Coleção pessoal de neyde_salaverry

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Por vezes chegamos a algumas encruzilhadas em nossa vida, pensando que devemos mudar alguma coisa...
Nem sempre é o melhor a ser feito, portanto, o que devemos fazer é usar blom senso e ponderação antes
de qualquer atitude mais radical...
Ósculos e amplexos,
Marcial


QUANDO ALGO TEM QUE SER MUDADO
Marcial Salaverry


Muitas vezes em nossa vida dizemos que algo tem que ser mudado, mas nem sempre conseguimos definir exatamente o que, ou no que precisamos mudar.
Mas sentimos que algo tem que ser feito, seja na vida pessoal, seja na profissional, quando chegamos a um ponto em que a rotina parece nos sufocar. E daí, fazer o que?
A grande verdade, é que um dos maiores problemas, e que muitas vezes, causa muitas frustrações, é a falta de coragem, ou de decisão, para mudar situações incomodas.
Não nos sentimos bem com o que estamos fazendo, mas por puro comodismo, é-nos mais fácil aceitar a situação atual, do que procurar uma mudança, outros caminhos.
Claro que tal atitude indica insegurança para tentar algo de novo, principalmente quando não temos total confiança em nossas reais possibilidades de êxito.
Isso poderá provocar grandes frustrações no futuro, ao perceber que essa falta de determinação poderá eventualmente provocar algum arrependimento.

Muitas vezes deixamos passar a grande oportunidade da vida, por temer eventuais contratempos, pensando que aquilo que queríamos fazer seria uma insanidade.
Segundo um sábio provérbio chinês, " Insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes." Assim sendo, diz-se que é melhor arrepender-se por algo tentado, do que por algo que não tentamos tentar... Claro, se nada mudarmos em nossa vida, ela prosseguirá na mesma rotina, com os mesmos resultados, e é preciso ponderar para saber se é isso o que realmente queremos, e assim, se não estivermos satisfeitos e quisermos algo diferente, teremos que tomar decisões.

Quantas vezes apareceram oportunidades em nossa vida, que não soubemos agarrar, para não deixar o certo pelo incerto, o que não deixa de ser um conselho sensato, pois se estamos numa situação relativamente confortável, teoricamente nunca devemos fazer uma mudança radical, que poderá colocar em perigo essa estabilidade.
Contudo, nem sempre essa teoria é exata, por vezes é preciso parar para pensar e, pelo menos, analisar a situação que se apresenta, aquilatando-se bem a lei das probabilidades.
Por outro lado, a realização de um sonho pode representar a felicidade, e se eventualmente houver riscos para que se possa ter êxito, acredito que tais riscos podem ser corridos, pois a busca por um ideal compensa uma eventual mudança. Ponderação é o segredo, eis que não quero dizer com isso que é aconselhável largar tudo para ir atrás de um sonho. O que se deve fazer é calcular bem os riscos para não se tomar uma decisão precipitada.

Todavia, se não estamos nos sentindo bem naquilo que nos tem garantido a subsistência, se estamos fazendo algo que violenta nossa personalidade e, de repente encontramos aquilo que pode ser a realização de um sonho, aí, crianças, há que se tomar uma decisão radical e, mandando tudo pro espaço, tentar com todo afinco a concretização aquele desejo sufocado por muito tempo, desde que essa tentativa não seja uma insanidade... Sempre há que se ponderar um pouco.
Portanto... o livre arbítrio é que deve nos conduzir.
Às vezes é necessário perder-se o juízo, mas sempre devemos pensar bem e procurar fazer algo que nos permita fazer de cada dia, sempre UM LINDO DIA...

