Coleção pessoal de pedro_trajano_de_araujo

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⁠Eclipse

Ela abriu a porta e lhe entregou as chaves do seu coração sem hesitar, como quem recebe uma visita esperada, sem nada nas mãos. Ele aceitou entrar. Não lhe prometeu nada, como ela sonhou, nem fez declarações apaixonadas, como ela idealizou, mas com a quietude de quem simplesmente está ali. Presente e ausente, em um equilíbrio frágil.
Enquanto o eclipse cobria a lua, eles se fundiram em um instante que parecia eterno. O silêncio entre os dois parecia um acordo tácito, mas talvez fosse apenas a aceitação dela. Entretanto eclipses não duram. Quando a sombra se dissipou e a lua cheia preencheu o céu, trazendo luz à noite, ela percebeu o vazio que restou, como uma ausência impregnada no fundo do seu ser.
Ele partiu sem alarde, deixando para trás uma ausência quase física. Um amor que nunca foi por inteiro, que deixou apenas cicatrizes e mágoas, mas que, de alguma forma, a marcou profundamente. A carência, pensou ela, é um monstro que só ataca quem a alimenta.

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⁠Sextou

Lá vem o desejo de escapar do tempo,
Um fim de tarde para fugir do contratempo.
O happy hour virou garantia de fuga,
Dessa rotina que pesa e suga.

Sextou, a rota de evasão tão esperada,
Um intervalo marcado pra alegria contida.
Um dia específico pra dopamina, tão rara,
Datas no calendário para lembrar de viver.

⁠Livre-Arbítrio

Quantas escolhas cabem em um livre-arbítrio?
Cada decisão — um leque que se abre?
Um passo ao lado, um novo olhar
um podcast ouvido, uma mensagem sutil.

Quanto de nós é escolha pessoal
quanto de nós é influência externa?
Entre o destino e o passo que tomamos
em quantas direções podemos seguir
quantas versões de nós são, de fato, nós mesmos?

A linha que separa nossas escolhas
é tênue e, muitas vezes, influenciável.
O livre-arbítrio — é questionável!

⁠Quinze anos, uma jornada

Quinze anos provados em desafios
Houve risos e celebrações
Teve lágrimas e decepções
Mas nosso laço é forte
À prova de divisões.
Somos namorados, sem idade ou limite
Teu amor me completa, doce e sincero
És meu abrigo, meu lar, o que sempre espero.
Nosso amor gerou frutos
E um deles chamamos de Emanuelly Helena
Paradoxo de bagunça e vida plena.
Cada instante ao teu lado é viver
Sou tão feliz sabendo que me amas
Seu amor me chama, coração em chamas.
A vida, com suas reviravoltas, nos ensina que o verdadeiro amor não é apenas feito de momentos felizes, mas também de superações e desafios. Neste poema, quero celebrar esses 15 anos ao lado de alguém que, mais do que uma parceira, se tornou meu abrigo.
Espero que as palavras deste poema toquem o coração de quem entende que, apesar das dificuldades, o amor verdadeiro se fortalece com o tempo.

⁠Sorriso Fácil

Na alma de uma criança
Mora o riso.
Um dia também fomos meninos
Mas muitos de nós
Esquecemos como é o badalar dos sinos.

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⁠Diálogo Sobre a Esperança

— Há, ainda, esperança?
— Sim! E por que não haveria?
— Tantas guerras, violência, corrupção, polarização...
— Mas você não acredita que exista alguma bondade no mundo?
— Existe! Mas parece tão escassa diante de tantas tragédias...
— Então, ainda existe esperança.
— Já não sei mais.
— Às vezes, ela se oculta no cotidiano.
— Será mesmo? Como posso descobri-la?
— Comece por deixar de tomar café com notícias ruins.
— Acha que isso realmente vai ajudar?
— Não resolverá todos os problemas, mas pode iluminar sua perspectiva.
— Não sei se é tão simples assim.
— Não é simples; é necessário.
— Mas isso é o suficiente?
— Talvez não sempre, mas é um passo significativo na direção certa.
— Você não tem uma receita pronta?
— Não. Certas estradas só se abrem ao toque dos pés do caminhante.

⁠Palácios de Likes Vazios

Vendedores de sonhos forjados em ostentação
Inflamando vaidades com falsa exibição
Nas vitrines digitais, luxos ocos e frios
Vivem em palácios de likes vazios
Enquanto exibem o brilho que não têm
Esquecem que a verdade mora além
Influenciadores de farsas, que ecoam ilusão
E quem dela se alimenta, afoga-se na solidão
Na busca incessante por um sorriso alheio
Perde-se o calor de um abraço verdadeiro.

