Coleção pessoal de PaquitoMasiaHerrera

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FOI-SE

⁠mesmo que o tempo passe
mesmo que o relógio não pare
mesmo que hoje seja ontem e amanhã
mesmo assim
um dia o tempo chegará
e não haverá mais tempo
porque o tempo, o tempo parará
naquele momento
e o que faltou estará perdido
tempo perdido

⁠TEMPORAL

tempo, tempo, tempo...
assim poesia e música tocam
um ano, fração humana do tempo de medir
tempo em verso e reverso

como foi?
como imaginávamos que seria?
simplesmente foi como é
foi de saudade
foi de alegrias
foi também de lágrimas percorridas
foi entre abraços e sentimentos
foi de encontros, reencontros
foi de despedidas
simplesmente foi, foi... ficando

o tempo nosso de cada dia
embarcado em asas
alimentado em doses
percorrido em novos motores
conjugado além fronteiras

qual o verdadeiro tempo?
aquele que gastamos em relógios?
aquele que, quando juntos é veloz
e separados parece feroz?

tempo, tempo, tempo
chuva, sol, tempo, temperatura
um novo tempo de um novo estar
marcado por páginas do ontem
a cada folhear preencher, reescrever

eu, ELA, nós, nós com ela
ela ensina
ela dói
ela muda o tempo
o tempo que ela nos dá para aprender e responder

anos, números do tempo humano
um tempo
apenas
mais um tempo

SOPRO⁠
assim é
tal qual vento
que move
que revela
desvendando seu protagonizar invisível
assim foi
um sopro
mais um

MINGUANTE
Lua nua crua
Crua como a cura
cura nua
despida como a lua

⁠EFE

foi
foi ficando
foi febril, federal, faceira
falava fácil
fabricava fatos felizes
faro, farol, fabulosa
fazia
fazia ficar
faz falta
faliu-me

VIRTUAL
⁠uns vão, outros vem
uns vem e vão
uns curtem
descurtem, discutem
assim é o ser

será que é?
ou simplesmente não é?

ou… apenas um avatar
algo virtual
que apenas finge estar?

verbos efe, F!… finge, foge, farreia
fácil falar
verborragiar
desvirtuar

SIMPLESMENTE FUGIRAM
naturalmente por si só
hoje lágrimas correram
soltas, livres
sairam incontidas
percorreram pelo externo
o interno
uma forma líquida
do sentir
da dor e alegria fluida
tidas
era uma de dois
de tanto percorrido
vivido
sentido
o sentido escorrido
naquela lágrima ida

⁠DOIS DE NOVEMBRO

são oito e vinte
me deu dor
de onde não estou
dor do ardor
do estar
seja como for
porque não há dor
nesse amor

⁠louco é quando já dá saudade
mesmo antes de acabar
quando o futuro e o pretérito
tocam o presente
do despertar

⁠fácil sonhar
difícil dessonhar
fácil dizer
difícil desdizer
fácil pensar
difícil despensar
mesmo difícil
facilite

⁠Pena, pena, pena
apenas há penas

⁠quando toquei tua boca
despertei
foi a porta de entrada
aberta
sem trancas
onde a direção muda
onde o som
e o silêncio se unem
uníssono sonho adiado
tocado
era tua boca
agora minha
acordei

⁠os filhos, as vezes, machucam
quando crescem
crescemos
filhossomos
também

⁠tem coisas
que a gente nem sabe
que serão
coisas essas
que já deixam saudade
do que ainda
não foi

⁠se a vida te diz: vai
vai!
mas... não te afaste de ti

é nos velórios que os filmes passam, onde vemos nosso filme e nossos protagonistas, coadjuvantes, nosso roteiro, luz, direção, rumos, nossa arte de desenhar nosso roteiro, para alguns drama, comédia, ficção... cada um no seu tema.

o melhor de tudo é que há um ao redor um elenco que justifica filmar, rodar e ver que sozinho nem capim é feliz, porém temos que saber que podemos estar sós, mesmo em meio a multidão e saber ser feliz conosco e com o que nos cabe cumprir.

⁠o tempo nos “encranha” saudades até do agora, do ontem, então que bom que estou esculpindo saudades em mim, e projetando revisita-las para as emoldurar no seu lugar.
eu quero ser riso, só riso, mas sou lágrimas por vezes, temos que atuar por mais risos, risos é o que deveríamos ser, eu quero que riam, porque se lacrimejarem é porque juntos rimos, passamos bem, e aí valeu ser.

quero escrever, quero escrever filmes, e fazer, atépode ser que não aconteçam, masexternados ganham vida e cena, nem que sejam para um só, que pode ser eu mesmo, que valorizem quem valorizado merece ser, quero tão e tanto coisas que não pesem que passem o relógio sem observar e no tempo passado na minha vez sejam apenas leveza a me fazer flutuar, e porque não lágrimas e sorrisos de um tempo que parece que não volta, mas volta sim, basta fechar os olhos e reviver, o tempo está ali preso em nós

⁠não é só encher o tempo em garrafas plásticas que esvaziam durante o dia, estas que são o melhor bálsamo para a sede de distração do pensar que trai o hoje no amanhã.
não é só separar o tempo em pílulas dele próprio, sedativos do esperar a esperança receitada em drágeas e conta gotas.
não é só arrumar a cama, leito de um suspiro bocejado do sono lento do findar de mais um dia do lado de lá.
voltas, revoltas, quedas, solo, solo pátria que atrai e repulsa, reflexo do novo que tira a base e nos trai.
pontos que marcam e costuram a velocidade do instante desapercebido e sem retorno do desequilíbrio desleal do ainda desconhecido de cada instante.
acordar e perceber o ontem, que o hoje já não mais copia, o espaço que ganha nova dimensão de tempo percorrido, nova programação cerebral do hábito nem percebido através do uso agora racional de um novo passar.
o mover do pé, de um dedo, do levantar, do piscar, do respirar, do engolir sem sentir, sem saber e... de repente se vai, não mais o é, talvez nunca mais.
o que são essas perdas?
o que é e como saber perder?
como ganhar com a derrota imposta escolhida sem saber?

⁠tem asas que nos fazem voar
em páginas vividas
escritas tal qual no solo nuvens projetadas
vagam a passear

⁠Lá do outro lado também há!
Há de estar e lembrar que
lembranças são o hoje do ontem
que vimos passar.
Seja onde for também há.
hÁsia, hÁfrica, hÁmerica.
Paquito Masiá Herrera
Fim do Inverno 2023

⁠11/09/20 abri a sacada da produtora, e fiquei a ver a árvore balançar, pequenos pássaros coloridos de amarelo, verde e cinza saltitavam a frente, o vento movia a árvore, fiquei observando os movimentos e vendo a flexibilidade da vida, onde ali tudo passa, aquela árvore imponente que viu muitas histórias passarem, viu edificações a emoldurarem, e ela na sua sabedoria continua sua jornada, viver e ser vida para outros, valeu o dia, escrevi:

Ramo Somos
estavam eles pousados, aterrizados, pés ao solo
na pátria que agora gira
o ver apenas
sentidos despertos ao sentir o mover
o entorno e sua flexibilidade
voos soltos
saltos nas ramificações flexíveis, trampolins
a vida a mostrar e ensinar
tudo se move, foge de nós,
nós apenas somos um a mais
mais um ponto do ver pausando fragmentos
ponto, não final, apenas pontuado
rever o quão tão e tanto é
movimentos revelados ao flutuar
num simples olhar