Coleção pessoal de poesilas
“FilosoSilas”
Cem “Bijutelíricas” do Livre Pensador Humanista Silas Corrêa Leite
(Perguntamentos, Desesespelhos, Desabandonos e Alucilâminas)
Almanaque de Cem Doses de LactobaSilas e suas “siladas”
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"Adquirimos sabedoria? Eis um belo paradoxo,
já que a sabedoria é fruto das perdas
e não das aquisições." (Alma Welt)
01.Quem tem uma só breve e inócua razão para querer continuar existindo, é doido de parafuso solto e da pá virada e da pá varrida...
02.O destino da existência do chamado “humanus” no telúrico inferno humanizado é a nossa cruz adâmica ancestral e ainda corrompida
03.A natureza nos protege de nós, porque quando nos sentimos superiores por ela somos derrubados como árvores podres
04.Só os imbecis são felizes
05.Nossa infância é o nosso maior tesouro
06.O silêncio é a maior prece de uma ser “almando” uma outra superior alma na placa mãe sideral
07.Nosso fim revelará nossa honra ou nosso horror no verdor da existencialização
08.O homem que se proclama bom, não é realista, é um mero burro de carga amoral
09.Algumas pessoas com peçonhas conversam só para fugirem de ser o que pensam que são
10.Não podemos amar o outrem, se não toleramos nosso próprio reduto intimo, sendo perversos e egoístas na nossa mais secreta interioridade recalcada
11.Só quem ergueu sozinho, com luta, fibra, sangue, choro e ranger de dentes, seu futuro limpo, é que tem direito a arguir alguma coisa de um lado ou de outro
12.Amigos mesmo cabem na palma da mão, mas sobram dedos na hora de contá-los no frigir dos problemas e enfrentamentos
13.Pelos nossos inimigos nos conhecerão e nos reconhecerão em honra, glória e respeito
14.O tal do bendito sucesso é só uma mentira de ocasião
15.O homem é o estrume no esgoto da terra, o aterro depositado do espaço, onde estão depositados todos os vermes
16.Quem muito de si mesmo fala, um jumento presencial embala
17.Virtutes, acertos e erros, afinam prudências ressentidas
18.O tal dos reinos dos céus começa a ser assentado depois de uma nossa particular e infinito mea-culpa
19.O homem é antes de tudo, acima e sobre todas as coisas, apenas um mero eco à beira do abismo
20.A melhor arma contra um inimigo é um currículo espetacular, portentoso, excepcional, fora de série
21.Os nossos maiores êxitos são desaforos obscuros, oportunismos sórdidos de mal- feitos, aproveitamentos escusos de ocasião, como indecências que resignamos e contamos palha com um papo furado que fura o olho da verdadeira verdade em nome de uma falsa meritocracia de ocasião, do rastilho do ocaso, do cardume do acaso e de um nefasto percurso maquiavélico...
22.Ser você mesmo faz parte de seu verdadeiro caráter. As vezes dói a portabilidade de se ser, mas, mesmo doendo, não queira parecer ser o que não é, nem pensando que pensa, pois fingir mostra a escurez da falta de escrúpulos assentando tijolos de vaidades customizadas com chiquezas espúrias de pústulas
23.Na verdade, o melhor do sumo de nós mesmos, aprendemos sozinhos e em enfrentações com sequelas de dor em neuras, mas nos cabendo em nós, desfrutamos o fortalecimento depois de erros, acertos, apreendências
24.Nossas opiniões só fazem bem para a nossa pose
25.Feridos venceremos
26.Toda razão perfeita e acabada de quem veio do pó começa a esvair-se quando vamos ao banheiro soltar um barro
27.O futuro sempre começa a ser construído bem lá atrás, com nossas ações contínuas de perdas de lastros setoriais ou customizados de clã e meio. Só assim nos livramos de nós e de ranços, e ergueremos nossa própria sombra, muro e pódio
28.As pedras rolam em artes. Que pedra polida queremos ser, parados, em mesmices e achismos, criando limo e húmus vegetativo?
29.A melhor lição de vida é um exemplo limpo de vitória em campo minado
30.Toda reclamação deveria vir precedida de uma bela ideia de conserto, solução ou refinamento para uma purgação evolutiva
31.No amor sempre existe um pouco de enlevo circunstancial, de devaneio residual, e de submissão unilateral
32.O dia de aprender voar, não é o dia de se atirar no abismo com paraquedas de ego doentio superestimado
33.Quem vê muitos monstros habita o surto circuito do miolo mole de um deles feito espectro
34.Se falamos de verdades olhando no espelho, fugimos do medo-rabo de nós mesmos
35.O ser humano mais do que um acidente criacional, é um embuste e uma mentira da conspiradora natureza corporativa
36.O dia que não lemos alguma coisa, não existimos
37.A alma tem sabedoria toda peculiar e inerente, que até a lucidez desconhece
38.Algumas pessoas com peçonhas deveriam vir ao mundo com tarja preta na fronte
39.Extremismos são impotências sublimadas
40.A solidão do homem no espaço é o cadáver insepulto de si mesmo que ele leva no lombo de sua mediocridade
41.Amar é despertencer-se
42.A meritocracia é uma enganação assistida, um erro
43.Todos os grandes pensamentos e as grandes ideias, foram produzidas na intimidade privada de um banheiro, como contrapartida para um descarregamento de intimo transido.
44.Todos os cadáveres deveriam ser congelados, desde o surgimento e evolução do homem na tábua de carne da terra, porque no futural vai faltar alimento e nutrientes básicos
45.Só tragédias curam paixões impossíveis
46.Quem acha alguns idiotas, deve estar procurando sustentação e companhia para sua tacanha mediocridade
47.Algumas pessoas sabem ser confidentes, e sacam o que deve ser isso, não tentam ser extintores de incêndios
48.Pessoa que repete que lê, como papagaios de piratas, é entidade vazia de si mesma
49.Estar só é um colírio, se você sozinho consegue ser um vencedor limpo em teoria e prática, você merece companhia qualificada para se reproduzir, não fazer parte do sistema
50.O humano que é um sofredor bem resolvido, tem em sua sapiência espiritual de recolhes ascendentes um ótimo butim
51.Gosto de brigões. Não gosto de cagões. Nessa vida é mesmo assim: ou você é um Nerd, ou você é um merd.
