Coleção pessoal de olindina
O Grito
“Somos sempre vítimas do grito; do grito que liberta, e também do grito que aprisiona;
O grito que liberta nasce da vontade do pensamento humano construir um mundo melhor, sem máscaras e sem medos; mas o grito que aprisiona brota da irracionalidade humana, visando alienar a influenciável platéia de surdos-ouvintes e mudos-falantes, ecos pobres e conhecidos, porém responsáveis pelo assassinato da inexistente democracia.”
Aquele Olhar...
No turbulento vai-e-vem do dia-a-dia, eu, na distância de minha proximidade, vejo claramente aqueles olhos que ainda ignoro o nome, a me contemplar, como se em silêncio dissesse algo gostoso de ouvir, mas ainda vetado pela boca;
Percebo tudo isso também em silêncio, pois a estrada pela qual nossos pés sem cérebro caminham, existe uma platéia hostil que controla milimetricamente o espetáculo; Platéia esta que vive sustentando máscaras, e teme a revelação do seu verdadeiro rosto, refletido nos artistas que atuam mudos no palco do medo;
E assim, ando em passos lentos, tentando olhar mais atentamente para esse Ser que me inquieta; que me faz refletir, que me interroga em palavras e que através de um comodismo corajoso, me ensina a fácil dificuldade de ser um artista sem voz com capacidade de ensurdecer uma platéia sem ouvidos.
“O ato de escrever nasce da vontade do pensamento humano, construir na imensidão vazia do papel, palavras que mesmo incompreendidas, são capazes de libertar os escravos da inércia”