Coleção pessoal de Poemasgill
Tenho medo,
Medo do medo,
Nem sei mais distinguir,
Sei não.
Abatida dou conta:
Transformei-me,
Sou outra – ulterior -
Fiz de mim uma prisão.
Exausta amigo, sussurro:
- Perdi. Não o venço mais não.
Seja pelo tempo,
Sequer pela exaustão.
Enfarada parelho, imploro:
- Vem e abraça meu coração.
Insto também:
- Refreia as minhas mãos.
Dessa forma querido, confidencio:
- O medo se esvai e
Liberto-me de vez
Dessa praga eficaz.
Está desempregado
Sofre o destempero
Dos que pranteiam calados
Sem exageros.
Há dias não come
Palavras não menciona
Nesse momento está sentado
Num canto da cozinha.
O piso é de cimento puro
Logo ele nota o fogão:
Sujo, envelhecido e mudo.
Convenço-me:
- Uma mistura de povo e suplício
Atentando qualquer sacrifício
A esperar a hora sagrada
Onde lagrimarei envenenada.
Palavras tortas, sombreadas
Amarelas, amareladas
Assombros, assombradas
Tropicais,
Velejas, velejais.
Saibas:
Não me enganas mais.
És veneno de serpente,
Homem mau que transformou,
Em ódio o que antes
Eu apelidava puro amor