52.Quem não gosta de animais, não se enxerga.
53.Querer tentar ser sábio, significa porões, tormentas, sequelas descompensadas, não vitória boba com mãos sujas
54.O cérebro faz parte do kit básico da evolução necessária. Todos deveriam usar um
55.Quem não ergue, não constrói seu dia, cava seu poço de mediocridade. Deveria tentar arte como libertação. Quem não trabalha, não estuda e não lê, é parte da escoria tangida pela mediocridade.
56.Pessoas confusas, inseguras e fracas, fazem mal pra cadeia residual da civilização. Deveria haver um mosteiro para ateus, cegos e frustrados?
57.O homem que nunca deixou de ser criança, é que nesse conhecimento adquirido potencializa o DNA quântico do evoluído humanus em si
58.Ninguém é louco sozinho. Deus é o maior louco e solitário do universo multipangalaxial, e ergueu todo esse Big Bang que virou orquestral Big Band espacial, já que do jazz nasce a luz
59.Opinião é como fralda geriátrica: cada um preenche seu vazio dogmático com o que acha que fez de si e na verdade não fez
60.Para os animais, o homem é um deus. Para Deus, o homem para chegar a ser animal ainda tem que sair do lugar que está, pois está no átomo sem cachorro
61.Casar é humor a dois. Ou é tédio, rotina, apropriação, iniquidade, dezelo intimo e parcimônia com a infelicidade conjugal reciproca
62.Todo homem é um ignorante na sua essência
63.O melhor pensador é aquele que reflete com realismo sobra a sua sentição e o seu próprio lado sentidor enquanto neura, fuga, tentativa de achismo
64.Poeta que não lê o defeito de si, não sabe o que de per-si é, não sabe o que é uma coisa ou outra.
65.A vida é rotina cruel, tédio. Viver é plágio. Morrer é pós pago?
66. O homem é um câncer historial.
67.Nossos maiores bens são nossas estadias de severos estudos
68.Quem não sabe se doar, não faz parte de um todo sagracial ético-plural comunitário
69.A ilusão consentida e alumbrada alimenta e amola a faca cega da esperança
70.A arte tende a ser a libertação do ser de si
71.Somos todos meras cópias. Alguns, nem isso
72.Quem não ama seus pais, e quer julgá-los sem estar a altura, nunca será nada na vida e na morte também
73.Nas profundezas da alma acesa em lume neutro, estão todos os tipos de tições de monstros que afinal nos restamos
74.Viver intensamente é tribunal, alga, palco, iluminura e refinamento com o qual cerzimos a pele arisca do dia
75.Algumas almas bobamente boas, habitam corpos parasitas
76.Odiar deveria ser proibido. O ódio enfeza o odiador, e só faz bem pras fezes.
77. A vida inteirinha tentamos ser o tempo todo o mais distante e diferente possível do que realmente e na verdade somos
78.Numa guerra todos perdem. Até os vencedores
79.Um mestre que não tem um aluno muito melhor do que ele, não foi um bom mestre
80.O mundo da imaginação coletiva é que permite uma realidade substituta, com todas as suas lonjuras, pompas de podres poderes e sofisticadas mentiras com significados libertários pífios, ignóbeis e rasos
81.Perdoar é divino. Tirar lições de errações é que fortificam nossas muletas de prosseguimentos
82.A esperança é a inteligência da vida
83.O que nos mata, nos leva consigo
84.Quem mal vê, mal ouve, mal sabe, mal capta. Aprender é sempre um curtume de aproximação com o diferenciado de nós
85.Todas as vezes que levantamos a voz, perdemos o conteúdo, a razão, a ética
86.Todo idealismo é chulo, farpa, nonsense, um verdadeiro chute na sombra
87.Todo caminho é corrente, vazão e hangar
88.Toda certeza é esgoto de esgotamento neural martirizado nas aparências
89.Não vivemos por nós, mas pela manada com grife
90.Nossos erros de escolhas e situações, nos acompanharão por toda a corda esticada da eternidade
91.Fórmula de felicidade: olaria, silo, salina, embarcadouro, biblioteca
92.Ser feliz é fazer alguém feliz
93.A grandeza da vida é a belezura de ser simples
94.A vida é muito curta para ficarmos preenchendo questionários de renúncias e de perguntamentos
95.Nossa força pode ser nosso algoz
96.Nossos pecados são nossos professores
97.Quem remói muito um osso duro de ruir, é animal de sua própria insignificância
98.O amor é eixo e farol. Quem não se desarma, não ama
99.Somos o nosso próprio capital. As ações que somamos é o árduo trabalho, muitos estudos, leituras a todo e pleno vapor, e assim erguemos um castelo com a cara e coragem de nosso encantário vivencial, feito documento de presença, de passagem e de estadia nesse plano dimensional de uma dobra do espaço
100. Tudo o que você fizer no calado da viagem e no dizer nas honras, feito desaceleração de partículas, será usado a favor de você, ou contra você, em sua acusação, naquele bendito final feliz em que todos morrem, e todas as páginas do livro aberto de sua vida regurgitarão além de sua retina como um ácido nucleico da barriga dos céus gerando uma evolução, ou uma volta ao estado primevo dos perdedores e infelizes, para uma nova tentativa...
Silas Corrêa Leite – Texto da Série Assim Falou Silas e suas Culatras
E-mail: poesilas@terra.com.br
www.artistasdeitarare.blogspot.com/
“A Poesia é um ‘reino encantado’ para os poetas que têm medo do escuro. Porque Poesia é claridade, levitação, oxigenação da alma, mesmo que as vezes seja pedra no sapato das contundências. Quando leio Poesia, preencho questionários e renúncias de abismos. Quando escrevo Poesia, voo a libertação dos sensíveis crivados de dor. Mas, quando me inscrevo nelas, elas então sustentam minha sensibilidade, nutrem minhas irrazões de zelo filosofal, e, por fim, de alguma forma me ilham desse triste vazio que é a própria existência humana”
Silas e suas ‘siladas’
“A poesia é o álbum de figurinhas carimbadas de minha alma, a história em quadrinhos do meu espírito, o hidrante mágico de meu inferno mental, a ilha de edição de minha cela de Existir.
