Coleção pessoal de NicoleVargas
Numa terra onde ninguém é de ninguém
Sorte tem quem sem algemas
Pertence a alguém
e esse alguém pertence de volta
Não importa quantas pessoas estejam ao seu redor, se uma pessoa não for capaz de entender seus problemas, você está sozinho.
Tenho uma coisa gostosa de, quando uma pessoa me decepciona meu coração doer, por três a quatro dias, depois passar, como se nada tivesse acontecido.
Quando te encontrar por acaso, mesmo se tiver, vou pedir-lhe um trago. Marcar o seu cigarro com o meu batom vermelho. Sei que a marca vai além do vermelho no filtro, a marca é saudade, grande, capaz de dilatar suas veias. A fumaça com saudade vai invadir seus pulmões, mas você não vai conseguir assoprar, porque é tarde demais. Sentirás o sangue correndo em suas veias, e eu estarei te olhando. Você engasgará essa saudade, sem capacidade alguma de tossir para expulsá-la. Eu ainda estarei te olhando, e você não estará mais lutando para tossir, você sempre odiou demonstrar fraqueza, até dará outro trago, o que me despertará aquele sorriso sarcástico que você sempre odiou. Nós sabemos do pigarro em sua garganta, te incomodando, mas você não tosse. E essa sou eu, na sua garganta, que mesmo odiando, sua vontade foi de que eu permanecesse em você, apesar de tudo.
A noite estava fria, mas não tive a oportunidade de sentir. O abraço dele estava quente o suficiente. O calor dos nossos corpos havia se misturado, como num movimento involuntário, até mesmo quem sabe, contra a nossa vontade.
Fazia meses que eu não me sentia tão bem, tão leve, tão em paz. Eu não sabia se tinha encontrado o que indiretamente eu procurava, eu apenas não sinto mais necessidade de buscar nada, eu poderia ficar sob custódia dos braços dele por uma ou duas eternidades.
Minha cama era pequena, e eu não consigo entender como cabia tanto amor nela. Mas também já não importava mais. Nossos corpos estavam totalmente entrelaçados, e eu queria cada vez estar mais perto dele.
Não é só pelo calor que aqueceu meu coração, é pelo carinho, é pelo afeto que de fato me afetou. Vontade de entrar no mundo dele, e apresentar o meu. Vontade de viver tudo junto e de não planejar nada. Vontade de por em prática o que meu corpo pede em silêncio. Beijar, abraçar e amar até esgotar.
Não posso mentir sobre as bocas que beijei e as almas que conheci, mas nada, nada como ele. Eu não precisei de beijos para querer conhecer sua alma. Eu poderia viver longe dele pro resto da vida e da mesma forma me sentiria perto, me sentiria protegida e me sentiria bem, exatamente como me sinto agora. Mesmo com isso tudo que eu desejo, pode ser a falta do beijo que você não deu, pode ser a magia ou o encanto de um sentimento que quando bate a saudade apenas relembro. Com o jeito de me olhar, com o jeito de me comover, seu carisma.. Nada é como você, e nada será sem você. Me toca e me encante, sorria e me ama, me deseje, me beije, seja transparente, me tenha exatamente, exatamente como estou agora.
“Se não me falha a percepção nos beijamos por mais ou menos dez minutos, talvez pra compensar os anos que não existimos na vida um do outro, talvez para evitar o constrangimento da passagem da fase de amigos para coloridos, ou só pelo gosto bom e compatível do nosso beijo.”
De repente percebi que estava sozinha em casa, na verdade parcialmente..minha mãe estava dormindo. Desliguei todas as luzes, roubei um cigarro e acendi, fui pra varanda e sentei no chão. Tenho me sentido tão perdida ultimamente, olhei pra frente e agradeci pelo muro não deixar com que as pessoas me vissem, mas eu podia ver o céu, e as estrelas e alguns vizinhos dos prédios mais altos tinham a liberdade de me vez. Me fiz perguntas, em voz alta, perguntas as quais só terei a resposta ao longo da minha vida que só está no inicio. Dei dois tragos e me sentei no sofá e do meu lado o cinzeiro que parecia estar a minha espera. Quando olhei pra frente percebi que tinha uma vela acesa na parede, próxima ao interruptor que eu desliguei a luz. Se eu não tivesse apago a luz, acendido o cigarro, desistido da varanda, eu nunca teria reparado nessa luz. A luz formava uma figura semelhante a uma flor de lótus, semelhante a um triângulo, não sei explicar. Decidi então brincar, me avisei que o desenho seria eu, a ponta esquerda era a opinião das pessoas sobre mim, a ponta centralmente alta é o que eu realmente sou, e a direita é o que os meus pais esperam que eu me torne um dia. Há uma desarmonia na situação , mas não é o desenho, sou eu em desarmonia com as coisas a minha volta. Pensei com o cigarro na boca, pensei na minha liberdade de poder fumar, pensei também nos amigos que ja me pediram pra parar de fumar, e nos amigos que nunca me deixaram faltar um cigarro e percebi que, não dá pra agradar todo mundo,e eu sou o tipo de pessoa desagradável, porque não me importo em agradar ninguém. Dessa vez não fumei o cigarro até o filtro, apaguei ele na metade, e percebi que a gente precisa pensar com nossa cabeça nos nossos atos, até a realidade cair por terra para nós e nos dar um bom motivo para apagar nossos próprios cigarros sem que ninguém nos ordene ou implore por isso.