Coleção pessoal de Poetamentegih
Eu sou calmaria, as vezes furacão.
Sou chuva serena, as vezes tempestade.
Sou brisa leve, as vezes tornado.
Sou mar calmo, as vezes revolto.
Minhas oscilações são como os fenômenos da natureza que ocorrem na maior parte das vezes sem um aviso prévio. Deixam marcas, mas sempre trazem algo de bom consigo.
O tempo atropela tudo lá fora
mas dentro de mim
as coisas parecem permanecer
do mesmo jeito.
Sinto que estou me atrasando,
mas me infiltrei
em um eterno descanso.
Alguém me acorde,
por favor.
Rejeitando todos os mapas e GPS.
Quero seguir meu caminho livremente,
sem um roteiro em mãos.
Traçar meu próprio percurso.
Chuva lá fora
Tempestade dentro de mim.
Peito apertado, nó na garganta
Vozes
Enlouqueci.
Deixo doer, pra não sentir mais?
Enquanto chovo,
Ouço o céu chorar.
Saio de cena
Sinto aliviar.
Me perdi na estrada da vida.
Dispersa que sou,
não sei o caminho de volta.
Não me arriscaria a tentar um retorno
e me perder no tempo de novo.
Nada me resta
além de reescrever minha história
e deixar para trás
o que já não dá mais pra recuperar.
Fingi que estava tudo bem. Dei um leve sorriso e evitei o conflito. Porém, dentro de mim uma guerra começou.
Reciprocidade tem a ver com disposição. É sobre aceitar a diferença no modo como cada um exprime seu sentimento.
Sair por aí e me redescobrir em algum lugar digno de ser apreciado e alí, derramar a minha essência.
Viver é como caminhar. Quando estamos caminhando é necessário que um pé fique para trás para que consigamos levar o outro pé para frente, afim de sair do lugar. E na vida, é necessário que deixemos certas coisas para trás, para que possamos seguir em frente.
Insegurança é o medo surreal de nunca ser bom em alguma coisa. Afinal, existe uma linha tênue entre não dar certo e nem ao menos tentar.
Se torturando com o sentimento de nunca ser boa o suficiente, percebeu que seu pior inimigo é a insegurança.
Empuxo e gravidade
Há dias, em que eu apenas existo.
Dias em que escuto com impaciência cada som transmitido a minha volta, e espero angustiada a normalização do silêncio, que é quando a hora de dormir é anunciada e as luzes apagadas.
Dias em que questiono minha própria existência e mergulho profundamente em um oceano de emoções negativas.
O mais assustador neste oceano é de início não saber precisamente como sair dele.
O desespero de tentar me emergir, só faz com que eu me afunde ainda mais.
Existe uma força que, na água, atua contra a gravidade chamada empuxo. Me obrigo a lembrar desta força em momentos assim. Caso o peso seja maior que o empuxo, o corpo afunda; caso o empuxo seja maior, o corpo sobe para a superfície.
Mantenho meu corpo manso para que não se afunde no meio desse oceano imaginal. Com a mente leve e destemida, sou capaz de percorrer este oceano sem que ele me exaure. Flutuo até que ele me conduza a beira-mar e enfim, eu me encontre estabilizada.
Sinto um enorme alívio.
Estou bem. Sim, estou bem.
Ocasionalmente terei de atravessar um desses oceanos de novo. Mas, sei que se eu me lembrar dessas duas forças contrárias e nunca me permitir pesar mais que o empuxo das minhas emoções negativas, conseguirei atravessa-los e chegar no lado da praia onde faz sol e não é difícil respirar.
Ser recíproco
Sempre ouvi pessoas descreverem a falta de reciprocidade como "dar algo e não receber de volta na mesma intensidade."
Mas é exatamente aí que situa-se o erro.
A acepção de reciprocidade está bem longe de tal definição.
A gente não pode dar e esperar receber de volta da mesma maneira, somos diferentes.
Reciprocidade tem a ver com disposição.
É exatamente sobre aceitar essas diferenças no modo como cada um exprime seu sentimento.
Se a gente não aceita vem a insegurança.
E seja em qualquer tipo de relacionamento, namoro ou amizade, insegurança só embaraça.
E quanto mais você alimenta a concepção de que a outra pessoa deve corresponder ao seu sentimento na mesma intensidade, mais difícil vai ser reconhecer as coisas boas que ela faz por você.
Talvez a falta de reciprocidade esteja não na forma como a outra pessoa demonstra, mas sim na sua cobrança.
É um grande equívoco esperar que seres com realidades completamente diferentes comportem a mesma forma de amar.