E sim eu já havia dado muitos sorrisos, mas esses nunca foram retribuídos. Eu era uma garota como outra qualquer, cheia de perguntas das qual nunca ninguém teve respostas. Era a garota esquisita na escola, que no final apenas sonhava com um futuro brilhante. Diziam-me que todo problema tinha uma solução… Mas e se você é o problema? O que seria sua solução? Pelo estado de espirito que havia se adaptado cada vez mais de minha alma, pude concluir que se eu possui-se alguma ela estava bem longe de mim naquele momento. Do que era feita minha vida eu pergunta… E o mundo me respondeu: “Descubra.”
Ela sorria com facilidade aquela noite, o que não era diferente dos outros dias… Mas eu estava feliz só pelo fato de pelo menos naquele dia, ser o motivo de algum de seus sorrisos.
Eu sabia, dês da primeira vez que você pôs os olhos em mim, o quanto você me odiava. Odiava minha voz, meio jeito de sorrir, minhas piadas sem graça, odiava o modo como eu pensava, como eu gritava, e insistia que sabia cantar. E talvez se na quela época eu parasse para pensar um pouquinho mais, teria chegado a conclusão de que você me odiava até quando eu respirava. A gente não se dava bem, não se completava, nem ao menos se suportava. E bem eu até poderia dizer que também te odiava. Suas palavras sempre coincidiam com suas ações, suas verdades sempre eram verdades, e o resto bem, que se tornasse mentira. Você não se importava, nem ao menos um pouco ligava. Porque eu não conseguia ser assim? Porque eu não conseguia jogar no mesmo jogo que você? Porque eu ligava e me importava? Você me dizia, tanto fazia. Dizia que o mundo não estava nem aí para ninguém e que eu provavelmente eu iria acabar sozinha. E que você provavelmente também. Dizia que pessoas como nós nasciam para viver sozinhas, e terminarem sozinhas. Fazia horrores com minha mente, trazia e criava lembranças das quais eu queria esquecer, você tornava o mundo mais difícil para mim. Você odiava meu cabelo. Não suportava vê-lo solto, dizia que o irritava. Não gostava quando eu começava a falar e sempre mandava eu calar a minha boca. E eu pensava, uau, que submissa eu. Me calando por um homem qualquer. Eu estava enlouquecida. Você estava me enlouquecendo, e me perguntava até aonde essa loucura iria. Até onde você chegaria com essa história mal terminada, até onde você me controlaria, até onde você iria me fazer agir sempre pensando em você, até quando você me deixaria, ou me agarraria para sempre. Você criticava meu modo de viver, e me dizia que eu iria morrer sem nada ter feito, enquanto na verdade eu pensava constantemente em que você iria morrer sem nada fazer. Eu criticava o seu jeito, seus defeitos, minha mente estava sempre posta para apertar o gatilho em sua direção. Meus medos de todos o maior era terminar sozinha. De envelhecer, e no fim de tudo, nada viver. Eu corria sempre para o inevitável, e queria mudar ser a mudança, e como sempre você me criticava dizendo que eu sonhava demais. Você afirmava que sim, eu não era ninguém. Mas bem, dias depois você me disse que eu estava te deixando louco, e que não aguentava mais dividir o mesmo comodo que eu por muito tempo. Você me odiava, me desprezava. Engraçado, achei que você tivesse dito que eu era um ninguém, gritei uma vez para ele. E bom, ele gritou de volta: “Você sabe e sempre soube que você não é nada, uma ninguém, mas isso só quando não está comigo.” E eu pensei, meu deus como eu odeio esse tipo de cara. A gente não se completava, não se controlava, nem se suportava. A gente não servia para nada, muito menos para ficar juntos. Mas bem, tínhamos algo em comum, nós dois odiávamos seguir regras.
Há quem diz, que seu eterno inverno um dia já foi verão. Que suas melancolias, são apenas tristes lembranças de alguém que um dia ousou derreter seu gelo, lembranças de alguém que não ousou ficar. Há quem diz, que seus lamentos não passam de histórias, e que a verdade, nem ela mesmo sabe, ou entende, o que se passa nas suas estações. Há quem diz, que seu mundo é pequeno, resumido em palavras escritas ou pensadas, nunca ditadas. Há quem diz que essa garota pensa. Pensa tanto que esquece de falar, de viver, de se arriscar. Há quem diz que ela já se foi, que nenhuma parte sua lhe resta…Há tanta gente que diz, há tanta gente não diz… Há garotas que são decifráveis… E há garotas como ela. Há garotas como ela. Não mentira. Há garotas, e há ela.
Ela tinha um jeito arrogante, prepotente. Ela se achava a melhor, e pior, se achava melhor até que eu. Fazia questão de jogar na minha cara, que eu sempre estava atrasado, que eu sempre errava em tudo, e que se, nem dela eu conseguia tirar proveito, imagine dos outros? Oh sim, ela nem imagina o quanto eu estava louco para tirar proveito de tudo que ela tinha a me oferecer. Ela podia ter as melhores qualidades de uma mulher, mas infelizmente era ingenua. Não fazia ideia, do quanto ela me provocava, e do quanto eu gostava daquilo. Ela não fazia ideia do quanto eu pensava de mil maneiras diferentes de leva-lá a loucura. E bem, durante tanto tempo, eu não havia conhecido uma garota como ela… Tão garota, tão mulher. Tão minha, sem fazer ideia, sem dar a minima. Ela tinha um andar despreocupado, achava que tudo ia dar sempre certo para ela. Ela não parava nem um segundo para pensar, e eu gostava disso. Gostava de jeito dela, gostava do seu sorriso, do seu andar, do seu jeito estranho de recusar outros homens dizendo propositalmente que era casada. Casada? Oh eu bem sabia. Ela sempre teve horror a casamentos, e quem diria que logo ela ia ser a madrinha do casamento da própria mãe? Devo admitir, que amei assistir tantas vezes o seus gritos estéricos quando algo dava errado na organização, ou no vestido da noiva, amei vê-lá, irritada por ter que ensaiar todas as entradas ao meu lado, o padrinho. Amei, tanto, tanto, que aqui estou eu, disposto essa noite, falando na frente de todos os convidados do casamento de sua mãe, com ninguém menos que meu pai, que adoraria faze-lá mudar de ideia em relação a casamentos. E principalmente em relação a nós. E aí, Mary Anne aceita o desafio?