Silas e suas ‘siladas’
Comentários Sobre o Estatuto de Poeta de Silas Correa Leite
Por Mestra Dra. Alice Tomé* Portugal
Viver em Arte poética é entrar na dimensão do infinito sem procurar razões, e, como tudo tem um princípio e um começo a ideia deste comentário para o Estatuto de Poeta nasceu das inter-relações via Internet do grupo «Cá Estamos Nós» criado por Carlos Leite Ribeiro, jornalista, poeta e ensaísta português.
Se toda a canção é um poema, - para quem nasceu quase a cantar, dizem – é uma honra muito grande esta solicitação de comentar a obra – Estatuto de Poeta - de Silas Corrêa Leite, poeta e professor, que como todos os Estatutos são o caminho que se deve seguir para atingir os fins; e, como ele próprio escreve «Ser poeta é minha maneira/De chorar escondido/Nessa existência estrangeira/Que me tenho havido».
Uma maior honra ainda porque não trilhando directamente os caminhos científicos de Artes e Letras mas, sim, de Ciências Sociais e Humanas, e mais precisamente da Sociologia da Educação, a questão poética é algo que brota naturalmente em mim, como o riacho que nasce na montanha e vai escalando os espaços até se tornar uma força corrente e se juntar a outras correntes que lhe dão ainda mais força, e onde tantas vidas vão beber, alimentar, refrescar, repousar, sonhar, criar (…), e, em terras de Beirãs, do rio Côa os antigos contavam: «Quantos moços…Quantas moças?/Lenços brancos aí lançaram?/A corrente os arrastou/E sua benção partilharam…(Alice Tomé, Café Literário3, Editores Associados & Blow-Up Comunicação, São Paulo, Brasil, 2002)»
O Poeta e Educador Silas Corrêa Leite já tem um longo caminho poético percorrido, feito de experiências vividas, aprendidas, interiorizadas e como ele diz: «Não somos brancos, vermelhos, pretos, ou amarelos/Somos a Raça Humana…». E, para melhorar esse caminho «humano» nasce o Estatuto de Poeta que, por certo, logo no artigo 1º não deixa dúvida da sua grandeza e ambição na procura da Felicidade: «Todo o Poeta tem direito de ser feliz para sempre,…». Essa procura da Felicidade – essência da pessoa – que cada Ser vive e procura à sua maneira, que se mostra e esconde e não tem retorno; ou se vive ou não existe, algo sem definição, como a própria poesia, existe, sem mais, e, diria Manuel Bandeira «O verdadeiro poeta não acredita em Arte que não seja Libertação».
Bebe-se a água cristalina da fonte, bebe-se o vinho de pura casta que sacralizado se transforma em vida…,e, pensa-se poesia no silêncio ou na celeuma, porque poeta está para além do tempo e da razão, «…Poeta bebe…(artº. Quarto)».
Todos os Artistas transgridem as normas sociais, todos saltaram barreiras, todos, no sentido da normalidade, fizeram loucuras porque a deificação da Arte e Poesia é cósmica, é mística, é dogmática, e, o seu criador é uma mistura/mélange disso tudo, onde a Estética criadora existe na «Sonsologia do Ser, do já vivido ou do já sentido, (Mario Perniola)», e, nesse cruzamento de Olhares, visões e sensações nasce a obra, criação sua, fruto seu e sempre único, mesmo que em algo se assemelhe à Escola de uma vida feita de «Retalhos e Colagens» que os Autores (re)criam dando-lhe outra dimensão, outra existência, outra roupagem, à maneira de Miguel D’Hera ou de Eduardo Barrox e tantos outros…O artigo décimo, deste Estatuto de Poeta, transporta-nos até essa dimensão natural : «Poeta poderá andar vestido como quiser…».
A poesia vive-se, dá-se, partilha-se entre amigos, e, nesse acto de solidão, de sensualidade, de saudade, de comunhão que nos transportam os versos de autores, pertencentes ao passado e ao presente, grandes vultos poéticos que marcaram a nossa identidade Luso-Afro-Brasileira, como: Luís de Camões, Gil Vicente, Almeida Garrett, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, António Nobre, Florbela Espanca, Miguel Torga, António Gedeão, Vergílio Ferreira, Amália Rodrigues, Jorge Amado…, e, dando continuidade a essa veia poética estão Autores actuais: Flávio Alberoni, Ana Paula Bastos, Ângelo Rodrigues, Alice Tomé, Eduardo Barrox, João Sevivas, Manuel Alegre, Américo Rodrigues, Silas Corrêa Leite, Von Trina, José Ronaldo Corrêa, Valmir Flor da Silva…,e, tantos, tantos outros, são os testemunho universal e eternizante do poeticamente existindo e vivendo a dimensão Humana sempre aprendendo e criando.
«Sinto que algo se separa neste instante./É uma parte que se vai/ e já me deixa saudades…(Alberoni, Café Literário1, Editores Associados & Blow-Up Comunicação, SP, Brasil, 2002)»
Poeta luta pela paz mesmo no meio do “caos”, é irrequieto, irreverente, porque igual a si próprio na procura incessante do “Ser ou não Ser”, do “Estar ou não Estar”, “do Viver ou não Viver”, porque poeticamente sonhando e criando essa outra existência telúrica onde a Musa - da Arte poética – queima convenções formais e se torna «Pau para toda a obra…(artº vigésimo segundo)», e, aos que a saudade Lusa herdaram, ou a vivem, seja onde for, saia a POESIA do anonimato, divulgue-se este Estatuto de Poeta, viva-se em poesia e abra-se a porta do infinito…assim o esperamos.
*Mestra Doutora Alice Tomé – Portugal - Texto inédito criado para Estatuto de Poeta, de Silas Corrêa Leite de Itararé-SP/Brasil», aos 10 de Maio de 2002, Lisboa, Portugal.
