Coleção pessoal de petica
Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?
Já é noite. Sinto leves pingos de chuva tocando meu corpo. Olho pro nada e perco-me em minha própria mente. Desapareço. Me desligo do que é real e passo a viver num filme de lembranças que habitam em mim. Sonho mesmo estando acordada. Ouço nossos risos em perfeita harmonia, como se etivessem numa música. Sinto nossas mãos tocando uma a outra, como se fizessem parte de um único corpo, numa demonstração de perfeito carinho. Sinto o calor de seu corpo no meu num abraço apertado e desesperado. Sinto tua respiração no meu rosto e os teus lábios aproximando-se dos meus, até que ouço uma voz gritando meu nome. Acordo ofegante. Percebo que a chuva aumentou e que estou ensopada. Meu rosto fica corado demonstrando minha vergonha. Com olhos adiante e um riso interno volto para casa e para minha realidade. Com os pés no chão digo a mim mesma: foi apenas um sonho!
Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...
Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.
Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.
Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.
Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.
Pelas poesias que vi,
Pelos sonhos que sonhei,
Pelas coisas que curti,
Pelos homens que amei.
Pelo que dei e perdi,
Por ti e por quem nem sei,
Por tudo até agoraqui,
O que sofri e cantei.
Pelo sim e pelo não,
A vida não é em vão!
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.