Coleção pessoal de PPAL
Escolha
'Crescer dói' não me lembro a primeira vez que ouvi isso, mas sei que me causou um desconforto.
Se dói, por que crescemos?
Penso que essa dor é proveniente das escolhas que temos que fazer e, quem escolhe, renuncia algo. Logo, essa dor vem da renúncia , certo?
Não sei pois, decidir também dói... e a incerteza da escolha também nos causa um dolorido medo do amanhã.
Sendo assim, não temos fuga, assim que recebemos nossa 'carta de habilitação' da nossa própria vida, ou seja, ninguém mais decide por nós, temos que decidir e guiar o nosso rumo.
Estou cada dia mais convencida que, até o que sentir escolhemos ou alimentamos aquilo que nos invadiu.
Se tudo é uma questão de escolha é possível 'escolher não escolher' e deixar o vento nos levar, o problema é que, o vento pode cessar e pararmos onde nao queríamos estar.
Mas, podemos ficar e aguardar o próximo vento .
Talvez, a graça da vida esteja na idéia do vento. Ele vem, mas nunca sabemos o que ele traz, e aquilo que ele trouxer eu decido o que fazer, 'ou nao', como diria aquele cantor.
Entre decidir o decidido e escolher o escolhido, vou ficar com o cantor.
Suspiros
A graciosidade das coisas pequeninas me faz perceber os suspiros de felicidade.
Passamos a maior parte do tempo correndo pra alcançar a felicidade.
Será que essa ‘menina’ tem pernas?
De certo que não tem, mas acreditamos que ela está sempre longe de nós quando, na verdade, ela pode estar dentro de nós.
Mas, como perceber isso se, muitas vezes somos ‘bolos encruados’?
A primeira pergunta que faço quando percebo que estou correndo atrás da ‘pernuda’ é:
‘O que é felicidade? Que estado é esse, ser feliz?’
Aí, me lembro de uma banda de rock, ‘a felicidade é um estadão imaginário’. Ei... espera aí!!! Então não posso pegar?
Não! Não podemos estocar felicidade, inversamente proporcional à tristeza.
Imagina que delícia procurar um amigo e dizer:
‘Amigo, preciso de ajuda. Tenho uma felicidade antiga que, quando lembro, fico feliz demais’
Ahhhh... isso deve acontecer no ‘Mundo de Bob’.
Não aqui, minha amiga. Aqui é muito real, e felicidade não dá para estocar.
Mas, podemos mudar a forma de lidar com ela.
Partindo da ideia que ela não corre, não podemos estocar e, possivelmente, ela esteja dentro de nós, o que devemos fazer?
Olha, creio que não seja tão simples, mas, talvez, tenhamos suspiros de felicidade durante o dia todo e não percebemos porque estamos atrás de algo faraônico e isso, minha amiga, nem sei o que é e muito menos se existe.
Dentro da relatividade da felicidade, eu me proponho perceber como uma semente de potencial, de vir a ser, ou melhor, perceber!
Suspirei!
Feliz, simples assim!
Eu estou feliz por que notei que as formigas continuam trabalhando no meu jardim.
Eu estou feliz por que notei que o beija-flor continua a me visitar, mesmo eu não trocando a água.
Eu estou feliz por que minha árvore da felicidade poupa água porque sabe que esqueço de regá-la.
Estou feliz por que, antes de dormir, sempre ouço o mesmo cachorro latir.
Eu estou feliz por que, todo dia ao sair para o trabalho, encontro minha vizinha com seu cachorro me dando bom dia.
Eu estou feliz por que o porteiro do meu trabalho faz questão de me chamar pelo nome e, gentilmente, abre o portão pra mim.
Eu estou feliz por que a moça que faz café, não é apenas a moça que faz café, é minha amiga!
Eu estou feliz por que, toda a tarde quando volto do trabalho, a senhora do primeiro andar me acena da janela.
Eu estou feliz por que, todo dia, a moça da loja de conveniência me pergunta sobre meu dia e o nome do meu esmalte.
Eu estou feliz por que notei que meu pai gosta de cozinhar pra mim.
Eu estou feliz por que meu amor não desiste de mim.
Eu estou feliz por que vejo que meu irmão e minha cunhada trabalham pra continuarem felizes.
Eu estou feliz por que acho graça dos meus amigos no bate papo do celular, eles continuam tentando diminuir a distância.
Eu estou feliz por que percebi as coisas simples que me acontecem todos os dias e, de certa, forma me lembram que, pra estar feliz, é uma questão de ponto de vista.
Calma na minha alma
Lavada seja a minha essência, para que não seja visto apenas minha presença.
Sou aquilo que posso ser, pouco me esforço para ter.
Acredito no amor, mesmo que seja com um pouco dor.
Caminho para saber, nunca para reter.
Meus sentimentos são intensos, um tanto quanto desmedidos.
Leio o que não se vê, antes que surpresas possam aparecer.
Sou meio lá, meio cá, terá de mim o que emanar.
Não me prenda, mas não me solte.
Seguro na segurança que ei um dia acreditar.
Sonho acordada, para identificar os sonhos que valem a pena realizar.
Pouco sei, muito sinto.
Sinto muito, mas você não pode me definir pelo que escrevo, tão pouco pelo que pareço ser.
