Coleção pessoal de RafaelaDutra
Dois segundos.
E não há como não querer.
Foram apenas dois segundos que completaram o silêncio do coração e se deu conta: é ele.
São caminhos contínuos; planos infindáveis; noites de sono com segredos juntos ao travesseiro.
E assim fica como eterno... Cada momento; ainda que seja ínfimo.
Para ela, as promessas são grafadas. E os pecados cometidos na ânsia do ser.
Ainda que não o tenha, o imagina.
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E ainda que não existisse, o inventaria.
Daughter.
“Uma nova vida.” Sim, se fez nova. E todos os dias eu agradeço. Não somos os melhores amigos, não somos os mais certos... Não conversamos todos os dias. Brigamos por vezes, muitas vezes... É difícil entender suas manias, seus medos e confusões. Mas sempre me perco “no vazio” que fica por aqui quando ele “parte”. Pensamentos opostos e situações cômicas em demasiado. Esse é o nosso cotidiano. Não gosto de seus conselhos e atribuições. “Você não faz nada que presta”, mas não consigo pensar ou falar dele sem chorar. No fatídico dia, eu tinha a plena convicção de que mais uns 50 anos seriam perpetuados naqueles corredores brancos. E assim se fez. Hoje somos outros... Somos aqueles que eu sempre sonhei. Ainda temos as desavenças, que eu sei que nunca se acabarão. Mas no meu íntimo, hoje sou tranqüila; o entendo de uma outra forma, não mais como filha... E sim como parte de sua existência.
(Ao meu Pai, pela sua vida... Que se fez nova.)
Confesso.
Confesso: perderia meus dias por você. Sentiria vontades sem me preocupar com o “mundo lá fora”; o chamaria sempre pelo mesmo nome, ainda que eu não o conhecesse. O desejaria por dias, meses, anos quem sabe. Confesso: o amaria e entregaria a minha vida em suas mãos. Promessas ao vento, palavras ao chão. Não colocaria uma só “vírgula” em seus ditames; seria impossível tê-lo como "anfitrião." Confesso: perderia meus dias por você. Sem qualquer arrependimento. Sem qualquer restrição.
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Ainda que fosse... E ainda que me julgasse... Sentiria saudades, mesmo estando ao seu lado.
"Doces" mudanças.
Peças da vida. Peças de vida. Pego o que sobrou e monto o meu conjunto de sentimentos: confusos, sinceros, tolos e curiosos. Já não consigo ser mais a mesma, algo me estragou. E eu sei o que foi exatamente. Isolo-me. Já não quero mais juntar nada. Então, a vida por sua ingratidão me prega “peças”. Em suas mais variadas formas e preços. E eu as tenho guardado. Repito: já não sou mais a mesma, em nada...
Desconheço-me a cada amanhecer. Adormeço vinho, acordo água.
Hoje amo soul, mas amanhã posso não ter mais esse fino gosto; detalho cada parede e entremeios e percebo as mudanças. Eu já não consigo ser mais ela. Às vezes, dou graças; às vezes eu sinto saudades. Hoje eu tenho, amanhã, não sei.
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Eu não disse?! Não sou mais a mesma.
Cala-te vício!
Oh vício!
Não gostava de guardar nada que lhe trouxesse miseráveis lembranças. Ela odiava abrir caixas do passado e encontrar rosas perfumadas e vagabundas por sinal. Além de espirrar feito doida, sentia náuseas. Só não sabia se era advindo da poeira ou da própria nostalgia abatedora. Costumava por fogo, literalmente em tudo. Até em sua pele. Mas isso não dependia dela... E sim de quem “acendia”. Entre um pesar e outro, lamentava-se sempre da vida, mas não angariava motivos. Então concluía que reclamava por não ter mesmo o que fazer. Costume. Metade mulher. Outra metade: também.
Oh vício! Não tomava café. Mas fumava. Fazia amor pela manhã. Vivia do mesmo se pudesse. Encontrava todos os dias “o homem de sua vida” e morria por cada um ao entardecer. Não sabia o que era alternatividade. Não gostava de pessoas estranhas, descompassadas, complicadas, amedrontadas, apáticas e pseudo-recalcadas. Não! Preferia morte a ter que suportar tais tipos. Mas sempre atraía aos montes as mais diferentes e variadas formas humanas. Todas com fardos bem maiores que o seu. Ajudava, pois, sempre a carregar.
Oh vício! Amava a luxúria. A cultivava nos jardins de sua casa. E não tinha vergonha nenhuma. Pelo contrário, orgulhava-se. As unhas vermelhas feito sangue, prolixa por natureza e com os passos largos. Tinha afobação, a vida não esperava ninguém. Entre os gostos e disparos, via a sua facilidade em ser "várias mulheres", cada uma com algo em destaque. Não se fazia única nunca. A não ser para quem realmente merecesse. Mas logo amanhecia e seus vícios... Bem, seus vícios assim repousavam e cresciam. Eles não tinham nenhuma pressa ao contrário dela, mesmo porque amanhã era outro dia. Dia de começar tudo outra vez.
