Coleção pessoal de Pedmac123
Poética
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
O problema do fogo é que todo mundo tem medo de se queimar, mas ninguém quer ficar no escuro, muito menos no frio.
Fronteira da Sanidade
Pergunto-me todos os dias
A todo momento, constantemente
O quanto sinto
E quão pernicioso é esse sentimento
Quero-lhe muito
Tanto e amiúde, sim
Quero poder ter-lhe
Sendo apenas quem sou
Não posso oferecer mais do que isso,
Talvez nem proteger-lhe de mim mesmo
Mas me sinto incompleto a todo momento
Menor que o infinito do seu sorriso
Meus sentimentos se confundem
Quando neles lhe encontro
E se sinto o seu cheiro
Fico lento, acelero
Talvez seja assim,
Sem porque, sem explicações
Quero que saiba que penso você
Mesmo quando deveria me afastar
Talvez saiba que sinto isso,
Mas saiba que também tenho medo
De acabar destruindo
Algo que temos, ou assim acredito
Guerra de Rotina
Na arte expresso uma parte
Que não mais reflete em meus olhos.
Faço da face o fragmento
Que a mim não pertence
Sinto e exalo sentimento
Sem mostrar aquilo
Que não mais está oculto
Penso. Falo. Canto.
As vezes também danço.
Mas, em si, a mascara frequente
Disfarça a disputa presente
Em meu cotidiano
E assim como fumaça
Dissipo ao me entregar
Restando-me esperança
Não disfarço.
Faço
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
O Ser Humano engana-se ao pensar ser o mais sábio, mais inteligente ou mais evoluído, pois tudo o que julga ser errado, reproduz ao sentir-se vulnerável.
Quanto mais se aprende revolucionar, menos se revoluciona, pois o poder atual é baseado no controle do ignorante.
Assim como todo o reino dividido é desfeito, toda a inteligência dividida em diversos estudos se confunde e enfraquece.