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*Alice Tomé é Professora Universitária, Socióloga e Educóloga, Poeta, Ensaísta, e Doutora em Ciências da Educação, Directora da Revista ANAIS UNIVERSITÁRIOS – Ciências Sociais e Humanas, Editora da Universidade da Beira Interior (UBI), Covilhã, Portugal, e Responsável das Relações Internacionais Sócrates/Erasmus do Departamento de Sociologia da UBI; <"http://atome.no.sapo.pt/index.htm>; . A autora, além das publicações poéticas nas Antologias: POIESIS IV, (2000), e, POIESIS VI, (2001), da Editorial Minerva, Lisboa, colabora, em várias «Revistas Electrónicas», (sites na WEB): «Andarilhos das Letras», «Café Literário» - São Paulo, SP; «A Arte da Palavra»; «Grupo Palavreiros»; «3D gate»; «Rio Total»; «Jornal de Poesia»; Brasil; e, em Portugal, nos sites «Cá Estamos Nós» - Marinha Grande; «terranatal» - O Portal de Portugal; e, «URBI ET ORBI» - jornal on-line da UBI, da Covilhã, da Região e do resto.
Tem vários livros publicados, sendo também Autora – Coordenadora da obras: «Éducation au Portugal et en France. Situations et Perspectives, Editions de L’Harmattan, Paris, 1998; «Terra Vida Alma. Valongo do Côa», Editorial Minerva, Lisboa, 2000. Recentemente publicou: «Sociologia da Educação. Escola et Mores», Editorial Minerva, Lisboa, 2001.
Alice Tomé é Beirã de gema, Portuguesa de «jus sanguinis», amante da vida...de Lisboa e Paris (e Covilhã onde trabalha).
Nasceu em Valongo do Côa, Sabugal, Guarda, Portugal.
As Sete Saúdes do Professor
“...O verão há de vir/Mas virá só para os pacientes/Que aguardam num grande silêncio corajoso/Como se diante deles estivesse a eternidade.../”
Rainer Maria Rilke
Para o Poeta Paulo Benedicto Pinheiro(In Memoriam)
O professor, mais do que ninguém, a cada ano letivo, incorpora a sua nova e preciosa cota de recursos humanos, cada vez mais fragilizados pelas múltiplas falências (Deus, família, sociedade, consumo). Mesmo ganhando muito menos do que deveria (tem de ser inteligente para passar num concurso público difícil e algo bobo para aceitar o que o estado neoliberal paga), praticamente vive dançando no fio da navalha do seu encargo e entorno sociocultural com carências múltiplas também (escola pública camuflada em seu proposital sucateamento; classe média falida pelas resultantes do último amoral e inumano plano econômico). Por isso, tem de estar cada vez mais afinado com as chamadas Sete Saúdes. Como profissional de alto gabarito que sempre precisa ser e mostrar que é — afinal, todo mundo teve um maravilhoso professor na vida — e, sem dúvida alguma, como ser humano desta safra contemporânea, mas, acima de tudo, com respeito profissional próprio, o professor tem de estar antenado, se reciclando sempre, e ainda cuidar do corpo para a mente estar com amplitude ativa e a aula ser gostosa dentro do processo de ensino–aprendizagem, já que quem sairá ganhando será a clientela escolar carente, sempre fito precípuo da educação como um todo.
01. Saúde Físico-mentalO professor tem de andar rotineiramente e com prazer; fazer exercícios orientados e caminhadas sadias; relaxar da correria rotineira, cotidiana; viajar sempre que possível; passear aproveitando a caminhada; talvez fazer ioga; procurar alimentar-se bem e dormir tranqüilo; fazer terapias, se preciso for, para segurar o árduo batente do trabalho pesado em duas ou mais escolas, tentando sobreviver e permanecer ético para sonhar com um humanismo de resultados, sob o enfoque de uma visão plural-comunitária que lhe deve ser inerente, peculiar.
02. Saúde FamiliarO professor tem de ter um estabelecimento residencial muito além de um simples endereço residencial com número ou código de área, uma casa gostosa para chamar de sua, um pacífico lar, doce lar, pois o hábitat de um ser humano é quase a sua pele vivencial mesmo. Procurando morar razoavelmente bem, em espaço tranqüilo, o professor terá o seu refúgio para cismar e pensar com a devida serenidade para, assim, sempre no aconchego do lar, repor as energias em seu espaço todo próprio para ser referencial.
03. Saúde FinanceiraO professor tem de saber gastar, poupar, economizar, pesquisar preços, sacar abusos midiáticos na área consumista, evitar gastos desnecessários, mas, ainda assim, ter a consciência de que o ofício é uma espécie de missão. Procurar, na medida do possível, fazer o que gosta nesse campo de trabalho, pois, na verdade, nunca vai ganhar bem como deveria e precisa. Então, não pode entrar nessa de consumo desenfreado, apesar de precisar ter uma vida minimamente digna, que o exemplifique como a importante figura histórico-social que tem sido desde os primórdios dos pedagogos da Grécia antiga.
04. Saúde SocialO professor é um ser social (Kant), como é também um animal político (Sócrates). Portanto, deve saber mais do que ninguém cultivar amigos de qualidade — que são ótimos seres humanos, principalmente —, freqüentar um clube para espairecer, ter um convívio sociofamiliar de qualidade, ser participativo socialmente, falando também fora da sala de aula e da unidade escolar, comprar causas pela paz e convivência harmoniosa e bancar mudanças ético-humanitárias, como o ser cidadão que é, com uma visão de justiça que o qualifique e represente bem.
05. Saúde IntelectualO professor pensa, logo, é docente, logo, existe e, por esse afazer, multiplica a informação, reproduz a ciência, pesquisa a dúvida, domina a técnica salutar, é politizado porque vota bem e certo, precisa ler jornal todo dia, ler ótimos livros — a melhor pedagogia é o exemplo —, fazer cursos o tempo todo, ficar atualizado e atuante, ir ao cinema, curtir novidades, ouvir uma boa música que o nutra, montar exposições de afazeres peculiares, assistir a palestras de novas metodologias e técnicas instrumentais para a docência contemporânea, demonstrar que é um profissional acima da média e que, por isso, pode exigir muito no seu foro de debate representativo, com boa dialética e conhecimento da causa que abraçou com méritos e perspectivas.
