Coleção pessoal de poetafuzzil

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BOLINHA DE SABÃO

Bolinha de sabão
No céu azul da cor do mar
Bolinha de sabão
Flutuando pelo ar.

Bolinha de sabão
No quintal de Dona Chica.
Bolinha de sabão
Pras crianças é alegria.

Bolinha de sabão
Caiu aqui na minha mão
Bolinha de sabão
Estoura ao tocar no chão.

Bolinha de sabão
Sem destino a flutuar
Bolinha de sabão
Sempre vem nós alegrar.
Bolinha de sabão
Pelos becos e vielas
Bolinha de sabão
É o vento que te leva.

Bolinha de sabão
No céu azul da cor do mar
Bolinha de sabão
Flutuando pelo ar.

⁠O ideal
é a gente se encontrar
parar pra conversar
tomar um chá

Temos muito pra falar
da vida, de lugares
na verdade o ideal
é matarmos a saudade

O ideal
é nos abraçar
deixar as ideais fluirem
sorrir, ser feliz.

O ideal
é a gente se envolver
deixar acontecer
viver.

⁠Não atiro palavras ao vento...
Disparo rajadas de palavras consciente.

⁠MINAS

Tenho que ir
Pra minas!

Preciso ir
Pra minas

Um dia vou
Pra minas

Só pra ver...
As minas.

⁠A vida é cheia de surpresas
sempre tem alguém querendo
te dar uma rasteira.

⁠ABUSO

Beto desceu a ladeira
Cantarolando Bezerra

"-Você com um revólver na mão
É um bicho feroz, feroz
Sem ele anda rebolando
Até muda de voz..."

Beto ficou indignado
Com a cena que presenciou
Viu um verme de arma em punho
Agredindo um trabalhador.

⁠SUBURBANA

Veio desfilando
Na calçada do meu peito
Com um sorriso imenso
Um corpo opulento.

Pele cor de ébano
Uma bata africana
Turbante na cabeça
Linda, suburbana.

⁠juventude viva

Foi na zona sul
Desse vez no São Luiz
As cenas se repetem
Tá pesada nossa cruz.

A violência é tamanha
O medo predomina
As pessoas estão cansadas
De ver tantas chacinas.

Nossos jovens estão morrendo
Por motivos tão banais
E o povo está pedindo
Simplesmente pela paz.

Segurança nós não temos
Só Deus para nos guiar...
Saímos cedo de casa
E não sabemos se vamos voltar.

O sangue está escorrendo
E muitos finge não ver
Cuidado meu amigo
O próximo pode ser você.

Já perdi vários irmãos
Vitimas dessa violência
Alguma coisa tem que ser feita
Alguém tome providências.

Não dar pra ser feliz
Vivendo a cultura do medo
São os jovens pretos e periféricos
Que nos becos estão morrendo.

Quero a juventude viva
E não a juventude morta
Quero que abram as portas
E não nos de as costas.

⁠BELA

Iza sempre foi bela
Uma doçura de mulher
Iza é uma guerreira
Empoderada, tem axé.

Iza sempre foi bela
Linda como uma flor
Iza exala beleza
É simplesmente um amor.

Iza é uma rainha
Es tão bela, fortaleza
Iza tem seu brilho
Izabela é uma estrela.

Tem os olhos cor de mal
Coração cheio de amor
Desfila em meu peito
Tua magia me encantou.

Iza é uma doçura
Uma luz no fim do túnel
Afeto e aconchego
Iza pra mim é tudo.

Iza sempre foi bela
Humildade nunca faltou
Empoderada, tem axé
Izabela é um amor.

⁠REVOLTA

Revolta, revolta, revolta
Trás de volta meu sorriso
Revolta, revolta, revolta
Você é meu paraíso.

Revolta, revolta, revolta
Eu imploro minha vida
Revolta, revolta, revolta
Vem curar essa ferida.

Revolta, revolta, revolta
Sem você não sou ninguém
Revolta, revolta, revolta
Pois você me faz tão bem.

Revolta, revolta, revolta
Volta e não me abandone
Revolta, revolta, revolta
- Rê, volta porque Te Amo.

