Coleção pessoal de ninalencar
Diria mais, diria que é bom sentir ao compartilhar.
Diria que é ótimo desmentir ao roubar.
Diria que é inútil persistir ao aprisionar.
Diria que é duro esquecer, lamentar.
Diria que é romântico o poder de controlar.
E ainda diria, que é inevitável não sofrer ao terminar.
Não quero mais encontrar-me, como sempre desejei desde o início do meu oceano de súbitas e incansáveis crises. Aquele ódio que queria escapar por todos os buracos, hoje não me incomoda mais, acostumei-me a isolá-lo apenas em pensamento.
A vontade de vomitar, esta eu não desejo mais a mim, nem a ninguém. Nem mesmo aquela palpitação, que de início parecia benigna, agora vejo que me dá vertigens.
Os olhos, bem, decidi sempre encarar, cara a cara você descobre quem tem mais coragem e quem tem medo, a velha sutil diferença.
Não consegui prender maturidade em mim, e todas as vezes que ela insiste em aparecer, eu ainda prefiro ignorá-la, esquecendo o fato de que não sou mais criança, ou ao menos não deveria ser. Talvez seja o rosto, que todas as vezes que olho no espelho: nega, esconde a verdadeira idade que deveria transparecer.
Falta tudo, inclusive a vontade de sossegar. Mas ao mesmo tempo há tudo. Todas as sensações, mas de uma vez só. E exageros, meu caro, me enojam.
Mesmo tão cansada, não conseguia fechar os olhos, pensou que poderia ser a luz. Levantou-se, então, desligou a luz, e voltou a se deitar. Ainda assim, seus olhos não se fechavam, talvez fosse a dor de cabeça. Levantou-se mais uma vez, mas em direção a cozinha onde engoliu à seco um ácido, e voltou a deitar-se.
Esperou algumas horas até que o ácido fizesse algum efeito. Uma, duas, três, quatro horas se passaram e os seus olhos insistiam em permanecer abertos.
Ele sabia, que pra ficar ao lado dela teria muitos problemas a enfrentar, mas ele insistia em repetir que não ligava. E prometia parar de elogiá-la, se ela prometesse ao menos tentar gostar.
Se ela quisesse, ele falaria. Se preferisse que calasse, ele calaria. Seguiriam juntos, os dois calados, lado a lado. Talvez, ele olhasse para o lado todas as vezes que respirasse, e agradeceria em pensamento à ela, por ter tido coragem de tentar.
Ele a fazia perder suas inspirações, a fazia procurar as palavras certas, com um pensamento que ia além. Perdia tempo imaginando qual seria sua reação ao lê-la.
O que ele exatamente iria demonstrar quando as mãos, nos naqueles cabelos desalinhados, passassem só para bagunçá-los num ato de carinho.
Não quero mais encontrar-me, como sempre desejei desde o início do meu oceano de súbitas e incansáveis crises. Aquele ódio que queria escapar por todos os buracos, hoje não me incomoda mais, acostumei-me a isolá-lo apenas em pensamento.