Coleção pessoal de PetrosM
A canção de teu perfume iluminava os quatro cantos
E que belos eram teus cantos
As mais belas melodias penetravam em minha pele quando sobre mim lançasse teus encantos
Provocaste em mim a erupção e o despertar dos meus tantos
E em nosso transbordar se fez a grande canção que engolia a tempestade e nela dava origem a todos os santos
Dos teus cantos
Dos meus tantos
Dos nossos encantos.
Meu castelo é feito de ossos,
ligados por carne, sangue e pus,
em meio aos destroços
e as chamas
é meu corpo que você vai encontrar,
queimando a céu aberto,
trazendo vida àquele lugar,
emitindo luz.
E apesar do vulcão possuir a intensidade,
não era nele meu lugar,
e sim aqui,
construído com meus pedaços,
iluminado pelo queimar da minha carne,
rompendo todos os laços,
e finalmente fazendo jus
a toda a força que me levou
a dar meus próprios passos
e fazer meu próprio caminhar
sem direção na floresta,
em meio as chamas,
aos edifícios de luz...
Força!
Que o fogo seja sempre doador de força!
Em meus olhos,
o monstro,
a doença,
o castigo de todos os povos.
A revolução está sendo,
se fazendo por completa,
e,
quando penso que ela busca o topo do vulcão,
me dou conta de que ela já se manifestou
em toda a floresta;
A besta,
o fervor das águas,
o caos,
a calamidade,
os cinco elementos juntos
formando toda a tempestade,
e,
nem mesmo eles,
ou,
nem mesmo a tempestade,
nada mais cabe no grito de revolução
que ecoa por toda a cidade.
Não mais filho,
Não mais natureza,
Não mais corpo,
e,
nem torto.
NÃO PERTENÇO!
E todo o estrondo que eu podia ouvir,
ainda não eram teus trovões,
mas o bater de meus tambores
implorando tuas revelações,
era eu que fazia o som,
era em busca de mim mesmo que
estive esse tempo inteiro,
inteiro,
me entregando por inteiro,
mas sozinho sou incapaz de controlar as erupções,
incapaz de ser a flecha e o arqueiro.
Gota por gota de sangue,
de suor,
cada lágrima derramada,
toda a dança,
cada batida de tambor,
todos os gestos
foram por você,
foram para você;
meu peito rasgado e exposto a céu aberto,
em busca de representar o meu amor.
Toda a fumaça,
o sal,
o ar,
a dor,
ardor,
o salmodiar,
meus gritos clamados em fervor,
as orações,
em busca de alcançar
ainda que apenas um pouco
de teu sabor,
de teu toque,
de tuas canções,
de teu amor.
Quero que minha beleza te alcance
como um perfume que desliza pelo ar,
que muda o ambiente,
que te pega pela respiração
e muda até teu jeito de olhar.
Se ainda que por um momento eu pudesse
te fazer enxergar
tudo que tenho feito,
e as tantas vezes que morri
em busca de te fazer notar
que sempre estive aqui
implorando um espaço em teu peito,
esperando que você enxergue
as palavras escritas no ar.
Tenho tentado ser todos eles,
TODOS ELES;
e ainda que me perdendo,
pois sei que é assim que você gosta, não consigo fazer você me procurar.
Gostaria de ser capaz de mudar isso, gostaria que você pudesse enxergar,
que você pudesse ver,
ou talvez,
que eu pudesse ser
algo que valesse a pena direcionar o olhar.
O tempo me levou a um lugar
completamente desconhecido
onde jamais imaginei me encontrar.
O tempo me levou os amados,
alguns entes queridos,
sorrisos,
amigos
mas também levou minha tristeza
e a sensação de não pertencer,
de não estar.
E honestamente se houvesse algo
que eu pudesse pedir ao tempo,
seria que continuasse a tudo e todos levar,
que arrancasse as raízes,
revirasse as florestas
e deixasse às sementes
a missão de recomeçar.
O tempo já foi meu inimigo,
meu amigo também,
apagou feridas incuráveis,
e abriu algumas que acreditava estarem fechadas,
usando de uma crueldade
que cheguei a achar
que não poderia ir além.
A maldição e o dom
entrelaçados
nas estrelas,
derramando em sua poeira
a queimadura e o refrescar,
um coral que dedica sua vida inteira
a uma canção,
que anuncie a morte,
a vida,
o recomeçar.
