Coleção pessoal de rafaelccarvalho
Pode rodear por todos os lados
Encontrar entradas jamais exploradas
Pode tentar achar o que não vê
Descobrir defeito ou qualidade
Mas sempre haverá aquela obscuridade
Talvez um lado mais sombrio
Ou uma virtude desconhecida
O coração possui partes
Partes de luz e trevas
Que talvez nem a própria vida
Se atreve conhecer
Pode rodear
Maruja, por que se esconde?
Maruja não adianta se esconder
Você deixa o coração aberto
Deixa a vela do teu barco aparecer
Pisando na areia já não sinto os pés
Sinto apenas meu corpo tomado por alma
As ondas que teu dançar me traz
Hipnotizam-me e me trazem a paz
Meus pés já não tocam o chão
Já estamos os dois
Alma e corpo
Em seus braços clamando pelo teu seio
Alimente-me de luz
Mãe generosa de amor
Seque minhas lágrimas
Troque-as por água do teu mar
Me faça dançar em tua maré
Me ensine de que maré é feito meu amor
Teus olhos morenos de mar
Teu canto, meu canto, meu olhar
Me conte porque tenho o mesmo olhar
O teu olhar com encanto
Encanto da sereia
Venho a areia pra clamar
Ó minha mãe me leve pro teu reino
Pois só me entregando a ti
Posso me entregar a mim
Odoyá
Na fuga encontrei o que não havia encontrado fugindo
Ao longe posso ouvir o sino da catedral
Nos braços do real
Me entrego em saber se é bem ou mau
Na porta a chave que marcava
413 é o esconderijo
Não adianta fugir pra um mundo tão grande
Se no final, o mundo inteiro cabe em um quarto
Jurei seguir nesse trilho
O trem sou eu, a carga o que sinto
As pedras nos trilhos o julgamento
O combustível, a confiança
O trem com o único destino
413 é o número
Amor é o leito em que dormimos
Esperança é o despertador que nos acorda
E no breve instante em que a gente diz que vai esquecer, já está buscando lembranças pra chorar de saudade
Bem que, quando vi seus olhos castanhos pela primeira vez senti que mergulharia. Sem máscaras, roupa de mergulho. Mergulharia nu. Pele. Pêlo. Alma. Me afoguei na possibilidade de ser um mergulho eterno onde o final seria mais que, meu breve pranto a beira das suas águas.
Então eu sigo as escadas e chego a porta. Ela da visão ao jardim que trás ao final do dia o cheiro. Seu cheiro. Não que você tenha cheiro de flores e plantas, mas a pureza da natureza me remete a pureza do teu cheiro em meus momentos de lembrança. Aquele cheiro da tua pele que me trazia pra perto de você, assim como o jardim que atrai as borboletas em um final de tarde primaveril. Caminho por esse jardim tocando, cada flor, cada folha assim como tocava cada pedaço do teu corpo, corpo este semeado e cuidado pelo tempo para o jardineiro apaixonado que você me tornou. Fecho os olhos, o velho piano toca dentro da casa abandonada. Casa que você me tirou com minha vontade de sentir suas pétalas, me salvou da escuridão da casa triste. Ando em meio às flores, ando até que o jardim acaba. Desespero-me. Olho pra trás. Não há casa. Não há jardim. Apenas uma fotografia. Olho e uma lágrima escorre como um orvalho. Nela estou eu, beijando uma mão assim como cheirando uma flor.
Mesmo longe
Mesmo sem você
Sou feliz
Pois tenho você
Quando quiser
Na minha memória
Você mora aqui onde guardo tudo de bom
Te pego quando quero por trás
Sinto o cheiro da sua pele
Te devoro como um leão faminto devora a presa
Mesmo você longe
Te tenho
Te sinto
Mesmo longe
Você está perto
E ainda é meu
Então eu me jogo no mar, e deixo ele me levar pra longe. Pro teu profundo, profundo como o meu coração sem ti. Então entrelaço minha dor a tua, minha saudade bate nas pedras como as ondas do mar.Mergulho ao reino das profundezas do mar, buscando as profundezas da minha alma.Procuro por você
Um beijo perdido em meio a noite sem volta
Um olhar esquecido em uma fuga sem chão
Sonhos esquecidos nos dias que passam
Não mais... não mais
Queria tanto sumir. Não, não estou falando no sentido figurado. Só seria bom ir a algum lugar dentro de mim, onde nada nem ninguém pudesse me alcançar. Nem o bom, nem o ruim. Nem a tristeza, muito menos a alegria. Só seria bom, um momento neutro, pra neutralizar essa vontade de sumir.
Meus caminhos são tortos
Não, não são tortos porque são errados
São tortos, porque não sei o que há após a curva
Não sei o que me espera depois que a maré baixar
Não posso distinguir qual onda, é qual
Elas dançam, se misturam
Umas são mais fortes e batem nas pedras
Outras morrem, antes mesmo de se formar
Minha vida é isso
Não sei qual onda vai ser forte, qual irá morrer
Só sei que a maré sempre vai subir
Pois minha vida, é um mar sem fim
Depois que se vai a água imunda
Fica apenas o corpo e a alma
Tudo de ruim lavado, dissolvido
Tudo vai, e fica apenas você