06. Saúde EspiritualSim, o homem tem razão, mas tem alma; logo, é um ente espiritual. Imagine-se então um professor, que é educador, mestre, referencial de qualquer meio. Precisa cuidar da alma, não necessariamente só pelo viés de uma igreja — “ama a teu próximo como a ti mesmo”, diz a filosofia dos evangelhos —, mas ter a consciência tranqüila e a fé em Deus, a sensação do dever cumprido, de ter dado o melhor de si, de ter feito o seu melhor, de ter sabido lidar com os seus alunos com tantas seqüelas sociofamiliares, de não precisar ser cobrado para ser completo e idôneo, fazer ações comunitárias, fundar ONGs que pensem em responsabilidades cidadãs entre riquezas injustas, lucros impunes, propriedades, roubos; afinal, como dizia Saint-Exupéry, o essencial, que às vezes é invisível aos olhos, se vê bem com o coração...
07. Saúde ProfissionalE, por fim, o professor tem de estar afinado com a cultura, as artes em geral e, principalmente, com as áreas de sua matéria-conteúdo. Estar sempre alerta e reflexivo, estudar sempre — como em qualquer profissão —, buscando se especializar em múltiplas didáticas; programar aulas variadas, gostosas — o aluno tem direito a isso; trocar idéias com colegas de mister, sendo representativo de seu meio, com uma releitura toda própria das “aprendências” e dos letramentos, como instrumentos de evolução, como profissionais de carreira que querem deixar sua marca, deixar seu lastro, fazer o melhor sempre. Afinal, alunos são mensagens de amor que mandamos para o futuro, e somos partes essenciais do verbo “ensinar-aprendendo”.Professor, caia na real. Respire, não pire. Relaxe, não ache (chega de “achismos”). Medite, não dite. Abrace, não force. Você é o mais importante átomo do todo que é o Universo. Se aceitou essa obrigação, não se desgaste nem brigue, obrigue-se. Odeie o ódio. Refaça o fácil. Não reclame, ame. Faça de sua vida uma tábua de esmeraldas. Afinal, somos todos anchietas nessa seara de formadores de opinião, de questionadores de políticas ímprobas do poder público, mas devemos também dar os nossos exemplos de vida e sermos fiéis aos nossos sábios propósitos, com amor e com saúde, muito além de uma solidão incendiária, mas sempre como grãos de mostarda dentro do coração dos alunos, que são templos de nossa sagração existencial de vida humana.O sucesso de todo grande profissional realizado é porque teve um ótimo professor lado a lado...
Saúde, professor!
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Silas Correa Leite – Itararé-SP – Teórico da Educação, Jornalista Comunitário, Coordenador de Pesquisas em Culturas Juvenis pela FAPESP-USP, Conselheiro em Direitos Humanos (SP), Prêmio Ligia Fagundes Telles Para Professor Escritor, autor de Campo de Trigo Com Corvos, Contos, Finalista do Prêmio Telecom, Portugal, livro à venda no site www.livrariacultura.com.br – Bleogue: www.portas-lapsos.zip.net
(Um dos dez mais do UOL em 2008) – Site: www.itarare.com.br/silas.htm
E-mail para contatos: poesilas@terra.com.br
Poesia na Escola Pública: Livro “Folheto de Versos”
De como a USP-Universidade de São Paulo, com um Projeto de Culturas Juvenis sob a Coordenação da Professsora-Doutora Mônica do Amaral, trabalhou Poesia e Folclore do Cangaço em Sala de Aula, Rendendo um belo Livreto de Alunos Produzido Pela Mestranda Maíra Ferreira e Colegas.
“Perdi minha origem
E não quero voltar a encontrá-la
Eu me sinto em casa
Cada vez que o desconhecido me rodeia(...)”
Wanderlust, Bjork (Cantora Islandesa)
Com a suspeita midiática culpabilização dos Professores de Escola Pública pela falência da Educação Pública como um todo, o que engloba na verdade suspeitas políticas neoliberais de sucateamento de serviços públicos em nome de um estado mínimo (e no flanco o quinto poder aumentando os índices de criminalidade além da impunidade já generalizada em todos os níveis), quando uma universidade de porte como a USP vai até onde o povo está, no caso, uma comunidade carente da periferia de São Paulo, trabalhando com o corpo discente da EMEF José de Alcântara Machado Filho, fica evidente aquela máxima poética de que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
Intervenções em salas de aula, leituras trabalhadas, declamações com suporte afetivo, oficinas de palavras e rimas, trocas, somas, cadências didático-pedagógica num contexto de criação a partir da ótica de um humanismo de resultados, e assim, a Mestranda Maira Ferreira e colegas acadêmicas e mesmo profissionais da escola, e, quando se viu, pronto, estava semeada a leitura, estava plantado o verbo criar no assento poético, e, os manos sim, os manos, as minas, mandaram bem: saiu a produção “Folheto de Versos” como arte final do projeto de ótimo alcance literal e humanizador que é que vale a melhor pedagogia no exemplo.
Sou a favor das chamadas antologias, em que alguém visionário e generoso se propõe a bancar autores novos, temas específicos, tentando juntar turmas, abranger variadas óticas, fomentando a divulgação lítero-cultural de anônimos criadores desses brasis gerais, em nome da poesia porque assim a emoção sobrevive, a arte se torna libertação, e, falando sério, enquanto houver arte ainda há de haver esperança, parafraseando um rock moderno aí.
A escola pública carente, a escola sem estrutura técnico-administrativo funcional, os professores mal-remunerados, e, um conjunto de profissionais de educação segurando a barra pesada do que é mesmo a docência, então, uma luz no fim de tudo apresenta jovens acadêmicos potencializando intervenções em classes. É o caso da Sétima Série (2007), Oitava Série (2008) da EMEF José de Alcântara Machado Filho, que rendeu o livreto – que bonitamente lembra edições de cordel – chamado Folheto de Versos. Resistir na arte é uma criação histórica que tende a mudar planos de vôos, para os alunos carentes. A periferia agoniza mas cria.
