Coleção pessoal de PedroCam
Ouço, vejo e sinto
Ouço carros passando na rua,
Ouço latidos do cachorro do meu vizinho,
Ouço canções sinceras de um morador de rua,
Mas e o som da tua voz? Por onde anda?
Para onde foi? Não a ouço mais...
Vejo pessoas de expressões vazias e corações cheios,
Vejo casais sorrindo ao pensar no futuro,
Vejo pessoas em busca da sua felicidade.
O que sou? Humano. Quem sou? Não sei.
O que sinto? É difícil...
Sinto cheiro de coisas novas,
Sinto cheiro de novos amores,
Sinto cheiro de futuro...
Mas quem é que disse que penso em futuro?
Consequências
Meus banhos andam mais demorados
Por conta de meus pensamentos.
Pensamentos esses que tomam
Minhas manhãs, tardes e noites.
Uma vez me contaram que, amor de verdade, existe.
Não levei muita fé...
Agora estou em busca de meus possíveis erros
Que por consequência afastou esse tal "amor" para longe do meu bem.
Venho em busca de uma solução,
Não para acabar com meus problemas,
Mas sim, para acabar com minhas angústias.
Meus batimentos cardíacos permanecem estáveis.
Nunca mais senti aquele aperto
Seguido de uma leve acelerada.
Anseio
Como naquele parque em que te vi sorrir
Como naquele sonho que te senti me beijar
Como naquela vontade de te abraçar
Como naquele dia em que te vi passar
Como naquela vez em que te perdi no ar
Como naquela vez em que te procurei e você não estava lá
Como naquela vez em que te chamei e você não escutou
Como naquele vez em que você partiu e me deixou
Meu anseio, é te ter
Meu anseio é te querer
Meu anseio é te viver
Talvez seja verdade
Talvez seja mentira
Talvez seja... Realidade
METADE
Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...
Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão...
Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.