Oh vício!
Ame como um todo.
Eu te amo e sentir-se amado. Eis a questão, como diria um dos meus preferidos: Jabor. Falar é completamente fácil; difícil é fazer com que esses dois sentimentos tornem-se "verdadeiramente verdadeiros". Eu te amo hoje está banalizado, aliás, nós mesmos deturpamos o "eu sei que vou te amar". Cansei de ver ver várias "palhaçadas" em minha frente, cansei também em ser até protagonista de muitas delas... E digo somente uma coisa: descobri que um simples eu te amo, vai muito mais além do que pensamos. Não é somente escrever no cartão de dia dos namorados e alguns dias depois, praticar atos que não condizem com o que foi expresso. Não é ir dormir e virar para o lado e falar: "Boa noite, eu te amo". Não, não... É muito mais que isso. São palavras; diria que basicamente além delas, são os gestos que "gritam" o eu te amo em nosso cotidiano. E sentir-se amado?! Ainda é muito mais forte, acredito. Mais significativo, mais intenso, enfim mais "tudo". Porque esse sentimento não costuma a nos enganar, entende? Ou você se sente como tal ou não. Aí é que mora o perigo, pois muitas vezes estamos vendo que não somos amados e mesmo assim, continuamos de "olhos fechados", por conveniência. (leia-se medo... Sim! Temos medo de encarar a realidade!) Ah ledo engano, ah doce ilusão. Não existe meio termo para isso; você consegue dizer "eu te amo" pela metade, "entre linhas"? Você consegue amar "um pouquinho" – "Fulano, bom eu amo mais ou menos ele". Poupe-me, mas isso não existe... E se alguém é capaz dessa proeza, por favor, bata aqui na porta de minha casa e me ensina a ser "mais ou menos". Entre esses dois mundos magnânimos, há mais diferenças as quais podemos mencionar quiçá imaginar. Eu aqui, digo por mim... Que costumo fazer dos meus amores 100% ou 0% . É uma questão de escolha, como tudo na vida. Seja inteiro. Por mais que isso lhe custe "vidas", nunca deixe de amar como um todo; esse negócio de "morno" é coisa para gente "fraca de coração".
Os feios.
Minhas amigas dizem que eu possuo um gosto peculiar para homens, que o ditado: “Quem ama o feio, bonito lhe parece” foi feito sob medida para mim. Pois é, elas têm razão. Não que eu goste de homens bizarros, sem nenhum atrativo aparente, não! Muito pelo contrário, se vejo algum projeto de “Pitt ou Bandeiras” nas ruas, fico que nem homem mesmo, virando até o pescoço para olhar e se bobear ainda falo “-E lá em casa”. É que eu costumo ver neles o que elas raramente conseguem enxergar: aquele “q” a mais. Aquele cheiro de perfume diferente; o charme de andar; um detalhe de anéis nos dedos anelar e polegar; um relógio (sim, minha paixão por relógios se estende até ao meu lado amoroso); o cabelo; o sorriso; enfim são detalhes mínimos, que quase ninguém nota, mas que para mim, fazem toda a diferença. Isso, claro é quando temos a primeira impressão, a material, o impacto da chegada. A segunda fica por conta do jeito que eles têm. Maneiras de sentar, falar, agir... Aqueles que possuem a sensualidade aflorada são praticamente irresistíveis, o jeito de olhar fulminante, que desmonta qualquer uma. Sempre que sentamos em uma roda, seja para beber ou conversar, meu “gosto peculiar” é alvo dos comentários. E é fato: Acaba, por muitas vezes, aparecendo um na noite que é notado apenas por mim. Somente por mim. Meus melhores e piores amores não possuíam nenhuma beleza física, passavam sempre despercebidos nas ruas, na noite, enfim, em qualquer lugar... Mas eu sabia muito bem o que eu via neles... Aquele “q”... E como já disse: que poucas conseguem notá-lo. E peço que continuem assim, pois o dia em que todas elas descobrirem o que eu tanto consigo ver nesses “patinhos feios” a concorrência vai aumentar.
Com certeza!
O espelho, meu.
Eu nunca tive alguém tão companheiro. Sabe que eu já havia desistido de pedir, pedir e pedir... Por fim e enfim: eu, na realidade, eu não esperava mais nada! E também não suplicava absolutamente coisa alguma. E tudo acontece não da “nossa vontade”. E sim da "vontade superior”. Que pode ser divina, celestina, imaginária... Não importa. Quase nunca advém dos nossos próprios anseios. Eu rio; eu falo bobagens; eu pulo. Ele olha; ele acha graça; ele pula junto. Existe algo melhor?! Não... Não existe. Afirmo que jamais havia encontrado um “espelho meu”. Por essas e tantas outras coisas que ficam difíceis de dizer... Que eu apenas repito: Eu nunca tive alguém tão companheiro.