Me traga o sol,
a floresta
e a morte,
juntemos nossos sofrimentos,
nossa dor,
nosso amor
e façamos deles nosso aprendizado,
nosso encanto mais forte.
E em meus olhos você ouvirá,
o vulcão,
o bater de asas,
o trovejar.
Traga para mim a canção,
Os cinco passos,
a oração
que emana de seus braços
e me deixa sem chão,
me faz delirar.
Seja a explosão,
sou o óleo,
a brasa,
a ventania
e oque mais precisar.
Ao espírito ofereça seu coração,
a água,
a terra,
o fogo
e o ar,
e se ainda quiseres toda essa rebelião,
permaneça ao alcance de meu olhar.
SINTO MUITO,
eu apenas sinto,
e,
quando sinto,
o rio deságua,
a tinta atinge o chão
e é em meio a vermelhidão
que percebo que já não há mais palavras
que possam substituir essa ação.
A minha boca sangra,
pois ela deseja ser capaz de falar,
deseja ser capaz de se libertar,
deseja que ainda que por um momento
as palavras pudessem curar.
Sonho com um momento
em que a canção do rio
seja mais forte que sua correnteza,
e que ao lado do vento
seja capaz de em suas notas
transmitir minha tristeza,
que sirva de alimento.
E se eu pudesse falar,
se coubesse em palavras
e eu pudesse expressar,
que me perco desejando ser encontrado,
que meu medo
seja me deixar ser levado
por aquele que se reconhece terminado,
e que por implorar por um pouco de cor,
seja em branco que eu continue a ser banhado.
E se você pudesse o matar, você o mataria?
Aquele que te persegue à noite,
aquele que faz sempre dia,
que rompe a tempestade
e torna tudo calmaria.
Aquele que te destrói enquanto te deitas,
só para dizer que te constrói
quando te rejeita.
Ele é o grande medo,
ele está em todo lugar
seja tarde ou cedo,
pronto para te arruinar.
Ele é o que é,
faz o que faz,
o inimigo invisível,
o devorador voraz,
e não é hoje,
nem amanhã
que você vai se recuperar
do que ele te fez,
do que ele te traz.
Ele mora com você,
mora comigo também,
ele vai mas sempre volta,
ele está com você
quando pensas não ter mais ninguém.
Ele se banha em vermelho,
vive no espelho,
e sim, ele é.
E você não vai mais encontrar,
nem o sorriso, nem os lábios
e nem o olhar.
Já não há mais nada para te segurar,
para se segurar,
para me segurar.
Que a mascara mantenha
o que maquiagem nenhuma pode disfarçar,
e vamos festejar.
Afinal, o que mais fazer com todo esse vazio,
senão dançar?
Nem a natureza, nem o corpo,
um ser vivo,
um ser morto, ou,
um ser torto?
Que permaneça enquanto ser
que se manifesta,
que surge do vazio,
festa!
E que não se segure à nada.
São desses picos que
surge a floresta, e,
já não importa mais o que me resta,
que eu os enfrente a todos,
mesmo que perca tudo,
mesmo que seja esta,
a grande batalha,
a última festa.
E se você pudesse sentir a tempestade
dentro do buraco negro de meus olhos
destruindo tudo que se aproximar,
e os rios que correm em mim
deslizando sobre minha face,
só para mostrar que é em meus lábios
que você vai encontrar
toda a poesia que tentei dizer
ao transbordar o cálice
e te lançar meu olhar,
e todas as palavras não ditas
que ficaram no ar,
e todas as gotas de chuva
que conquistei ao dançar,
me responderias com trovões,
ou buscarias um abrigo para ficar?
O mais distante de tudo isso,
o mais distante de meu olhar.
A bruxa,
a rocha,
o rio,
as nuvens,
a tocha,
o coração de leão,
o espírito
que em meio aos espinhos
cresce,
floresce
e desabrocha.
Que seja forte,
que seja a morte,
que queime como o fogo
mas que marque,
que seja e esteja,
que mostre o quanto arde.
Que seja o oceano e o piano,
o inacabado e o não dito,
que seja a canção de Urano,
as estrelas,
infinito.
Que seja furacão,
trovão e
tormenta,
que traga tudo que restar,
mesmo depois da erupção,
da catástrofe mais violenta.
E que nunca seja terra,
nunca seja serra,
nasci para a guerra
e só nela posso dançar.
Lance sobre mim as quatro sensações;
seja a quinta.