Com um enxuto projeto gráfico da Comunicação e Midia-FEUSP, a arte letral composta no Projeto “Culturas Juvenis X Cultura Escolar: Como Repensar as Noções de Tradição e Autoridade no âmbito da Educação (2006/2008, Programa Melhoria do Ensino Público), a Mestranda Maira Ferreira e a Bolsista Técnica Pátria Rabaca foram a campo. Foram a luta. Levaram a universidade ao seio da escola pública, a sala de aula. Daí a aula fez-se verso, o verso lembrou hip hop ou mesmo RAP (Ritmo e Poesia), o verbo poetar virou verbo exercitado, da poesia fez-se o humanismo de abrir espaços, quando e viu, Saravá Baden Powel, a voz da periferia soou suas lágrimas com rimas e contações de realidades escolares.
Trinta e duas páginas de produção poética de alunos. “Chegando em casa, pensei bem/Vou fazer este cordel/Resumir nossa conversa/De maneira bem fiel/Pros alunos do Alcântara/Acompanharem no papel(...) (Pg. 3 Maira Ferreira). Estava dado o mote. Sinais e parecenças. E daí seguiu-se o rumo: Escravidão – Nós Somos Contra o Preconceito (Emerson, Stéffani, Adriely, Paloma), Depois Diogo, Bruno, Roberta in “Sou Afro/Sou Brasileiro/Sou Negro de coração(...)”. Ensinar, passa por ensinar a pensar. Pensar leva ao criar. Criar é colocar amarguras e iluminuras no varal das historicidade e chocar dívidas sociais impagas desde um primeiro de abril aí.
Nesse rocambole de idéias, os achados do projeto: alunos devidamente trabalhados, estimulados, compreendidos, sabem exercitar a sensibilidade muito além de suas rebeldias às vezes com as vezes sem causas.
E daí descambou a criação, acrósticos, versos brancos, rimas e rumos, citações (Rap é compromisso), até liberdades poéticas (O Cangaço e o Bope), rascunhos, resumos, xérox de despojos criacionais em salas de aula, despojos e, quem mesmo que disse que aula tem que ser chata, que sala de aula tem que ser cela de aula? Pois é. FOLHETO DE VERSOS é um achado como documento de um momento, um tempo, um espaço, um lugar, uma comunidade.
Dá identidade a quem precisa. Dá voz a quem se sente excluído. Imagine um país sem divisas sociais. E a emoção de um aluno simples, humilde, podendo colocar no papel – e ver-se impresso – como se no quarador das impossibilidades pudesse tentar reverter o quadro de excluído das estatísticas de dígitos estilo Daslu, para se incluir (certa inclusão social na criação de arte popular, literária) porque lhe foi dado palco e vez, palanque educacional e espírito criativo aguçado pelas sóbrias intervenções, debates cívicos, críticas dialogadas, esparramos de idéia, mas, antes e acima de tudo e sobre todas as coisas, o aluno tendo vez e voz-identidade num livreto que, sim, pode ser a página de rosto de sua existência, colorir o livro de sua vida, fazendo dele um cidadão que quer soltar a voz (precisa e deve soltar); botar a boca no trombone, dizer a que veio, e, sim, se a escola ainda é de certa forma uma escada, quando a sua criação impressa é um documento de identidade de cidadão enquanto ser e enquanto humano. Já pensou que demais?
O canto dos oprimidos.
“Fizemos essa letra com força de vontade/Só queremos expressar um pouco da realidade”(...), in Realidade Não Fantasia (Cesário, Diógenes e Gabriel).
Quando o sol bater na janela de sua esperança, repara e vê “Folheto de Versos” resgata e registra poemas de jovens querendo libertações, porque além de “ser jovem” ser a melhor rebeldia deles, há corações em mentes querendo mais do que ritmo e poesia.
A dor dessa gente sai no jornal e os seus cantares joviais oxigenam perspectivas, arejam possibilidades.
“Uma aurora a cada dia” diz a Canção do Estudante do Milton Nascimento.
Há coisa mais bonita do que o sonho?
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Poeta Prof. Silas Correa Leite
E-mail: poesilas@terra.com.bnr
Site: www.itarare.com.br/silas.htm
(Texto da Série: Resenhas, Críticas e Documentos de Lutas e Sonhos)
Blogues: www.portas-lapsos.zip.net
ou
www.campodetrigocomcorvos.zip.net
Artigo/Opinião:
A Culpabilidade dos Professores da Escola Pública
Os professores nunca ganharam tão mal no Estado de São Paulo como agora, apesar dos esforços do governo federal para tentar viabilizar melhorias financeiras e dar perspectivas de suportes funcionais e estruturais na área, já que sem uma ótima educação pública um pais não prospera, não avança, não recompõe dívidas sociais impagas desde primeiro de abril de 1964. Os professores nunca foram tão estranhamente culpabilizados pela mídia em geral como agora, principalmente quando o governo federal potencializa verbas públicas para investimentos na carreira profissional, além de estímulos que facultem aos educadores uma melhor qualidade de vida (os direitos humanos dos professores), de estudos evolutivos (qualificação é sempre), de valoração profissional que promova o que faz melhor para ganhar melhor e mudar o meio para melhor.
No entanto, paradoxalmente nunca se viu tanto suspeito amigo do alheio querendo palpitar sobre educação, a maioria deles (de repente suspeitos amigos da escola) que já estiveram no poder e tiveram todos as razões e motivos para revolucionarem métodos e práticas, no entanto, inoperantes, impotentes, foram incompetentes para mudar o que precisa ser mudado, mas ainda assim fizeram políticas públicas duvidosas, desviaram verba pública para antros neoliberais privados, e agora, periga ver, querem falar de teorias em praticas que não tiveram, pior, colaboraram com o sucateamento das políticas públicas básicas, como em São Paulo, que tem suas entidades públicas propositalmente falidas, para não dizer da alta grana das privatarias que ninguém sabe onde foi parar, ninguém viu, ninguém investiga a chamada “máfia russa” das privatizações-roubos paulistas-paulistanas.
Quem é que vai pagar por isso? Que partido de forma direta ou indireta mais lucrou com isso, inventando os podres poderes dos new-richs? Pensar pode.