E assim peço, sem desistir, que continue.
A mentira e suas pernas.
Todos mentimos. Eu, tu, ele, nós, vós, eles. E isso, diga-se de passagem, constantemente. Posso estar mentindo nesse momento aqui... Jamais alguém saberá a verdade mesmo; uns mentem "na cara dura" e outros são mais convincentes. Mas uma mentira, às vezes, cai bem; digamos que se torna a salvação daquele momento. Olhando ao meu redor, deparei-me com vários tipos de mentiras, e comecei a perceber o porquê as pessoas fazem isso e cheguei a seguinte conclusão: é uma espécie de defesa própria, pois, pode reparar: Sempre que mentimos, estamos nos protegendo de algo que pode tornar de nossas vidas, amizades, amores e profissões um verdadeiro inferno.
Um exemplo mais próximo que tive nos últimos tempos foi o dele que está com um pé no altar e continua a me “aporrinhar” as idéias. Afirmo: Ele mente. Pra mim? Claro que não; para ela: a noiva, pobre coitada que mal sabe dos megamalabares que ele, o pilantra, faz com o intuito de driblá-la. E eu não “tô nem aí” como diria àquela música que tocava mais de cinco mil vezes no rádio; não preciso dele, não o amo e não quero ser pivô de algo que eu não tenho o mínimo interesse. Contudo, se ele fosse o homem de minha vida... Esse discurso seria completamente diferente, pode ter certeza! Outra mentira que me chamou atenção foi uma própria que contei a uma pessoa; sem mais delongas ela se tornou uma mentira necessária e se estendeu por anos a fio - mas essa morre comigo - nunca, nem sob tortura de arrancar minhas unhas eu admito... Muito menos para ele que mereceu a mentira. Sim, tem dessas ainda: merecer a mentira! Como? Pela pessoa que ele era. Merecia várias mentiras...
É preciso treinar a mentira, para não se contradizer. Não prolongar a história, para não esquecer. Outro dia mentiram para mim e eu, não sei como, percebi a trapaça. Mas preferi acreditar no que ouvia e fazer com que aquele momento ficasse “um minuto mais longo”. Tem dias que somos surdos, cegos e mudos por conveniência e não por opção. Mas tá valendo, pois, costumo fazer as escolhas não por “rótulos” e sim por intuição e olha – ela nunca me falhou – Se for mentir, escolha um enredo prático e curto; talvez você optando por esse caminho, fique bem mais fácil de mentir outra vez, quando necessitar. E quando não necessitar também, afinal: saber mentir acaba se tornando uma arte. (arte essa que "poucos" sabem fazer com maestria de dar inveja).
Sempre retornando...
Eu não gosto dele. Não possuo nenhum tipo de sentimento de afeto por sua pessoa, a não ser o normal de "dois bons amigos". Mas não consigo explicar quando o assunto se trata de química. Nisso somos perfeitos, perversos e perspicazes. O encontrei por força de minha vontade mesmo, algo que eu queria (muito!) e "pra variar", continuava com o olhar grandioso; com as mãos ligeiras e a lábia de um "Forest Gump - O Contador de Histórias"; é... É o que sempre digo: "Ele sabe o que faz" (ah como sabe!)
Eu tenho um péssimo hábito de alimentar seu ego; mas confesso que nunca encontrei alguém que eu conseguisse dissociar o amor do prazer, o "falar" sério das bobagens e até mesmo o “tecer conversas” horas a fio sobre Deus, terra, céus e morte... Sim! Conseguimos unir tudo isso em uma noite à fora regada a alguma bebida, mesmo que seja água e alguns tragos de cigarros. Somos dois prolixos. Pode parecer loucura, mas ele ainda consegue ser carinhoso como se fosse meu namorado de anos e totalmente sem controle quando necessário (não preciso nem explicar o resto!) e isso tudo, repito, sem ter o menor desejo de ambos nos quesitos amor, namoro, quiçá casamento...
É como já disse uma vez: "Porque os dias ficam vazios, as ruas sem graça. Os planos sem ação, as falas sem as suas “ameaças”. A minha casa sem seu cheiro..." ah esse cheiro... Pois bem, ele não mudou em nada, continuou por mais uma vez pela casa inteira, no quarto, nos lençóis e em meu travesseiro, só era diferente dessa vez. Um aroma mais suave... Mas a “essência”, aquela que eu mulher, sempre procuro nele, como homem: ah essa não muda nunca.
Graças a Deus!