Coleção pessoal de norbertheinz

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DIÁLOGOS NO QUIOSQUE

Primeiro Ato

Ateu: O Gênesis é uma cena temática!
Cristão: Assim fala o gene da Teoria Sintética...
Ateu: Os fundamentos da genética são comprovados pela matemática
Cristão: E que bem trás ao espirito essa combinação cética?
Ateu: Sabe, perante meu método sua filosofia é apática...
Cristão: E perante minha filosofia seu método não tem ética...
Ateu: Bom, os genes, na sistemática,
São ferramentas e não palavras estéticas
Cristão: Bom, as palavras da minha gramática,
Não são meras palavras de escritas hipotéticas
Ateu: Talvez o Gênesis seja apenas teoria simpática...
Cristão: Talvez o gene seja apenas teoria dialética...

Segundo Ato

Deus: Como pode minha criação ser tão patética?
Evolução: Me destes o livre arbítrio em vez da estática
Deus: Vejo que para o fim caminha a humanidade frenética
Evolução: Lei é lei. Nem sempre justa, as vezes dramática...

Terceiro Ato

Poeta: Discordo plenamente desse fato
Porque meus versos, úmidos de saliva
Ainda serão meus versos, mesmo no opaco
Pois é eterno tudo aquilo que um dia teve vida

Quarto ato

Vendedor: É melhor vocês comerem logo os pastéis antes que esfriem...

LEMBRANÇAS

Já não disputa o assento da janela
Não conta os carros que ultrapassam apressados
Não ouve atento o causo do caipira falante
Não conversa com o senhor atencioso do banco da frente.
Hoje, entra despreocupado demais com o cansaço
Fica em pé para não amassar o terno
(Olhos apenas aos obstáculos da industrialização)
Fecha a janela para não sentir o vento que traz saudades
Aos causos reserva tempo nenhum
Nada conversa com os senhores 'suspeitos'.
Pobre homem! Pobre homem!
Não sabe quão infeliz é seu apático comodismo!
Nem parece aquele menino risonho, que outrora
Acenava, cheio de vida, da janela do ônibus.

DESGOSTO

Não gosto da praia, porque nela
Sinto o nojo da vaidade humana.
Todas aquelas pessoas preocupadas
Com o nu do corpo
Enquanto o mar
Vomita intensamente.
Enfim...
O mar é salgado
E eu gosto de doce
O mar é revoltado
E eu a revolta
O mar usa a força porque lhe falta inteligência
E eu uso a inteligência porque me falta força
O mar faz a natureza brotar das profundezas
E eu faço a natureza brotar do concreto
E no fim
O mar fica lá, preso em sua própria fúria
Como enfeites de vitrine barata.
Enquanto eu enceno o simples da vida
Sem regras ou planos previamente assinados.