É importante sabermos usar a Internet para bem divulgar a
amizade, aproveitando o lado bom que ela nos oferece.
Vale a pena espalhar a amizade por todo o canto.
Osculos e amplexos,Marcial


A INTERNET E A AMIZADE
Marcial Salaverry

A amizade e seus efeitos benéficos para a alma, é algo que ninguém pode contestar, e a criatura que for capaz de sentir esse sentimento na alma, pode-se considerar alguem feliz. E a Internet é dos meios usados para que a amizade possa ser bem espalhada entre aqueles que sabem vive-la.
A amizade, sem dúvida alguma, é o sentimento mais lindo que pode unir duas ou mais pessoas. Alguns podem retrucar dizendo ser o amor o sentimento mais lindo que existe, mas, pensando bem, é fácil chegar-se à conclusão de que o não existe nenhum amor melhor do que aquele que é transmitido pela amizade.
A amizade não depende de interesses, pois não se é amigo de alguém apenas por interêsse (quando eu falo amigo, é na verdadeira e real acepção da palavra), só porque ele é rico ou influente, já que isso não seria uma amizade sincera.
Não se é amigo de alguém, só porque é bonita e gostosa, porque aí já existe o interesse carnal, e nesse caso, não se pode dizer que é amizade, convenhamos. Alguns poderão dizer que se pode ser amante e amigo, mas se você ver a pessoa amiga em colóquio com outra pessoa, o máximo que poderá sentir será
curiosidade para saber o que conversam, ou então preocupação, se souber que o interlocutor não é pessoa recomendável. Agora se você ver a (o) amante em
colóquio com outro alguém, a figura muda de negócio (ou ao contrário). De acordo ?
Amizade, meus amigos (considero todos vocês assim, do contrário, não lhes estaria dirigindo esta mensagem), é algo que transcende quaisquer outros
sentimentos, pois não temos ciúmes de nossos amigos, não temos sentimento de posse sobre eles (são nossos amigos, e de muitas outras pessoas também).
Se nossos amigos têm problemas, esses problemas passam a ser um pouco nossos também, e se algo pudermos fazer para ajudá-los, fá-lo-emos, ao passo que se nada pudermos fazer, ao menos conseguiremos, em nome da amizade, dar ao menos apoio moral, oferecer um ombro amigo, que em muitos casos é muito mais importante e necessário do que ajuda material.
E nisso a Internet é de uma valia imensa, pois pode ser usada para a comunicação rápida, mesmo se as pessoas amigas estão longe (filhos, filhas, netos e netas, quando, além de parentes, são considerados amigos, aí é covardia, pois é amizade em dobro...), pois a rapidez e facilidade de comunicação consegue fazer com que sintamos a presença, como se estivessem a nosso lado...
Portanto, a divulgação da amizade é sem dúvida o maior benefício da Internet, apesar dos outros milhares de benefícios que ela proporciona, e que seria exaustivo e desnecessário repetir, pois todos nós usamos e usufruímos deles. Tá certo que ela tambem apresenta uma série de "contraindicações", que igualmente todos conhecemos e como... Mas, por ora, nesta hora, vamos falar dos benefícios que ela pode fazer permitindo o espalhar dessa coisa linda chamada AMIZADE...
Assim sendo, como bons amigos que somos vamos nos desejar mútuamente, UM LINDO DIA, certamente contando com a sinceridade de uma amizade real e verdadeira...

Marcial Salaverry

Como agora estou por aqui, foi por ter sobrevivido às aventuras vividas no Congo.
Valeu muito como experiencia de vida, pois é vivendo que damos o real valor à vida...
Ósculos e amplexos,
Marcial

UM BRASILEIRO NA AFRICA (epílogo)
Marcial Salaverry



Nosso grande objetivo, quando decidimos embarcar nessa aventura africana, era uma tentativa de acertar nossas finanças, seriamente abaladas por algumas besteiras cometidas, e também por motivos de saúde.

Havíamos previsto ficar pelo menos 10 anos por lá, que julgávamos seria o necessário para fazer um bom “pé de meia”. Aliás, o objetivo era fazer os dois pés...

As coisas foram um pouco facilitadas quando comecei a viajar, pois os ganhos triplicavam, como também eram triplicados os riscos de vida que corria. Havíamos reduzido em dois anos a previsão de nossa estadia lá. E poderíamos, talvez, eliminar mais um ou dois anos, tão bem corria tudo.

