Coleção pessoal de prilaal
LEMBRA
Lembra de mim
Quando o vento soprar
E a árvore florescer
E sentir o cheiro da chuva
Mesmo antes do céu escurecer.
Lembra de mim
Quando a música tocar
E quando o sol nascer
E o horizonte estiver colorido
Fazendo tudo mais emudecer.
Lembra de mim
Quando o frio ceder
Deixando o calor voltar
E for possível correr pro mar
Marcando pegadas na areia
Numa mistura de som, cheiro
e pés molhados.
Lembra de mim
Quando ouvir algo
Que eu não podia dizer
Quando a vida estiver difícil
E der vontade de partir
E a vontade de chorar for vencida
Por encontrar um motivo pra sorrir
Lembra de mim
Quando o incômodo valer a pena
E as pedras e conchas não forem perfeitas
E o livro usado retomar seu lugar
Lembra, quando suspirar ao lembrar.
Publicado em " Grandes Nomes da Poesia Brasileira" - Ed 2018
Ler um bom livro é como comer sua comida favorita, como sentir o cheiro da terra molhada pela chuva, como reencontrar um amigo querido, como voltar pra casa...
Deixe que se vá
Algumas vezes
Precisamos deixar ir
Mesmo doendo
É melhor assim.
Deixe que o vento traga coisas boas
Coisas novas
Que nos façam sorrir
E nos permitam sentir
novamente.
É hora de recomeçar
Remover a poeira
Abrir as cortinas
E suspirar bem fundo
Como se tudo no mundo
Se iluminasse num segundo
Quando se percebe
Que todos os caminhos são possíveis
Basta só ter coragem de tentar
Já é hora de se reencontrar.
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 170
Espera Sem Fim
Estou tão cansada de esperar
Esperar para sorrir
Esperar para falar
Esperar para sentir
Esperar, sempre esperar
Por algo que nunca chega
Que nunca basta
Que não acontecerá
Uma Espera eterna
Que se contenta com o possível
Nem sei se acredito mais
Ou se só acostumei a perder
Nem sei se quero
Dói querer e não poder ter
Mas continuo aqui
Continuo esperando
Mesmo sendo pouco
É o que há pra hoje
É o que há pra mim
Viver aqui sofrendo
Nessa espera sem fim.
E se...
E se o dia nunca mais escurecer,
E todo instante fosse como acordar,
Com cheiro de café,
E barulho de mar...
E se ver o sol brilhar,
E sentir o perfume de flores,
E pela janela a brisa entrar
For o suficiente para apagar as dores...
E se tudo voltar a fazer sentido
Ao ouvir aquela música tocar,
E sentir o toque da areia sob os pés
Trouxer de volta tudo que se tinha esquecido...
E se o choro der lugar ao riso
Ao ver o céu com várias cores
E nada mais incomodar,
E até o fim dos dias só isso importar...
Compreenda
O tempo não volta
Não da pra mudar
Temos que seguir em frente
SÓ pra começar
Vou ficar até o vento mudar
Quero Seguir um caminho novo
O antigo não me cabe mais
não cabe meus sonhos e planos
Sempre compreendo e que diferença faz?
Hora de seguir em frente
Deixar o que ficou pra trás
Quando doer, sorrio
Quando cair, levanto
Quando quebrar, conserto
Se o caminho acabar
Abro uma trilha
Parar e voltar cansa de mais
Chega de olhar pra trás!
Publicado em Antologia de Poetas Brasileiros - vol 161
DESPEDIDA
Era despedida
Queria ter feito mais
Abraçado mais
Mais forte...
De um jeito que fosse junto
Uma parte de mim.
Queria ter beijado mais
Mais vezes...
Absorvendo cada segundo
Como se não tivesse fim.
Queria poder lembrar mais
Assim, tentei gravar tudo
Marcando na memória
Cada cor,
Cada cheiro,
Cada som,
Cada pedaço daquela hora
Que me fizesse voltar no tempo
Só meio da história
Sempre que a saudade apertar
Me transportando de volta
Aquele momento
Sem começo nem fim,
Só àquele momento
No meio do tempo
Pra história nunca acabar.
Publicado em Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol 158
Coisas do Amor
Por amor fazemos loucuras
Abrimos mão de nós mesmos
E fazemos coisas inimagináveis.
Tiramos forças de onde não havia
E nos sujeitamos a situações
Que nunca pensamos um dia aceitar.
Cedemos mesmo quando nos fere
E cansados, permanecemos
Querendo ir, ficamos
Saindo, voltamos
E em silêncio, gritamos.
Mas o amor tem o poder
De nós fazer acreditar
Que nada pode nos derrubar.
E no momento certo
Ele nos faz invencíveis,
Lutando por coisas invisíveis
Que sem as quais
Não dá pra respirar.
Por amor fazemos loucuras
E a maior de todas
Seria não tentar.
CONFESSO
Não quis sonhar
Por medo de acordar
E descobrir que não era real.
Também não quis imaginar
E correr o risco de me decepcionar
Por não ser igual.
Queria só o que fosse real.
Então, preferi tentar
Sabendo que poderia sofrer,
De coração aberto
Mesmo que pudesse doer.
Preferi viver...
Cansada de esperar
Algo que nunca viria,
Resolvi fazer acontecer.
Preferi chorar e sorrir...
Molhar os pés, sujar as mãos,
Colecionar pedras, trocar de canção,
Sentir o vento, deixar acelerar o coração.
E confesso...
Tentei, cantei, chorei, sorri
Não foi tudo sempre perfeito
Mas enfim, confesso que vivi.
Publicado no 4 Anuário da Poesia Brasileira - Câmara Brasileira de Jovens Escritores
ABRAÇO
Um abraço cura feridas,
Faz sorrir quem já tinha esquecido,
Acalma um coração aflito.
Abraço faz perdoar,
Faz querer voltar,
Porque se percebe
Que a vida não tem graça sem amar.
Mas abraço não pode ser de despedida,
Não dá, impossível!
Ele é recomeço,
Faz esquecer da vida
E isso não tem preço.
Abraço é linguagem da alma,
Tem que ser dado com calma.
Sentindo tudo...
E não sentindo mais nada.
Publicado em Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol 157
Até o vento mudar
Vibrou em mim a ventania
Gravando seu cheiro por todo lugar
Era doce, mas turbulento
Aquele momento que parecia não acabar.
Então virou só vento
Meio lento que devagar
Levou embora o tormento
E me deixou só a pensar
E ali só, esperei, até sentir uma brisa
Suave, que parecia murmurar
Tudo isso vai passar
Só espero entender
Nunca esquecer
Nem mesmo quando o vento tornar a mudar
Publicado em Antologia de Poetas Brasileiros - vol 159