Microconto
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A fiar, a fatigada fiandeira fazia farto o fosco fogão da família.
Diz que não é ciumenta
mas fala que vai se confessar
e leva minha cueca pro padre rezar.
Microconto
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Dizia que sua luz própria incomodava os invejosos.
Sua arrogância afastou seu único amigo; o fósforo.
Microconto
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Saltitante subia a montanha.
Senti o cume repuxar.
Parei de saltitar.
Microconto
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O índio subiu a rampa.
O Brasil voltou a ser do brasileiro.
Microconto
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Eram tantas as rusgas que as rugas não se faziam perceber.
Microconto
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O elemental água se apaixonou pelo elemental terra.
Foi um relacionamento solidificado.
Que não lhe falte
fé(rramenta) para seguires adiante.
Fé(licidade) é sobre sentir.
A chegada e a partida são no mesmo lugar. Não corra tanto!
Outono
Caem as folhas
Cai a temperatura
Sejamos aquecedores de esperança.
Controversa é a vida.
Perdemos a chegada
Assistimos a partida.
Aprendi a abraçar quando precisei de um abraço.
Uma folha de eucalipto soltou-se no ar.
Amou a liberdade.
Virou borboleta
Continuou a voar.
É mudando que semeamos a semente da mudança.
Poeminha para Bia
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Bia põe o prato
Perto da bacia
A bacia está embaixo
Da pia da Bia
Bia e a pia não se bicam
A pia cai no pé da Bia
A Bia pia
A pia ria
O Azarão Apaixonado
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Subi na bicicleta
Foi queda na certa
Entrei no busão
Fui de cara pro chão
Montei no cavalo
Travei o ciático
Embarquei no navio
Suor e calafrio
Subi no avião
Tontura e indigestão
Dirigindo um carro
Desloquei o braço
Passeando na lancha
Me revirou a pança
Tentei o velotrol
Minha perna deu nó
Me enrolei no teu abraço
Se desfez todo embaraço
Somente no teu beijo
Me sinto inteiro
Sonho o fim da dor.
Sou sonhos.
Sou sonhador.
Escondia-se atrás de sua parede de troféus.
Por conta deles julgava-se merecedor dos céus.
Não espere
amanhe(ser) melhor.
Seja melhor agora!