Coleção pessoal de rafaelaangelacortina

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É claro que não é fácil dizer o que sentimos, e o quanto sentimos, quando esta é a última oportunidade. Assim como também não é fácil aceitar que o que sentimos já não é o suficiente.
Você espera por dias melhores, você confia no amor, e acredita seriamente que tudo vai dar certo. Mas você tem medo.

Então os dias passam, e o fim do ano se aproxima. Data perigosa. Você pensa que com a "revolução interior" que a virada de um ano cause, tudo vai mudar. Você pensa, e pensa muito, mas não decide viver a certeza de que os melhores sentimentos são imutáveis. Você quer, e quer mais do que tudo, ficar com aquela pessoa para sempre. Mas já te disseram que tudo termina, e é claro você prefere não pensar assim.

Você resolve se doar completamente, afinal, o que importa não ´é o momento? Talvez não. É impossível não pensar que amanhã você vai ter que suportar a dor de uma perda. Você se fecha mais uma vez, e mais uma vez as coisas ficam assim, estranhas.

Você não gosta do mais ou menos, ou do frio. Mas ele já não entende mais nada. Ele não entende que você tem atitudes equivocadas por amar tanto, que você não vê razão na vida se ele não estiver contigo. E ele ainda te culpa por tomar alguns remédios para disfarçar a dor. Você não precisa disfarçar nada para parecer que você é forte e resistente.

Será que ele não percebe o quanto você sente? Será que para ele é mais fácil encarar um fim por não ter mais coragem para enfrentar um problema? E quando são muitos problemas, o que é o melhor?

Porque você, - definitivamente, suportaria qualquer mal por ele., Você sabe o que é mais importante. Mas ele já não dá mais tanto valor. Ele desvia o olhar e se contradiz com suas frases feitas.

Tudo bem. Eu acho que você supera. Eu realmente acho que um dia ele vá perceber o que realmente lhe faz feliz. Mas eu espero mais ainda que seja tarde demais pra ele. Não vale a pena. Talvez realmente ele esteja certo quando fala que você não deveria gostar tanto assim. Quando num dia ele te promete o paraíso, e no outro te manda embora.

Eu nunca pensei em que categoria definiria o amor. Então talvez seja verdade que não existe nenhuma explicação para o fato de você considerar seriamente uma outra vida mais importante do que a sua. Como se todos aqueles livros de romance que você lia antigamente fossem apenas histórias menosprezadas pela intensidade do teu sentimento. E realmente eram.

Eu dormi tentando fazer com que o tempo passasse mais rápido. Meu coração estava batendo tão forte que eu cheguei a pensar que ele iria parar a qualquer momento. Morrer de tristeza não seria difícil nesse caso. Eu podia ouvir cada batida, acelerada, como quem suplica para essa dor insuportável ir embora, mas ela não iria. Eu rezei para conseguir suportar isso, porque eu realmente não sabia como iria enfrentar os dias daqui para frente. Sempre tive propensões a sofrer demais, sentir demais. Dores que ninguém nunca sentiu é o sentimento mais comum, eu estou vendo o fim do mundo agora e espero que em algum dia desses, que se diga " normal", as coisas possam ficar bem.

Ele disse que não faria diferença entre eu ir ou ficar. Que também não me pediria para pensar em nós dois, ou tentaria me convencer de que tudo poderia melhorar. Eu não pensei que ele usaria algum truque infalível para me impedir. Já fazia algum tempo que as coisas tinham mudado, e ele estava blindado para a dor, e qualquer outro tipo de sentimento.
Eu tentei pensar sobre tudo, tentei encontrar alguma forma para que eu pudesse estar errada, e então não precisar ir embora. Mas tudo que eu encontrei foram dias vazios - e sozinhos. Eu poderia falar que ainda sou forte e posso suportar mais um pouco; mas a verdade é que estou horrivelmente frágil e cansada de esperar o telefone tocar. Eu caminho por uma rua vazia esperando encontrar àquela em que nós dois caminhávamos juntos. Esperando encontrar os sonhos que perdemos em algum lugar. Eu sinto que não vou sobreviver. E como eu poderia continuar vivendo quando o meu coração foi partido em milhares de pedaços? Eu acho que estou errada por esperar que uma pessoa não se torne quem ela prefere ser. Vou tentar manter meu coração batendo.

Talvez eu devesse escrever um livro sobre maneiras de não quebrar o seu coração em mil pedaços. Porém, todos nós sempre achamos que seremos a exceção. Esse é o primeiro erro. Eu acho que ando realmente desacreditada em coisas que duram para sempre, e isso é algo desesperador. Onde está a esperança de que pode ser diferente? Será que a esperança é uma exceção despretensiosa que se esconde em algum lugar dentro de nós? Eu não sei. Mas falar que o tempo dirá e que resolverá esses problemas é a forma mais medíocre de não enfrentar o que está acontecendo. É talvez não conseguir conviver com a sensação de um dia olhar para trás e saber que foi VOCÊ que resolveu por nós. Mas talvez eu sobreviva, se eu me esforçar o suficiente o meu coração vai se recompor a ponto de voltar a sentir alguma coisa. Menos amor.

