Coleção pessoal de PalomaBrito
As notícias chegaram antes do vírus.
Logo espalharam a mensagem:
Todos para casa! Fiquem em casa!
Já sentindo falta de ar, fechamos as portas e as janelas
Talvez, em silêncio, a Terra cantasse:
Pobre de mim, pobre de mim
Pobre pangolim
O tempo passou, a vida passou, e o vírus continuou
Do lado de fora dos abrigos de concreto, o mundo mudou
Pássaros cantaram, plantas cresceram, e até o ar melhorou
A Terra, como um corpo vivo que luta pela própria sobrevivência
Combateu o vírus que a machucava com outro
Mas que ironia! Procure como surgiu essa pandemia.
A ganância e arrogância de alguns, que também se escondem e temem
Prejudicou todos
Mas quando tudo passar, reabriremos as janelas
Quando tudo passar, voltaremos a sorrir e abraçar
Então, quem sabe, seremos apenas humanos
E apenas um fraco vírus restará
Livros são armas
Que não precisam ferir
Para vencer a guerra contra a ignorância
Muna-se de conhecimento
E engatilhe seu saber
Para ajudar quem anda desarmado
Nosso corpo é passageiro de um universo em constante movimento
Coloque o cinto e aproveite a viagem
AMOR MEU, QUIMERA
Quando meus olhos encontraram os teus, amor meu, pela primeira vez
Imaginei flutuar num mar cálido, acima das bestas esfomeadas
Que tentavam alcançar meus pés nus com dentes arreganhados
Que surpresa tive eu, amor meu, ao tornar-me uma besta parecida àquelas
Entregando-me à tortura e deleite de tua conquista
Expectativas e apetites invadiram meu âmago
E o reflexo mostrava que era tão ambiciosa quanto as vis criaturas
Tua voz despertava em mim anseios que não me atrevi a resistir
Ávida por ti, capturava cada um de teus suspiros hesitantes
Não me contentei! E a dor de tocar o fogo sombrio da tua alma
Queimou a nós dois, amor meu
Amor meu, o que faria sem ti? Eu me perguntava
Nunca permiti que tal resposta surgisse para assombrar nosso júbilo
Mas a verdade, eu sabia, nos espreitava com o olhar devorador
E logo o inevitável, voraz, destruiu o tranquilo castelo utópico que construí
Quando te perdi, amor meu, que agonia senti!
Afoguei-me em saudade, perdi-me nas lembranças de tuas palavras
Belas, simples e fascinantes. Como poderia não te cobiçar?
Tornei-me folha ao vento e grito interminável que dava por ti me rasgava
Pouca lucidez me restara. Amor meu, por que tinhas de partir?
Tua ausência jamais abandonou minha carne flagelada
De nós dois apenas cinzas sobraram. Estavam em minhas mãos, em minha boca
E então tive que admitir o que mais abominava…
Tu também eras besta, amor meu, por me fazer sofrer tanto por ti.
Maria
Tu és uma força da natureza
E tua eterna presença
Me ensina a viver
Neste mundo de sentenças
Sem tua luz, Maria, eu nada seria
Sem você, mãezinha, eu sequer existiria
Mãe de todas as mães
Como posso expressar meu amor e gratidão?
Nem todas as palavras do mundo seriam capazes
De te fazer compreender meu coração
Minha mãe, Maria.