Coleção pessoal de PabloForzanAbreu

Encontrados 11 pensamentos na coleção de PabloForzanAbreu

Oh, coração fulgurante e acintoso
No etéreo azul voais exuberante
Causais o pranto a quem o amou errante
Em função de seu amor aleivoso.

De atenção quente ao frio doloroso,
Do desprezo atroz e dilacerante,
Fizestes do amor lágrima constante
Afogando-a no sonho impiedoso.

Amai Clítie, a paixão correspondente
E deixai de alimentar-se do pranto
Que a inundou de desamor inclemente.

Certificar-se-á do amor ardente,
Deixarás de fitar o áureo manto
Que a ti ignora constantemente.

Na serenidade de tuas terras
Habita o ser contente, jubiloso,
Que faz do labor um serviço honroso
Providos pela fé que move serras.

Leito que entretanto, fez-se de guerras,
Pelas postulações do'uro vistoso,
Pretérito opulento e belicoso
No qual o Quinto impera, deveras.

Porém, contentar-me-ei ao proclamar,
Ao mundo, de minha proveniência,
Tal qual não contestaria jamais!

Restarás, ao mundo, lisonjear
A incomensurável luminescência
Que habita as serras de Minas Gerais

De tal sistema se fez em meu peito,
Mavioso, transgride a imensidão,
Manto infinito sob qual o leito
Dos amores, se ceva na paixão.

Se instaura em mim o sistema amoroso,
Por vossa vista branda e imponente,
Regido pela lei efervescente
Cuja aos meus olhos, gera o ser airoso.

Constituído de postulações
E por tuas palavras, assi implantado
Gestos brandos e amenas orações.

Que o coração se deixa enamorado.
Assi sendo, tal lei que a vida rege
É o amor pelo qual se submerge.

Círculo Vicioso

Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
– "Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

– "Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna á gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!"
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:

– "Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!"
Mas o sol, inclinando a rútila capela:

– "Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?"

Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

Sejas então diante do Sol, melhor que fostes perante à lua.

E aqueles lindos olhos negros?
Que não podem mais me ver
Onde é que estão agora?
E a quem vão envolver?

Já foram insana alegria,
De meu peito sofredor,
Que hoje chora em demasia,
Desfrutando dessa dor.

Tu és linda flor ausente,
Tão bela quanto o mar,
Deixa, porém, meu coração contente,
Com tua ausência acostumar.

Com a tua doce e amarga ausência,
O sentimento se desfaz,
O que já foi mera dependência,
Se tornou um tanto faz.

Lembre-se de que o sol, que lhe envolve em luz, representa o meu peito, que lhe envolve em amor.

Fazeis de minha paixão
Um afiador,
Para tua espada de desamor,
Ferir um coração.

Se irás amar outro alguém,
Agarrais o meu amor,
Que flutua muito além,
De meu peito sonhador.

Por que me deixaste?
Com essa negra solidão?
Que aquece com frieza
O meu pobre coração.

Por que me deixaste?
Em escusos caminhos?
Por que tu levaste?
Teus meigos carinhos?

Por que, meu amor, por quê?
Me isolastes de teus braços,
Calorosos de prazer.

Pobre de meu coração,
Que não acostumastes com tua ausência,
Que maltrata sem compaixão,
E fomenta minha carência.

E a lua faz meu teto
Andante, vida amarga,
Diante das estrelas risonhas
Que murmuram sobre meus ouvidos.
Mas o que há nessa estrada?
Negra solidão,
Que liberta a merencória ilusão.
Escassa audição,
Nociva e cruel,
Não ouvistes o que as estrelas me dissestes.
Tudo que ouço agora são zumbidos,
De uma brisa gelada,
Que me aconchega,
Me consola, me beija.
Ó, lua, tornastes maior
Que meu polegar,
Não fostes o suficiente
Ser solitária?
Escarnece agora,
De tamanha demasia corneta,
Que palpa com espinhos meu coração.
E caem as estrelas em gargalhadas,
Desfrutando da alheia solidão,
Que na estrada nada tens
Apenas um homem
Com tamanha ilusão.