Coleção pessoal de PersioMendonca

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VÍRGULAS

Entre um livro e outro
um recíproco silêncio,

entre um gole e outro
uma pausa de recesso,

entre um verbo e outro
apenas a palavra certa,

entre um beijo e outro
os lábios são saciados,

entre nós e os outros
a virgula é a diferença,

entre todas as histórias
não temos ponto final,

Se no sonho profundo o ventre verteu,
e se aqueceu de desejos de mim,
é que essa aragem traz o orvalho meu
e te rega como fosses meu jardim

CARTA EM POESIA

Oi amor, estou aqui longe de ti,
mas a distância se apaga na lembrança,
te sinto o dia todo aqui e ali,
quando se ama só o corpo faz mudança,

pensei em escrever simples carta,
mas sei que a poesia não erra endereço,
e quando é aberta faz qual a lagarta,
se transforma em um delicado adereço,

escrevo pra dizer que estamos aqui,
eu e você, todos os dias, em comunhão,
pois hoje mesmo sorrindo eu te vi,
parada olhando o sol tal a flor em botão,

então eu te envio notícias de nós,
estamos felizes e unidos pelo universo,
posto que nunca estaremos a sós,
visto que somos parte do mesmo verso.

PURA ESSÊNCIA

Preciso te contar desse meu amor analógico,
que deixa em teu corpo as minhas digitais
mostrar que sou teu compatível astrológico,
que passeia em todas tuas casas zodiacais.

Solidão, essa terceira pessoa na casa,
ocupando a todos espaços com vazio,
os preenchendo com maiores vazios,
é massa disforme, invisível que vaza.

"Ousar o mundo é se atrever por direito de nascença."

É SIMPLES!

Anda!
Vem calar a saudade,
vem encurtar o tempo que foge.

Corre!
Contra os contratempos,
contra o sentido da rosa dos ventos.

Foge!
Deixa o lugar habitual,
deixa pra trás a vida sem sal.

Embarque!
Nas nuvens de minha estação,
nas quimeras dormentes da ilusão.

Anda!
Contra os contratempos,
contra o sentido da rosa dos ventos.

Corre!
Deixa o lugar habitual,
deixa pra trás a vida sem sal.

Foge!
Nas nuvens de minha estação,
nas quimeras dormentes da ilusão.

Embarque!
Vem calar a saudade,
vem encurtar o tempo que foge.

Anda!
Deixa o lugar habitual,
deixa pra trás a vida sem sal.

Corre!
Nas nuvens de minha estação,
nas quimeras dormentes da ilusão.

Foge!
Contra os contratempos,
contra o sentido da rosa dos ventos.

Embarque!
Deixa o lugar habitual,
deixa pra trás a vida sem sal.

Anda!
Nas nuvens de minha estação,
nas quimeras dormentes da ilusão.

Corre!
Contra os contratempos,
contra o sentido da rosa dos ventos.

Foge!
Deixa o lugar habitual,
deixa pra trás a vida sem sal.

Embarque!
Vem calar a saudade,
vem encurtar o tempo que foge.

IDADE SEM VAIDADE

Aquela casa lá embaixo,
com a árvore na frente,
é a minha casa,
a arvore é da minha infância,
veja as flores violáceas,
estão em botão
e logo florescerão,
e o muro amarelecido
este envelheceu comigo,
é meu amigo tenho histórias,
algumas velhas, outras novas,
feito o sabiá que ali está,
ambos adejamos,
cada qual a sua maneira,
ele alado
eu sem penas
a não ser as da poesia.

Naquele gramado tão verde
era eu a criança que ria
e aquela balança
foi a justiça da minha infância,
feliz infância, muito feliz infância,
hoje estou velho,
demoro mais no meu passeio,
porém ganhei em contemplação
aquela casa lá embaixo
com a árvore na frente,
me ensinou que a vida
é muito mais que uma simples ilusão

ATREVIDO

Quanto mais escrevo,
mais me atrevo,
por natureza já sou atrevido,
me jogo nos versos,
e perco todos sentidos,
mas encontro cada sentimento,
nem que seja por um instante,
nem que dure um momento,
me atrevo por qualquer motivo,
não me contenho,
a poesia é que me contém,
mas por favor,
não contem a ninguém.