⁠Pausa

Entre o som e o silêncio, a calma flui
A melodia repousa, e o dia se dilui
Respiro leve, em pausa na correria
A vida me chama no meio do caos
É preciso paz para alcançar a harmonia.

⁠O Olhar e o Silêncio

Queria poder não escrever nada
Apenas ficar olhando o horizonte
E você entendesse o que vejo
Sem lhe dizer uma única palavra.

O silêncio falaria por nós
O dia se despedindo à distância
A beleza exposta aos nossos olhos
Falando com calma, tocando a alma.

⁠Amores Ofertados

O cigarro lhe queimava as pontas dos dedos
A bituca fumegava na noite escura
A fumaça ganhava o céu naquele inferno
A madrugada se aproximava, era inverno.

Na esquina quase escura, alguém surgiu
Passos lentos, caminhar sem brilho
Batom vermelho, silhueta em cifrão
Tão tarde, o preço baixo, amargo e cruel.

Sem glamour, sem luxo, sem perspectivas
Apenas amores em ofertas
Sem nome, sem futuro, só a rotina.

⁠Juntos

Você um dia me perguntou:
— Até onde eu iria contigo?

Respondi:
— E o infinito tem fim?

Aqui estamos...

⁠A Infância Não Perdida

Infância não é só uma memória antiga
mas a chama que arde em segredo
nas horas de silêncio em que a vida abriga
o rastro do medo, escondido em guetos.

Ela é parte do que somos, sempre presente
paleta de cores em meio ao cinza
um coração pulsante, eternamente
que o tempo jamais leva, embora tente.

⁠Partes que me Formam

Há dias em que uma parte de mim permanece adormecida na noite anterior, não se levanta para me acompanhar até a cozinha, onde compartilho o suco verde e o café da manhã com minha esposa e filha. Enquanto o aroma do café se mistura ao riso leve da minha filha e às palavras carinhosas da minha esposa, percebo que elas representam uma parte fundamental de mim.

Em algumas ocasiões, a parte de mim que ficou embaixo das cobertas sai para me encontrar e formar o meu eu completo — seja pela manhã, pela tarde ou pela noite. Há dias em que essa parte de mim, que não é melhor nem pior, prefere não sair ao meu encontro; então, busco por ela no dia seguinte. Desistir, jamais.

⁠O Abrir da Porta
É noite e eu estou sozinho no quarto
o vento uiva como um cachorro selvagem
regozijando segredos incontáveis.

E a lua, inquieta
mexe-se entre nuvens
Fecho os olhos, e o mundo se dissolve.

Com um toque sutil da chave a girar
meu coração menino estremece, ansioso
a fechadura rende-se, sem resistência
como a noite se entrega ao amanhecer.

Então abro os olhos
Pra ver você entrar.

⁠Eu

Eu
sou mais eu.
Mas
o meu eu
tem empatia
pelo seu eu.

⁠Formiga

Formiga, amiga
Siga sua trilha
Sua sina
E ensina
Que a vida
Com rotina
Não desatina.

⁠Um cavalo no telhado

Um cavalo no telhado
Imagem marcante
Desconcertante
Intrigante
Como a pobre criatura ali foi parar?
Instinto de todo animal querendo se salvar!

Um cavalo no telhado
Em terras do Rio Grande alagado
Inusitado
Ilhado
Desolado
Em meio à tempestade
Será este um dos sinais do fim dos tempos
Ou nosso tempo dando sinais
De que estamos degradando demais?

Um cavalo no telhado
E as águas que afogam um estado
Cobrindo casas e plantas
Destruindo os Pampas
Inundando
Isolando
Afundando
Matando.

Um cavalo no telhado
Depois de dezenas de horas
Sendo salvo diante das telas
Mexendo com uma nação
Comoção
Emoção
Transformação
De um anônimo animal
Em símbolo de resistência
Por sua vontade e paciência
Fez de um velho telhado
Um castelo
Ganhou até um nome:
Caramelo.

Um cavalo no telhado
Nos fará pensar?
Quanto dessa tragédia
É fruto da nossa negligência
E quando tudo passar
Mudaremos a mentalidade
Ou o CEP da localidade?

____Pedro Trajano_

Grata por suas doces e incríveis bençãos Senhor Todo Poderoso

⁠Prefiro os equilibrados aos loucos
Com os primeiros, o diálogo acontece
Enquanto nos segundos, a incerteza cresce
Assim, prefiro os equilibrados aos loucos.

AMIZADE
Não é receber, é dar.
Não é magoar, é incentivar.
Não é descrer, é crer.
Não é criticar, é apoiar.
Não é ofender, é compreender.
Não é humilhar, é defender.
Não é julgar, é aceitar.
Não é esquecer, é perdoar.

Amizade
é simplesmente amar.