Contudo, algo estava para acontecer. A política estava começando a se modificar, e o tratamento das autoridades para com os estrangeiros começou a mudar. Sutilmente, mas notava-se que havia algo de podre na Republica Democrática do Congo, e que não era a chikwanga...

Em fins de 1970, eles inventaram um novo documento para os estrangeiros, a famigerada “Carte Jaune”, ou seja, “Cartão Amarelo”, começando assim a fazer algumas restrições quanto a nossa permanência lá. Por causa desse documento, muita gente teve que deixar o País. Como eu estava legalmente empregado, com Contrato de Trabalho em vigor, apenas teria que apresentar um diploma que justificasse alguma especialização. Escrevi para minha família, pedindo que enviassem algum Diploma para lá. E meu sobrinho enviou-me um Diploma de Especialização em Corte e Costura, emitido pela Singer. E eu virei “Tecnicien en Couture”. Com algumas gorjetas bem distribuídas, tudo ficou arranjado. E poderíamos continuar por lá.

Foi quando comecei a viajar pelo interior do Congo. Graças a esse diploma da Singer, permaneci por lá, e pude então viver todas aquelas aventuras.

De repente, não mais que de repente, os ares começaram a ficar pesados. E outras mudanças estavam no ar.

O Presidente Joseph Desiré Mobutu, resolveu cortar todos os vínculos colonialistas, e começou a mudar o nome de todas as cidades, ruas, praças, enfim, tudo que tivesse nome estrangeiro, a começar por ele mesmo, que passou a se chamar Mobutu Sese Seko. A Republique Democratique du Congo, mudou para Zaire. Comecei a ver as coisas mal paradas.

A situação estava nesse pé, quando fui para a viagem ao Kivu, e em Goma, fiz amizade com o Cônsul Geral da França lá, e durante um jantar ele me confidenciou o que iria acontecer no Congo, perdão, no Zaire, e fiquei arrepiado com o que ouvi, pois iria mexer diretamente em nosso bolso, e eventualmente com nossa vida, pois a segurança iria passar a ser insegurança...

Torna-se necessária uma pequena explicação, pois segundo meu contrato de trabalho, meu pagamento era dividido em 75% depositados na Bélgica em francos belgas, e 25% em dinheiro local, mais que suficiente para nossas despesas, pois tinha toda a assistência da firma, no que diz respeito a despesas médicas, farmacêuticas, odontológicas, e também moradia.

Bem, segundo meu amigo Jules, a coisa a partir de 1972 iria mudar radicalmente. Até Junho de 1972, iriam ser proibidos os depósitos de salários em contas no exterior, e o salário seria pago integralmente em zaires... Vi literalmente as coisas ficarem pretas, e resolvi que estava na hora de voltar ao Brasil. Iria aproveitar que já estava com direito a férias, e simplesmente diria Adieu Congo, perdão, Zaire.

Mas havia um problema. Como viria em férias, a firma iria pagar as passagens de ida e volta, mas se eu me demitisse dizendo que não regressaria, a viagem seria por minha conta.

Foi aí que mostrei pra eles o que é o “jeitinho brasileiro”. Vendi o carro, alegando que iria comprar um novo quando voltasse, e deixei o carro encomendado na concessionária. Quase um mês antes de minha viagem, peguei todos os objetos que queria trazer, e cuja saída não era permitida, como peças de marfim e madeira entalhada, enfiei em 8 baús de zinco, chamados de “mal-en-fer” e levei ao aeroporto para despachar como “bagagem não acompanhada”. Uma razoável quantidade de zaires foi suficiente para tornar desnecessária a revista das malas pela alfândega local, e para garantir que seriam embarcadas no mesmo avião em que eu viajaria, para que chegassem comigo ao Brasil. Os funcionários da alfândega de Kinshasa ainda estão esperando que eu leve os sapatos brasileiros que prometi para meu regresso.