Nunca deixe a calmaria me alcançar.
Você gritou,
e como gritou,
teus gritos ecoavam por toda a cidade,
teu choro,
teu jejum,
teu suor,
todos eles implorando por eletricidade,
você é a tempestade que se manifesta,
o vulcão,
o céu vermelho,
a tragédia,
você é floresta,
e em meio a tuas danças e sorrisos,
você sabe,
já faz tempo que não és festa.
Agora não passas de uma metamorfose retrógrada,
um manifesto, uma paisagem vazia,
onde a angustia não mais habita,
uma lembrança que o vento levou,
a presa não mais caçada,
retornastes a teu lugar,
banhado em noite infinita.
A tua beleza transborda,
teu sorriso implora por socorro,
teu toque é loucura,
tudo em teu alcance se torna ouro,
frio, pesado e amaldiçoado,
e mesmo em toda tua doçura,
tua sentença é sempre findar no matadouro.
Não carregas contigo mais nada,
pois temes ser abandonado pelo teu próprio choro,
estás pronto para abraçar uma vida amargurada,
te tornastes um dos cadáveres que outrora julgastes com total desaforo,
e agora que com eles divides a mesma terra encharcada,
tudo que pedes é um pouco de consolo.
Eu preciso ter certeza de que você está morto,
de que você não respira mais,
de que acabou esse amor torto,
e que contivemos nossos animais,
pois,
já não aguento mais,
não aguento
te ver se escondendo em panos de conforto.
Prefiro te ver morto.
Te quis mesmo torto,
e não suporto,
não suporto
fingir que não me importo
de te ver desistir de tudo,
depois de chegar tão próximo ao porto.
E em teu coração eu me perdi,
pois ele era deserto,
e eu,
tempestade,
e mesmo em toda minha intensidade
não consegui te arrastar,
ou mesmo carregar um pouco
desse amor torto.
Além do bem e do mal,
além da erupção,
o suspiro final.
Amor,
destruição,
o mais poderoso ritual.
Dor,
não há redenção,
permanecer uivando é oque restou a criatura,
ao animal.
E a maldição alcançou toda a cidade,
o luar,
a besta que corre livre
em meio a tempestade,
rasgando os corações em seu caminho,
tentando significar tanta intensidade,
trazendo consigo o trovão,
o caos e a calamidade.
O espelho já não o suporta,
e a ansiedade pelo amanhã só encerra
quando ele se corta,
e que seu coração de leão o mantenha corajoso
antes que ele alcance a aorta.
O óleo e a brasa foram derramados,
o centauro, o escorpião, os assassinos gêmeos,
todos eles foram libertados,
e o furacão os alcançou a todos,
o solo já não pode ser renovado.
E você não chama,
você toma, leva, rouba, destrói.
E eu estou implorando,
me destrua, me roube, me tome, me coma.
O óleo está derramado sob o chão,
não há para onde fugir,
então por que não abraçar a combustão?
pois tudo que vem de você é explosão,
que me destrua, que me liberte,que transceda,
pois é com você que eu me sinto como se estivesse retornado ao vulcão.
Me banhe em lava,
rompa a trava,
mergulhe a clava,
destrua de uma vez meu coração.
Como escapar da própria criação?
Preciso me erguer, emergir da erupção,
talvez a tempestade agora
seja só uma memória,
uma possibilidade que nunca foi possível,
uma inocente estória
e o vulcão foi um bom lugar
mas tenho de aceitar
já faz tempo que ele me pôs para fora.
Não é de um novo ciclo que preciso agora,
nem que esse termine,
preciso me entender, de fora pra dentro,
de dentro pra fora,
ou talvez,
talvez eu não precise,
talvez eu só precise que o poema termine agora.
Só continuo me perguntando angustiado...
até quando a fuga será a minha Senhora?
Meus poemas estão acabados.
Não consigo mais escrever,
a tempestade me abandonou
e fui o ultimo a perceber
e o que sou sem a tempestade?
onde foi parar toda a intensidade?
já é tempo de encarar a verdade.
Não há novo ciclo a ser iniciado,
estou com medo, paralisado;
onde foi o fogo e as visões?
os mares se acalmaram,
não há mais furacões,
incinerado pelas erupções,
fugindo do maior dos medos
aquele que não pode ser revelado,
trago comigo o- não trago nada
que valha ser citado
e não pertenço mais a lugar algum,
continuo me perdendo
com a esperança de um dia ser encontrado.