Coleção pessoal de PauloAragaoMacedo
OS EXTREMOS DA VIDA
Nada tenho contra o progresso, afinal precisamos de um pouco de stress para que a mansidão da vida tenha o seu contraste. Alguns sonham com o sossego da aposentadoria numa praia silenciosa e com vista permanente para o horizonte. Já imaginou... Vinte anos sem uma “confusãozinha” e vendo a mesma paisagem o tempo inteiro! Se a loucura tem uma receita eu acho que é essa... O equilíbrio é uma condição imprescindível na existência humana. Em todos os sentidos da vida temos a necessidade do contraste para que as emoções fluam e a sensação de felicidade nos toque. O ideal seria que todos nós passássemos por extremos: um tempo de extrema pobreza para que a possibilidade de adquirir o que desejamos nos proporcionasse a sensação de euforia que de fato merece; um pouco de extrema insalubridade para que o corpo saudável fosse merecedor de comemoração; um pouco de frio extremo para que o entrelaçar de pernas com a pessoa amada se torne um momento de grande prazer; um pouco da verdadeira fome, não do apetite, para que a segurança alimentar signifique um dos principais motivos de ação de graça; um pouco de solidão para que a compaixão e o amor se tornem o norte da nossa existência; um pouco de desamparo para entendermos o quanto é magnífica a presença da família; e por fim um pouco de desespero e medo para termos plena certeza da existência de deus que surge da construção das nossas convicções.
Estar vivo de verdade é fundamentalmente perceber que todas as condições e situações existem no sentido de experimentarmos de toda sua plenitude; para que no contraste dos seus extremos possamos saborear o maravilhoso universo das emoções.