Coleção pessoal de OPaladino
Desabafo: A verdadeira redação que eu queria deixar na empresa
Acredito que os "nãos" que venho colecionando há um ano me fizeram explodir de uma maneira que eu já estou perdendo as esperanças de achar que sou bom o suficiente para estar dentro de uma empresa. Não é a mesma empolgação que antes sabe.
Cheguei num momento que eu não sinto nada, como se eu estivesse anestesiado. É como se eu já soubesse que não ia dar certo antes mesmo do resultado sair.
Eu cheguei num momento que eu só queria ter a oportunidade de estagiar, independente da área.
E eu não queria desistir e seguir a área acadêmica, porque eu sei que não tenho o dom de lecionar. Aliás, nem todos sabem dar realmente uma aula, e eu não queria fazer uma coisa que não me atrai e atrapalhar na construção dos próximos engenheiros. Além disso, porque eu mataria no grito o primeiro aluno que não estivesse prestando atenção (kkkkkkkk).
Mas eu gostei do que passei durante essas minhas "tentativas em vão 🎶". Não o processo seletivo em si, mas o caminho até chegar lá sabe.
Eu acabei participando mais de entrevistas fora da cidade onde moro do que nela mesmo.
No começo, eu até colocava o endereço atual onde morava, mas as empresas das outras cidades nem sequer chamavam para as entrevistas. Foi daí que eu tive a capacidade de colocar um endereço da cidade onde a empresa estava localizada. Não era um endereço fictício, era de amigos que podiam me dar uma semana para eu me planejar e me mudar depois.
Mesmo assim, eu ia todo animado. A empresa, por exemplo, me ligava hoje de tarde para que eu fosse para a entrevista no outro dia de manhã (8h/9h). E eu nunca reclamei. Saía de madrugada da cidade e chegava na rodoviária e de lá eu tentava ver como fazia para chegar na empresa.
Era um esforço que eu não me importava em fazer, porque eu sabia que um dia daria certo. Mas mesmo assim eu nunca fui chamado. Minha falta de experiência, meu cansaço da viagem, meu nervosismo por chega na hora ou até mesmo atrasado, podia ser algumas das justificativas para não me selecionarem.
Mas como eu falei, eu não reclamava. Eu conheci tanta gente. Tem gente que passa por injustiças no trabalho, tem gente que perdeu gente que ama e isso me fez refletir que não sou o único que está passando problemas.
Então, olhando por esse lado, não foi tudo em vão. Foi cada situação que passei: eu desgastei meu sapato novinho entregando currículo no complexo industrial da cidade; eu já caí na frente da empresa e quando me viro estava o porteiro olhando; um gambá correu atrás de mim e quando eu estava no ônibus de camisa social, os meninos da escola começaram a gritar "me abençoa pastor!"( vê agora o porquê não quero dar aula?).
Olhando o que minha mãe vem fazendo por mim e eu não conseguir nada é o que me deixa mais triste. Eu estou gastando o dinheiro dela para poder fazer essas viagens e volto sem nada. Pior, eu volto com um não. Ela está adiando a aposentadoria para poder me ajudar a me formar e eu não sei mais o que posso fazer pra estar dentro do perfil que as empresas querem.
Então... O que estou fazendo de errado? Onde posso melhorar? Você acha que me conheceu só com uma ou duas horas de processo seletivo? Pode ser que tudo deu errado hoje e eu mesmo assim estou aqui na esperança que algo dê certo.