⁠Sou mais tiroteios poéticos
Do que tiroteio entre polícia e bandido
Que venham os versos certeiros...
Deus me livre das balas perdidas.

⁠Não se assuste com o vulgo
O Fuzzil aqui não mata
Quero paz, quero sossego
Mil poemas para a amada.

⁠Abrigo
são dias melhores
abraços apertados
e verdadeiros.

⁠Ela diz que meus versos
Têm um pouco de mim
Das coisas que vivo
Das coisas que vivi

Falando em viver
A poesia vive em mim
Sou poeta do gueto
Vivendo eu descobri

Meus versos são livres
Livres como pássaro
E passam despercebidos
Na mão dos que não leem

E toda poesia
Que nasce em minha mente
Tem sim um pouco de mim
Se é que me entende.

⁠Breve Biografia de Fuzzil

Fuzzil é o pseudônimo de Levi de Souza, nascido em 27 de agosto de 1976, na cidade de São Paulo/SP. Filho de Edite Carvalho de Souza e Elio de Souza. Pai de uma linda menina de nome Shaira.
Morador do bairro Capão Redondo, zona sul. Aos 17 anos foi alfabetizado pela irmã mais velha.
Trabalhou como manobrista, serralheiro, segurança, vendedor de água e refrigerante em frente aos estádios, ajudante de pedreiro, auxiliar de juventude pela prefeitura municipal de São Paulo e assistente administrativo.
Tornou-se rapper e educador em projetos sociais.
Passou a frequentar Sarau por volta de 2005 e em 2007 publica seu primeiro livro de poesias, Um Presente Para O Gueto, editado pela Edições Toró. Ingressou no curso de letras da UNIBAN. Em 2010, lançou seu segundo livro, Caturra, pelo selo Elo da Corrente Edições e, em 2013, publicou o terceiro: Céu de Agosto pela A.P.L (Academia Periférica de Letras).
Começou a escrever seus primeiros versos em 2000 e publicava em fanzine, realizou oficinas de poesia com crianças e adolescentes em várias ONGs, trabalhou com Adolescentes em Cumprimento de Medida Sócio Educacional, em meio aberto (Liberdade Assistida e Prestação a Comunidade) no Parque Fernanda.
Desenvolveu alguns trabalhos na Fundação Cafu e Fundação Casa (Raposo Tavares).
É Idealizador do Projeto MAGOMA, dirigiu o documentário Valo Velho Direto.
Também é fundador da marca de roupas "Deeanto Moda", que trabalha com a temática afro e criador da A.P.L (Academia Periférica de Letras).

⁠SUBI O MORRO

Subi o morro numa quarta
o bicho estava pegando
cheguei no sapatinho
cumprimentando as minas e os manos.

Tinha um samba rolando
uns poetas recitando
vi mulheres e crianças
capoeira ali jogando.

Já era de noitinha
um céu de brigadeiro
fiquei emocionado
na roda de partideiro.

Era um Samba Original
sarau na zumaluma
pessoas talentosas
valorizando a cultura.

Música de qualidade
várias letras contundentes
confesso pra vocês
que fiquei muito contente.

O morro estava em festa
coração batendo a mil
minha pernas tremeram
quando chamaram Fuzzil.

⁠TRIANON

Longe das ruas de terras
Do Capão conhecido
Dos becos e vielas
Lugar onde vivo.

Longe do Parque Fernanda
Longe do gueto querido
Longe do Parque Santo Dias
Eis me aqui... Na Paulista.

Longe da amada. Ó
No Parque Trianon.

Cercado de árvores
Brisa na face
Enquanto escrevo meus versos
Os pedestres passam.

⁠Andanças

Nas minhas andanças
Foi que conheci a dança
Dançando peguei confiança
E me tornei liderança.

Samba Rock é herança
Em minha vida fez mudança
E não perco a esperança
O futuro, são as crianças.

⁠Foi amor à primeira vista
Não nego isso pra ninguém
Encantei-me com o samba rock
Samba Rock me faz tão bem!

Ela colocou tapumes
Em volta da sua memória
Simplesmente para evitar
Pensar na nossa história.