Coleção pessoal de PaolaFreitas
Covardemente, voltei.
Enfraquecida. Deteriorada. Aos pedaços. Longe de ti.
A saudade me forçou a voltar ao exato ponto onde ti deixei. Voltei a um Pretérito jamais Perfeito. Voltei, mesmo sabendo que nada adiantaria, mesmo sabendo que você não voltaria, mesmo sabendo que a saudade não é motivo suficiente pra tê-lo comigo, outra vez. Admito, com todos os meus erros e os pedaços quebrados do meu coração, que não ti esqueci. E voltei, além de tudo, porque a minha mente envia, constantemente, impulsos aos meus dedos que se agitam procurando uma forma de ti escrever, de ti gravar e ti reler, sempre e sempre. E eu, obstinadamente, estou aqui, detalhando as tragédias no decorrer da minha vida, detalhando as palpitações do coração quando ti encontram.
Volte sempre.
Morta. Sem você.
E depois de todos esses meses eu continuo com a tua lembrança dentro de mim. Depois de todas essas idas e vindas, tanto tuas como minhas, eu ainda não ti esqueci. Continuo a lembrar-me das nossas conversas, das nossas raras risadas, do teu jeito de me acalentar, da tua maneira romântica de arrumar o meu cabelo.
Definitivamente, me pareces tão distante. Tão longe, cada vez mais profundo. Já faz um tempo que o teu rosto sério me entristece, a tua dura maneira de encarar a vida, tão diferente de mim, me deixa tão sem coragem de tentar. Eu sempre soube que um dia acabaria só que acabou mais cedo do que eu pretendia.
Há tantos meses não conversamos, e eu ainda não superei a dor da minha solidão, a minha mão longe da tua. Os teus cabelos anelados nunca mais foram os mesmos, os teus olhos nunca mais se revelaram com os meus. Alguma coisa mudou, tudo mudou. E agora, estou sozinha, ou melhor, sem você.
Perdi a droga e meu vicio me condena. Posso me considerar morta.
Amor?
Como eu posso falar de algo que me faz mal e depois recua me fazendo bem?! Eu passo um tempo indescritível, tentando descrever o que poderia ser amor, mesmo sem nunca ter vivido um. E faz um bom tempo que procuro respostas.
Já me disseram que o amor é alguém que nunca vai ti magoar. Que, amor é tudo aquilo que ti faz rir rios, rir para sempre. MENTIRA. Não é isso. Eu não acho. Talvez possa ser parte disso. O amor pode ti fazer rir muito, pode ti manter feliz em muitos momentos da tua vida. Mas, eu não concordo que o amor nunca vai ti magoar.
Por mais lindo e mágico que ele seja, vai ti magoar, NA CERTA. Isso porque ninguém vive anos e anos sem corrigir uma palavra que o outro disse, sem deixar de estar do lado pelo menos uma vez. Todo mundo erra, todo mundo desliza, mas, todo mundo perdoa. Eu, neste momento, descrevo o amor como um ato de perdão. Com erros, com desabamentos de sonhos, mas com perdão.
O amor não é alguém em si. Não é uma pessoa, não é o corpo dela. O amor, pra mim, é algo que ti faz rir, ti faz chorar, ti faz feliz, ti deixa triste às vezes, mas, sempre, SEMPRE vai voltar ti dar a mão e falar assim: ‘Vamos, levanta. Agente tem uma grande jornada pela frente. Independente de estarmos juntos ou sozinhos.’
Amar é apoiar, mas apontar os erros. É cuidar para que não se machuque, mas não servir como guarda-costas todo o tempo. É estar junto, mas deixar que por um momento viva sozinho. É deixar que por um instante o vento toque o corpo dando calafrios. É manter a distância necessária, mas ficar perto quando os braços dele procuram os teus.
Não se ama pela metade, se ama por inteiro, um todo. Não se doa metade da alma, se doa a alma inteira. Não se aposta tudo, mas acredita-se em todo potencial que podem alcançar juntos. Amar é isso. Hoje pode ser tudo e amanhã pode ser nada. Mas ele nunca vai ser perfeito. Ele estará revestido por imperfeições. E cabe a você, a mim, aceitar isso, e procurar viver da melhor maneira possível. Procurar viver como se amanhã fosse o ultimo dia juntos. O ultimo beijo, o ultimo abraço. O ultimo segundo da união perfeita entre dois desconhecidos.
Vazio.
Quando o que ti faltava era um colo, eu ti esperava bem aqui onde me deixastes. Quando as tuas lágrimas já não cabiam a eles, aqui estavam as minhas mãos, ti oferecendo um lenço para enxugá-las. Quando você já não via esperança, eu me encontrava aqui, contribuindo com o meu silêncio, ti acalmando e fazendo você retomar a confiança. Quando as boas possibilidades se afastavam da tua visão, eu estava lá, esperando que me pedisse ajuda, pronta para transformar a dor - que insistia em aparecer toda a vez que eu chegasse perto de ti, ou apenas ti olhasse - em um pouco de compreensão, compaixão. E o que você fez? Estragou tudo; cortou a minha pele com a faca mais afiada, fazendo sangrar o resto do ano.
Eu fui o calor nos teus dias de frio. Eu fui a luz nas tuas noites escuras. Eu fui o sonho mais lindo, quando o que ti sobravam eram apenas pesadelos. E o que recebo em troca? A tua indiferença, o teu descaso, a tua hipocrisia. As tuas palavras dizendo: 'Não, eu nunca ti amei. Aprenda desde já: tudo tem um fim, e poucas coisas tem um começo', isso foi tudo, e bastou.
Durante meses o que eu fazia, apenas fazia, era estar ali; Parada, muda, irracional, em um estado gravíssimo de perda, perda total. E no chão, encontrava-se meu coração espatifado em mil pedaços. Nenhuma palavra, nenhum sentimento, e pela primeira vez, nenhuma dor. Apenas o vazio. Um vazio gritante, horrível e matador.