Coleção pessoal de Oliveirapaula
Dizem que eu ando fria, dizem que eu preciso mudar, mais já tentaram se colocar no meu lugar? Eu já tentei sorrir, confesso. Confesso também que já cai, mais não desisti, já vi, vivenciei e venci. Segundo Renato Russo: É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã, mais as pessoas não se amam mais, hoje elas matam, hoje elas tiram vidas, amanhã elas se acabam. Sofrendo ou não sofrendo, chorando ou não chorando, caindo ou não caindo, forte são aqueles que amam, uma ou duas vezes se for preciso, aqueles que se renovam a cada manhã, a cada por do sol, a cada aurora da manhã, a cada dia infeliz, que não se deixam abalar por uma jornada triste ou um dia frio. Pois somos frutos dos nossos atos e fatos.
E quando tudo permanece igual? E quando não muda? E quando essa coisa monôtoma não passa? Tudo lá fora percorre, ídas e vindas. Os carros percorrem, as pessoas vivem de desigualdade. Enquanto isso a vida lá fora passa e eu permaneço aqui, prefiro a minha companhia, prefiro sentir uma só respiração. As vezes da vontade de ir lá fora, a sacada é logo ali, acender um cigarro e sentir a leve brisa e fazer da fumaça a minha companhia. A fumaça se vai, ela se some ao balançar e o sussurrar do vendo de sul a leste. Quantos cigarros e tragadas serão preciso? Eu tento pegá-las com minhas mãos, não há efeito, mesmo com forças elas desaparecem na palma, assim são as pessoas. Aperto meus joelhos sobre meus olhos, e fico observando as pessoas andando pela cidade, elas andam, os balões voam, mais são como eles, bonitos por fora e cheio de vento por dentro. Por que julgar cada uma delas? Não são algumas... Só pego impulso e falta coragem, para sim como elas permanecer vazia e estarrada naquele solo quente, que o sol deixou de me esquentar e me deixou o frio do interior. Tudo bem, eu continuo aqui tomando impulso, sem recuar, quem sabe alguém possa me segurar.
Tantas ídas e vindas, tantos amores que se vão, tantos sofrimentos, tantas lágrimas caídas, tão pouco amor, tão desamor, isso me sufoca. Quando a gente nasce aprendemos a amar, não aprendemos sobre a ilusão, essas coisas a gente aprende sozinho. Talvez se tivéssemos aprendido sobre a ilusão não teríamos preparados para lágrimas futuras? Em vez de aprendermos a andar de bicicleta aprenderíamos o verdadeiro significado de um sorriso, em vez de errar, aprenderíamos o verdadeiro significado da dor de “cair”. Em vez de correr aprenderíamos a fugir de tudo que nos perturba, de tudo que corrói a alma, de tudo que nos afeta. Em vez de nos deitar, dormiríamos e levantaríamos não de um sono, mais sim de uma lavagem cerebral de esquecimento, de uma vida que passou e sem lembranças, sem retros, sem infelicidade.
Ponto final. Lágrimas não me surpreendem mais, sofrimento já virou rotina, as lembranças causam efeitos… Efeitos de perda, efeito de sentimento pisoteado com os dois pés, efeito de coisas que deixei de viver, efeitos não vividos. As mãos não se tremem mais, os dedos não se firmam, o sorriso aparece fosco, a alma permanece fria, sem espaço para “sentimento.” As roupas estão fria, elas não aquecem mais uma alma vazia, o coração não pulsa e o sofrimento não vai, as estações vão e vem e essa tempestade é continua. A chuva que não para e essa solidão que não passa. O sol se põe mais junto dele ela se esconde. Ela quer viver no escuro, a luz não se acende mais. A casa permanece vazia, sem écos, a voz não tem mais efeito. E ela continua ali procurando esperanças inexistente.”
Ali esta ela, com um lápis na mão tentando procurar razões para todos os sentimentos conturbados e sobrecarregados. Com uma força onipotente e onipresente. Ali esta ela, se questionando da onde que vem tantos julgamentos. Ali esta ela despreocupada com o amanhã. Ali esta ela, sentindo os pingos da chuva ao tocar seu rosto. Ali esta ela, despreocupada com a chuva, assim como as lágrimas, elas caem, sessão, molham, é o fruto de uma tempestade. Logo passa, ou esse sofrimento fica dias, com ele traz ventos que são frio e esfriam a alma. Ali esta ela, nem fria, nem quente… Apenas morna.