No mesmo contexto, professores com curso superior ganhando menos do que policiais com ensino médio (e a segurança pública também falida), enquanto a sociedade ainda sofre as seqüelas do falso “sucesso” do Plano Real, os milhões de desempregados, mais uma impunidade generalizada, falências gerais, máfias e quadrilhas neoliberais governando os governos, e, no contexto, pais incompetentes que geraram filhotes ímprobos também palpitando para encobrir erros familiares graves, e, ainda, os governos trabalhando com uma educação que se vale de estatísticas, dígitos, quando são seres humanos que trabalham com outros seres humanos, numa área que deveria buscar um humanismo de resultados, para uma educação vivenciada com rumos de investimento ético-comunitário para comunidades carentes.
O professor mal remunerado, numa escola pública propositalmente sem estrutura (mais a terceirização neoescravista no entorno pouco funcional), os filhos da sociedade se matando para sobreviver e pais pedindo demissão de serem pais (despejando os filhos mal educados na escola), uma mídia jogando contra (interesses escusos), um bando de incompetentes com poder opinativo dando palpites sem conhecimento da dura realidade histórica, algumas áreas acadêmicas com visões de gabinetes não vendo o professor enquanto ser e humano também, numa sociedade decrépita e um corpo discente carente em função de tudo isso, e, quando se vê, a policia incompetente não é culpada pelo grave aumento da violência, mas o professor é culpabilizado pelos problemas graves do ensino público?
O que há por trás de tudo isso? Quem quer enganar quem? Uma impunidade generalizada de impunes ex-presidentes a ex-governadores e ex-prefeito, juizes corruptos e ladrões soltos, e ninguém fala na falência de uma justiça filha da elite que, amoral, sim, tarda, falha, é tendenciosa e parcial, principalmente entre os corruptos e ladrões membros da pior oposição que o Brasil teve, a oposição ao governo federal.
Porque o governo federal pauta uma reforma educacional investindo como nunca no professor, é que antros de máfias e quadrilhas querem desviar o foco do investimento visando lucros impunes, desmoralizando uma categoria que sempre está na ponta do problema, quando havia tempo em que um professor ganhava o mesmo do que um juiz, e os nossos magistrados marajás nunca são culpabilizados pelo que geram de impunidades por atacado. O que isso quer dizer?
Vamos malhar o professor que é agora o inventado “culpado de ocasião” por incompetência de nefastas políticas públicas suspeitas (como em São Paulo tucano-liberal do DEMO); vamos desviar alta verba da educação para propaganda política enganosa; vamos falar em choque de inclusão, gerenciamento, balelas, enquanto isso o povão, claro, vai continuar votando nos mesmos, tudo continua como está, como em São Paulo em que professor ganha trinta por cento a menos do que no Piauí, e, pior, a falência do estado generalizada (empresa estão indo embora pois o estado cresceu só três por cento quando o Brasil todo cresceu quase sete por cento), e assim, as funestas e hipócritas políticas neoliberais – apoiadas pela FIESP, OAB, Rede Globo e agiotas do capital emboaba – vamos desmontando o estado, sem prover o povão de alguma maneira, e assim, quebrando a escola, daremos o filé da enorme grana federal (que o governo banca disponibilizar), para ONGS suspeitas, amigos do alheio fingindo de amigos da escola (ex-secretários e ministros da Educação hipócritas e sujos), empresas grandes desviando altas verbas do fisco para cênicos investimentos fantasmas montados, embustes financeiros camuflados para roubar o Imposto de Renda, e assim, tudo continua como está, todo mundo ganha, menos a educação pública propriamente dita, e, como precisa mesmo sempre aparecer um culpado para ser malhado, fica todo problema na mão do professor que, mal remunerado, se matando para sobreviver, acúmulos vários (vários empregos), saúde debilitada, vendendo de Avon a bijuterias, e assim caminha a mediocridade imediatista de se pensar a categoria dos professores como única culpada de ocasião, quando é vitima da situação toda e nunca devidamente provido salarialmente, para que, afinal, a mentira deslavada saia ganhando e o modelito do estado mínimo (da força da grana que ergue e destrói coisas belas) ganhe potência midiática entre os podres poderes.
Professor? Respeito muito suas lágrimas.
E os Direitos Humanos dos Professores da Escola Pública?
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Silas Correa Leite
E-mail: poesilas@terra.com.br
Teórico da Educação, Jornalista Comunitário, Coordenador de Pesquisas da FAPESP-USP em Culturas Juvenis
Campo de Trigo Com Corvos, Contos, o Livro do Silas Corrêa Leite
A ciência é grosseira, a vida é sutil
É para corrigir essa distância
Que a literatura nos importa
(Roland Barthes)
“CAMPO DE TRIGO COM CORVOS”, Contos, o que realmente é? Primeiro: é um livro de contos, ficções, histórias, causos, narrativas e as chamadas acontecências, todas no belíssimo palco histórico e boêmio de Itararé. Segundo: a maioria dos contos premiados em concursos literários de renome, ou mesmo no próprio Mapa Cultural Paulista, representando Itararé. Terceiro: a prosa poética do autor, sua linguagem típica do “Itarareês” com o peculiar e todo próprio surrealismo e mesmo o realismo fantástico, para não dizer de, aqui e ali, um chamado transrealismo. E, o melhor de tudo: papo de bar. Na calada da memória, as bebemorações (ou rememorações) e um piá...o guri Silas contando, como se trazendo a sua infância consigo na linguagem, nos parágrafos. Para não dizer dos finais hilários ou, ponhamos: encantados. Bela capa, com autorização do Museu Van Gogh da Holanda. Orelhas bem trabalhadas. O autor tem o que se dizer dele. Prefácio arrebatador. De um poeta, ficcionista e ensaísta premiado de Portugal, o Prof. Dr. Antero Barbosa, acadêmico e professor universitário. Descasca literalmente o estilo do Silas, técnicas, vôos, criações, enlevos, símbolos de perplexidade. E valoradamente dá