Sou uma obra inacabada de Deus pois, o leme está em minhas mãos, nas suas, nas nossas!
Sem saída
Pensei para não pensar, penei.
Parei para tomar fôlego, cansei.
Calei para preservar, errei.
Ouvi para enfeitar, pequei.
Acreditei para ver, enganei.
Orei para fortalecer, rendi.
Chorei para aliviar, molhei.
Perdi para achar, acreditei.
Pedi para entender, recebi.
A luz da dúvida que me faz caminhar, sigo, pois não posso parar.
Levo comigo a incansável certeza de que, dúvida, só não tem quem já morreu.
Me alimento de sementes mal plantadas, para que experiências possam ser acrescentadas.
Boiei em águas fundas para não arriscar.
Mergulhei em águas rasas para lambuzar.
Até onde isso vai me levar?
Caos
Somos uma somatória de experiências que vão se acomodando dentro de nós.
Acho até que temos um grande "armário" interno onde arquivamos as lembranças, algumas involuntariamente e outras porque realmente queremos guardar, para degustarmos numa tarde de outono (que, para mim, são as tardes mais bonitas, apesar de melancólicas).
Esse "guarda-volumes" que temos dentro de nós pode até ser ilustrado como um grande armário cheio de potinhos armazenados e etiquetados por seu grau de importância, periculosidade e saudosismo (não que o saudosismo não seja, muitas vezes, perigoso).
Mas são potes que ficam, muitas vezes, empoeirados e, com o passar do tempo, não temos mais consciência da sua existência, ou nunca tivemos.
Mas basta um pote vizinho se derramar para gerar uma bela reação em cadeia e todas aquelas lembranças de outrora, até então empoeiradas, virem à tona.
E o caos se fez!
Somos feitos de gatilhos, e nem sempre de gatilhos de prazer.
Mas, ao contrário do que muita gente pensa, o caos vem pra limpar!
Uma rachadura, uma cisão no velho formato de antes pode gerar o caos.
Porém, a distância entre o caos e o novo formato parece ser de anos, se não houver a permissão.
Sabe a velha história que diz: "Está se afogando? Para de se debater e vá ate o fundo da piscina, bata os dois pés no azulejo, que assim subirá mais rápido?"
Então, isso é ser permissivo com você mesmo! Isso é ir a fundo, isso é deixar os velhos hábitos e tentar entender os novos que se formam.
Não vale a pena lutar pelo que já não existe mais, ou um "mexer nos potinhos" que não mais ocupam o lugar de sempre.
O novo formato está aí, disponível para sua contemplação.
Somos feitos de recomeço, somos feitos de explosão.
Merecemos apreciar o novo como uma dádiva e não como um pesar.
Joguemos fora o que não for mais útil e fiquemos apenas com aquilo que vale a pena apreciar nas tardes de outono... Como são lindas!
Preciso do vento no rosto pra sentir a liberdade.
Mas, quando seguras a minha mão, eu libero de verdade.
A espera limpa!
A noite vou me deitar para com você me encontrar.
Entre sonhos e sensações meu coração se enche de emoções.
Espero na fé e na dor, que mais limpa eu possa ficar.
Suas águas claras enfeitam o seu lar e com a força do pensamento é lá que vou me encontrar.
Energia que gera a ação da criação, no meu coração se faz despertar.
Doce ao criar, agridoce ao defender, os seus jamais serão condenados, mas sim, educados.
Espada certeira, no peito guerreira, coroa do sacramentando de rainha encantada.
Canto de um choro alegre que com os pelos da pele se faz escutar.
Com seus feitiços me faz menina, para seus mistérios revelar.
Limpando a casa continuo a te esperar, pois meu peito sim é o seu segundo lar.
Se para ganhar a vida eu devo fazer escolhas logo, escolhendo, vou perder aquilo que não escolhi... ou deixo para ganhar mais tarde, correndo o risco de não ter mais tempo para ganhar?
Se a felicidade só existe em frações de segundos do dia e, todos os dias essas frações tem se apresentado, chego a acreditar que a felicidade é eterna.
Um carinho de uma pessoa não conhecida é como uma brisa no rosto, num pôr do Sol carregado de esperança no amanhã.
Na fila, se perde tempo para ganhar o leite.
Na fila, se perde a saúde para ganhar o emprego.
Na fila, se perde a paciência para ganhar a resiliência.
Entra-se na fila para ganhar e perder, o que faz com que fiquemos no zero a zero.
Não entremos em filas, elas são contraditórias.
Aquela velha máxima:
' quando não se sabe para onde ir, é melhor ficar onde está.'
Mentira!
Com tempo aprendi que, o grande barato da vida é o caminhar, e não, onde se quer chegar.
Quando você caminha, mesmo que não saiba para onde vai, você mexe a energia, chacoalha o coração e alimenta a mente.
Mesmo que se perca, o que eu acho relativo,se perdendo se acha até aquilo que não procurava. Vale a pena.
Nem sempre é penoso, pode ser prazeroso. Tudo vai depender de como você encara a vida.
A vida não é uma receita de bolo que, usando os ingredientes certos, dará o tipo de resultado esperado. Aliás, o esperado às vezes é esquecido e trocado pela surpresa do simples fato de caminhar, com a ideia de que, para se valer a pena viver, é preciso não ter medo de perder.