Os ultimos dias que passei não chegavam nem perto de como eu havia planejado. Talvez eu devesse simplesmente viver, em vez de imaginar como tudo deveria ser. Eu não sei. O caso é que essa minha forma despretenciosa de lidar com os imprevistos, deixou tudo muito mais interessante, e vivo. Tudo estava infinitamente melhor, e o que eu mais queria é que durasse para sempre, realmente.
O sol tinha voltado a brilhar na minha vida, e agora eu não precisava mais ter medo de dormir e ter pesadelos. Ele estava do meu lado.
No fundo, se você parar para pensar sobre a continuidade da vida e das pessoas, você vai perceber que não existe um destino intermediando por nós. Somos só nós por nós mesmos. São as nossas escolhas que moldam o nosso futuro, e são os caminhos que nós escolhemos que irão dizer aonde nós chegaremos. Mais do que isso: é o que nós estamos dispostos a investir para chegarmos a algum lugar.

Estou indo de novo. Não sei se é o caminho certo, mas concerteza é um novo caminho. Eu vou seguir por mim mesma, eu vou precisar me convencer mais uma vez que eu sou sim capaz. Parar de culpar terceiros por erros de cálculos. Tentar ver o mundo por uma nova perspectiva. Uma perspectiva mais otimista, que não se desespera por fatos inesperados e imodificáveis. Entender que toda a mudança acontece quando eu mudo primeiro, quando eu reajo diferente, quando eu tenho forças para lutar pelo que quero.

A coisa mais fácil é desesperar-se diante de um fato não esperado. Pessoas não sabem lidar com mudanças, e mesmo se soubessem, não gostam delas. Coisas estáveis e imutáveis tornam a convivência mais simples e certamente mais normal. Porém, o mundo gira, e se nós não girarmos com ele, ficaremos sentados vendo a vida passar. Se o fato é aquele e não existe nenhuma possibilidade de mudanças, a nossa atitude frente a ele ainda pode tornar as coisas melhores. A forma como reagimos é diretamente proporcional ao sofrimento que nos causamos.
Mas quando você tem um objetivo, quando você seria capaz de lutar contra o mais provável por ele, nenhuma mudança é tão grande para abalar o principal.

Temos passado dias difíceis ultimamente. E na realidade, bem mais do que isso. Poderíamos citar todas as causas que nos levaram a estar vivendo no "morno", mas que sinceramente não vêm mais ao caso agora. Porque não temos mais tempo para discutir esse relacionamento, muito menos para entender quais serão as consequências disso tudo. Foi a soma da rotina, com a adição das incompreenções, diminuindo todas as vezes que poderíamos ter resolvido as coisas. Mas o orgulho não permitiu nenhuma conversa, e as conversas foram tão insensatas que esvaziaram nossos corações. Encheram de precaução nossos dias, e somaram-se os desentendimentos. Com dias de mudanças radicais que nos sensibilizaram para esquecer de tudo o que era importante. Um erro, duas vidas. E agora tudo vai acabar, e se você olhar atentamente para o que está acontecendo, verá que nós dois optamos por isso. Não sei se existe um túnel para nós caminharmos até a lúz. Mas ainda existe uma possibilidade de esse livro não se fechar sem que tenhamos chegado ao final dele? Eu espero que sim. Eu espero, diante de todos os sorrisos que foram somados ao amor. Ao amor que sempre confiou, acreditou, e que hoje encontra sérios problemas no percurso.

Eu poderia pensar nessa história de várias maneiras, e na forma mais assustadoramente temível, seria acreditar que eu devo esperar um destino intermediar por mim e pela minha felicidade; seria como jogar todas as minhas expectativas para o alto, e esperar ansiosamente que todas elas caíssem no terreno certo. Não que eu não tivesse uma parte de mim que acreditasse absurdamente que não importa o que façamos para alcançar alguma coisa, se não estiver escrito no nosso possível "livro", não vai rolar. Mas por outro lado, e bem mais benéfico e mais trabalhoso também, é perfeitamente possível e plausível que tudo depende - exclusivamente de nós. Da nossa força de vontade, de nossa intuição, de nossa capacidade para acreditar. E é aí que mora o problema. Mas afinal, e quer saber? que se dane as normas que nos ditam boas maneiras e regras de conduta padronizadas. Quem somos nós? E o que nós queremos? Se existe um destino para ajudar ou para impedir, existe mais ainda alguém que mora do outro lado daquela rua, e que sabe exatamente aonde quer chegar. E se isso não for o suficiente, mudaremos mais uma vez. E mudaremos quantas vezes for necessário para encontrarmos o significado daquilo que procuramos. Porque tudo é assim. E tudo não vai ser assim para sempre.