nomes elogiosos aos criames diferenciados do autor. Última capa, as citações de lugares midiáticos em que o Silas saiu, foi reportagem, ou entrevistado, da Folha à Jovem Pan, por exemplo. Depois e finalmente, o conto Anistia. Premiado. O macro espaço-Brasil trazido à Itararé e um menino contando. Da ditadura ao fim dela com a Era Collor e suas carroças coloridas. O muro como símbolo, metáfora. Lembra J.J.Veiga mas vai em veio próprio. Guardação. Um baita causo de Itararé. Bem construído, costurado, com um final pra lá de feliz e risador, ridente, sei lá. Boêmio...um continho joiado...lindo. Mimo. Caso de notívago. Câncer... então é um papo rueiro, de bar risca-faca, de roda de contadores de palha. O Anão é tão bonito que pinta virar filme, pelo que soube. Gente de arte (teatro, rádio, música) em Itararé de olho. Mágico. Justiça, então, tem um final altamente criativo, quase um achado fora de série. Escrever é um ato de sobrevivência, disse Eduardo Subirates (filósofo espanhol). O Apanhador de Cerejas, quando revela o que está realmente havendo (narrador direto), você sofre e chora e volta a reler para compreender a dor do narrador. A pior coisa é não sentir absolutamente nada, diz o rock do U2. Campo de Trigo Com Corvos é o melhor conto do livro. E o final se revela na última palavra. Você vai lendo, seguindo na contação do menino, quando se vê? Corvos, trigais, campos e, loucura-lucidez. Azul e amarelo, como a capa. O Inventor é cênico, fílmico, e um final que arrebata, literalmente. Endoenças é conversa de filha pra pai. Tudo em Itararé, chão e estrelas. E lágrimas. Congonha (ko goy – do tupi: o quê mantém o ser?), o conto mais premiado do autor. Como é que pode um final desses? Depois vem o Causo do Gibão e você tem ali uma graceza impressionante, andando com o autor pela narrativa e sua tessitura. O Enterro, então, é o melhor “causo” do livro. Por si só daria já um romance e tanto. Um pandareco, como volta e meia diz o autor, entre maleixo, cainho, guaiú, morfético, caipora lazarento (beirando um regionalismo sulino até), etc. Quando você pensa que já está bom, a mimese do O Osso. De novo você fica pensando: como pode escrever isso? Onde acha isso tudo? Técnica, estilo, domínio, condução, talento. Coió é triste, duro, o conto mais pungente do livro maravilhoso. O causo O Velho Martinho é bem contado em Itararé, o autor recupera pessoas, falas, expressões, dando registro à voz do povo, vox dei. E bota gente real: Tepa, Jorge Chuéri, lugares, bares (principalmente). Quando a Tragédia Bate à Sua Porta, foi elogiado e considerado belo e fílmico quando em debate online, pelo João Silvério Trevisaan. E O Silas Já foi premiado no Concurso Ignácio Loyola Brandão, Paulo Leminsky, Ligia Fagundes Telles, Salão de Causos de Pescadores da USP, etc. e tal. Então o conto de amor que faz você chorar. Ele Ainda Está Esperando. Um final que relembra kafka mas sem deixar de enlevar a leitura em prosa poética e ficar pensando no estupendo processo de criação com suas lógicas e ilogicidades maviosas, plangentes. Quando você pensa que acabou, um continho quase que meio infanto-juvenil, e o menino de novo que, na maioria das obras narra, conta, detalha, especifica, volta inteiro e completo com o conto sobre a bicicleta de um tio. Marquesinha, Periquitada. Você não leu? Não sabe o que está perdendo. Cada um arrasta um corpo atrás de si, debaixo do sossego das estrelas, disse Fernando Pessoa. Isso tudo e muito mais é CAMPO DE TRIGO COM CORVOS. Jóia rara.
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L.C.A – Professora, Área de Designer Gráfico -E-mail: artistasdeitarare@bol.com.br
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Escritor de Itararé Lança Livro em São Paulo
Silas Corrêa Leite, Poeta e Ficcionista premiado, nosso conterrâneo e colaborador mais antigo do jornal, lança nesse sábado, 6 de Outubro, às 18 horas da tarde, na Biblioteca Viriato Corrêa, Rua Sena Madureira, 298, Vila Mariana, São Paulo, Capital, o seu novo livro CAMPO DE TRIGO COM CORVOS, Contos, 144 Páginas, Editora-Design-SC. O livro de contos na maioria premiados (todos falando de pessoas, causos, expressões, ambientes folclóricos e boêmios de Itararé) já foi lançado em nossa cidade no inicio de agosto em bela noite de autógrafos, e agora está sendo lançado na capital paulista. O nosso premiado Coral Santo Antonio, do brilhante Regente Elcir Mello, estará presente representando Itararé artisticamente no importante evento lítero-cultural, juntando em Sampa conterrâneos que lá trabalham e estudam, entre amigos do Poetinha Silas, mais jornalistas, educadores, advogados, escritores, alunos e mesmo seu público fiel de leitores denominado “Grupo Leia Silas”. A Jovem Pan, por intermédio do Jornalista e Crítico Literário Álvaro Alves de Faria agendou entrevista com o nosso escritor, que longe de casa, depois de ser um vencedor em tudo o que faz, promove Itararé na arte literário seu maior dom, cantando nossa terra em versos, prosas, causos e acontecências, motivo de orgulho para a imprensa local, e, claro, ainda para o maior jornal da Região, “O Guarani”, onde tudo começou, tendo o nosso semanário a partir de 1968 servido de palco para as precoces e diferenciadas criações do Silas, de sua sensibilidade, de sua visão, de seus amplos aprendizados e mesmo o seu grande amor por Itararé, porque ele cada vez mais leva o nome de Itararé por onde faz palestras, ganha prêmios, e ainda mostra suas invencionices em publicações em mais de 300 sites do mundo da web. Site do Silas: www.itarare.com.br/silas.htm - E-mail: poesilas@terra.com.br (Jornal O Guarani)
Ensinança (Poeminho feito em Aula da Professora Monica do Amaral)
Não ensine ninguém a ser como você/Já pensou o perigo?
Ensine o aluno a ser ele mesmo/Que isso dói menos
Ensine o aluno a se procurar/Dê os sinais...
Seja o referencial; procure-o/Nele – sendo ele
Então ele tendo essa ajuda-você/Pode se achar no Ele
Ensine o aluno a ser o que Ele/`Precisa ser: um não-você
Já pensou que LIBERDADE?
(Silas Correa Leite)