Coleção pessoal de PaulaVicente

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Despertar

Todo o meu medo
Todo o meu horror
O frio
A dor

Toda minha angústia
E meu tormento
Do ócio ao ódio
Virando desprezo

Tudo parte de mim

E talvez
Nada esteja errado
E todo o mal que eu enxergo
Estava todo em mim
Enterrado

Você não pode se doar a ninguém, se você nunca quis comprar a si mesmo.

Viva intensamente em mil cores porque a vida é um arco-íris que só você pode colorir.

Eu por mim sonhava com você em todas as cores, mas meus sonhos são que nem cinema mudo, e os atores já morreram há tempos.

Leilão de Jardim

Quem me compra um jardim com flores?
borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?

Sou livre para o silêncio das formas e das cores.

Todas as cores concordam no escuro.

O coração tem razões que a própria razão desconhece.

Como são sábios aqueles que se entregam às loucuras do amor!

Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção.

A medida do amor é amar sem medida.

Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval.

Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.

Um coração feliz é o resultado inevitável de um coração ardente de amor.

Amar é admirar com o coração. Admirar é amar com o cérebro.

LAÇOS DE AMOR

Os laços de amor,
São difíceis de desatar.
Quem de amor brincar
Pode até se machucar.
Ficará então a chorar
A ferida que teima
Em não cicatrizar.

Quem não se ama não sabe amar os outros.

Viver é um direito, Amar é um dever, ser Amado Privilégio de poucos!

Saber tratar de coisas externas sem perder a concentração interna, ser místico por dentro e ser ativo por fora; possuir toda a sabedoria intuitiva sem se derramar pela ciência analítica; poder ser intensamente produtivo sem nada reter para si; poder agir sem se perder na atividade; poder guiar outros sem os constranger - quem isso pode fazer é um sábio.

Místico

O ar está cheio de murmúrios misteriosos
E na névoa clara das coisas há um vago sentido de espiritualização…
Tudo está cheio de ruídos sonolentos
Que vêm do céu, que vêm do chão
E que esmagam o infinito do meu desespero.

Através do tenuíssimo de névoa que o céu cobre
Eu sinto a luz desesperadamente
Bater no fosco da bruma que a suspende.
As grandes nuvens brancas e paradas –
Suspensas e paradas
Como aves solícitas de luz –
Ritmam interiormente o movimento da luz:
Dão ao lago do céu
A beleza plácida dos grandes blocos de gelo.

No olhar aberto que eu ponho nas coisas do alto
Há todo um amor à divindade.
No coração aberto que eu tenho para as coisas do alto
Há todo um amor ao mundo.
No espírito que eu tenho embebido das coisas do alto
Há toda uma compreensão.

Almas que povoais o caminho de luz
Que, longas, passeais nas noites lindas
Que andais suspensas a caminhar no sentido da luz
O que buscais, almas irmãs da minha?
Por que vos arrastais dentro da noite murmurosa
Com os vossos braços longos em atitude de êxtase?
Vedes alguma coisa
Que esta luz que me ofusca esconde à minha visão?
Sentis alguma coisa
Que eu não sinta talvez?
Por que as vossas mãos de nuvem e névoa
Se espalmam na suprema adoração?
É o castigo, talvez?

Eu já de há muito tempo vos espio
Na vossa estranha caminhada.
Como quisera estar entre o vosso cortejo
Para viver entre vós a minha vida humana...
Talvez, unido a vós, solto por entre vós
Eu pudesse quebrar os grilhões que vos prendem...

Sou bem melhor que vós, almas acorrentadas
Porque eu também estou acorrentado
E nem vos passa, talvez, a idéia do auxílio.
Eu estou acorrentado à noite murmurosa
E não me libertais...
Sou bem melhor que vós, almas cheias de humildade.
Solta ao mundo, a minha alma jamais irá viver convosco.

Eu sei que ela já tem o seu lugar
Bem junto ao trono da divindade
Para a verdadeira adoração.

Tem o lugar dos escolhidos
Dos que sofreram, dos que viveram e dos que compreenderam.