.

Ah Sou poeta. Ah! Sou poeta
grandes frases na pequena pena
Ah Sou poeta. Ah! Sou poeta
crio tempestades em águas serenas
tenho pena de quem não tem pena

Partiu a lua com dó dos amantes
bem queria ficar um pouco mais,
encobrir na penumbra meus ais,
mas já vai ela sumindo e distante.......

Tinta
na ponta da pena,
pinta a palavra pequena,
sinta!
menina serena,
até tua pinta é poema.

POESIA ÀS CRIANÇAS

A girafa olha por cima do muro.
com seu enorme pescoço duro,
querendo saber porque o gato,
enquanto miava, voava sapato.

INSTANTE TRISTE

Hoje está triste a noite, sem lumiar minh’alma,
e mesmo assim uma fagulha de alegria, resiste,
insiste no íntimo, deita a minha dor com calma,
luto contra tal mutante ferida fria, que persiste

INTEIREZA

Tudo que tenho é por inteiro,
é intenso, completo, certeiro,
nada me preenche na metade,
nem mesmo, medo e saudade,

sou a parte completo do todo,
o visco inteiro e verde do lodo,
peça que fecha quebra cabeça,
o final onde tudo mais começa.

O amor está em mim até o fim,
plantado bem cravado no peito,
arraigado na raiz de meu verso,

se enterra e espalha feito capim
e me serve de estrada e de leito,
é completo, pois é meu universo.

VERSO É BICHO DE PENA

Minha metade é plena, e se plena é, metade não pode ser,
minha poesia é pena, e pena sendo tem o dom de voar,
meu amor é completo, e por assim existir a tudo pode ver.
meu verso é perene, ao mesmo tempo fugaz, é puro ar.

LICENÇA PARA AMAR

Escrevo por excessos e exceções,
talvez porque escreva para ti,
e se exacerbam as minhas emoções,
crio neologismos, hiperbolizo,
abuso da licença poética aqui e ali,
e continuo a versar fácil e versátil,
te exulto, exalto em cada nuance,
és da minha inspiração a amante,
já não sou mais sequer poeta,
posto que me confundo a poesia.

Rabisco minhas linhas rebuscadas
com palavras já a tanto usadas,
racionalizo apenas o supérfluo
o essencial, esse eu sempre sublimo,
meu sentimento é primoroso
assim exagero,extrapolo, alucino,
destilo esse bem gostar melífluo,
tinjo meu verbo com exuberâncias
que aprendi nos jogos de minha infância,
posto que me confundo a poesia.
E se algum dia alguém me perguntar do por que,
responderei simplesmente: Por amor, nada mais.

O mar vaza, na praia, com indiferença,
resiliente como tua presença ausente,
cobre a terra com posse, prepotência,
envolvendo tudo menos tua carência.

RESPINGOS

Pinga a chuva, preguiçosa, lá fora,
escorre no vidro qual lágrima fria,
céu preto, névoa clara, fotografia,

pinga tinta de minha pena, apenas...

Verto em gota triste pela menina,
dos olhos, perda que me devora,
nuances da felicidade, de outrora,

pinga meu verso silente, nascente...

Despeja salgada, na pele olvidada
a marca indelével da dor inaudível,
que um dia julguei seria impossível

pinga goteira em tímida, cachoeira...

Ritmado compasso ocupa o espaço
crescendo em flor na forma de dor,
aponta para um outro sol seu calor.

pinga tinta de minha pena, apenas...
pinga tinta de minha pena, apenas...

O amor é o infinito que existe entre o começo e o fim.