Passei os últimos dias, despedindo-me dos locais, e apenas os amigos mais chegados é que souberam que não voltaria.

Dei um adeusinho para Chuttes, Ma Valée, Boulengerie du Parc Hembize, piscina da OUA, e avisei aos crocodilos do Congo que seu jantar brasileiro ficaria adiado sine die...

Senti um friozinho na barriga, quando fui chamado pela alfândega, na hora do embarque. O que eles poderiam querer? Foi apenas para me lembrar que estavam esperando pelos sapatos brasileiros. E eu disse que dentro de dois meses estaria de volta...

O garboso avião da Panam nos levou a Dacar, com escalas em Monrovia, Accra e Lagos.

Com essas escalas todas, tentem visualizar a cena. Neyde, Iara, Alexandre e Marcial, cada qual com três sacolas de mão, precisando carregar tudo em cada escala, já que nada poderia ficar no avião... As crianças quase sumiam debaixo das sacolas com seus brinquedos favoritos...

Em Dacar, ficamos algumas horas esperando a conexão com o avião da Swissair que nos traria ao Brasil. Consegui acesso ao Depósito de Cargas, e constatei que meus amigos da alfândega congolesa, perdão, zairoise, haviam cumprido sua palavra. Lá estavam meus queridos baús, que seguiriam para o Brasil no mesmo avião.

Quando o avião decolou, dei uma última olhada para a África, e mentalmente mandei um adeus a todos os amigos que lá havia deixado. Senti um nozinho na garganta, e meu filho viu aquela lágrima furtiva, e chorou junto.

Havia sido uma bela aventura, foram anos em que pude reavaliar todos meus conceitos de vida.

Vi que solidariedade é o maior veiculo para se chegar à felicidade. Vi que mais do que nunca existe Alguém lá em cima que olha por nós. E como estava pertinho Dele, fechei os olhos, e agradeci por toda ajuda que me deu lá, e que não foi pouca.

E deixo por conta da imaginação de quem quiser, a emoção que senti ao sobrevoar o Rio de Janeiro, ao passar pertinho do Cristo Redentor, ao pisar em território brasileiro, e, suprema glória, tomar um guaraná gelado...

Assim foi a grande aventura da minha vida. Claro que tive que me segurar para manter minha decisão de não regressar, pois quando devolvi as passagens de retorno para a firma em Kinshasa, avisando que não voltaria, por “questões de saúde”, eles devolveram as passagens, com uma bela gratificação, e um novo contrato de trabalho em excelentes condições. Ocorre que eles não sabiam que eu sabia da grande modificação que ia acontecer. Então, fiquei com a gratificação, e tornei a devolver as passagens e o contrato avisando que minha decisão infelizmente, era irrevogável.

Pensei que seria capitulo encerrado em minha vida, pois sequer imaginava que um dia iria escrever minha história africana.

E agora, sinceramente, lamento não ter feito anotações do que vivi lá. Tive que buscar no cantinho da memória as lembranças do que lá passei.

UM BRASILEIRO NA ÁFRICA, relata com fidelidade o que vivi num país que se chamava Congo, mudou para Zaire, e voltou a ser Congo... Como eles estarão lá?

Caso este livro chegue às mãos de alguém que ainda lá esteja, ou que lá tenha vivido, e que chegou a conhecer o “Brasileiro do Hasson”, que receba o abraço que não consegui dar quando resolvi voltar de vez para o Brasil, com muita saudade, e boas lembranças das aventuras lá vividas. Ao escreve-las, algumas vezes tive que parar, para deixar que a saudade falasse através de algumas lágrimas que teimosamente acompanham boas recordações, principalmente os momentos vividos na convivencia dos amigos portugueses que sempre dedicaram uma amizade sincera a este brasileiro maluco...

Quem sabe um dia voltarei para rever locais, e talvez alguém que ainda lá esteja, e enquanto isso não acontece, procuro sempre fazer de cada dia,UM LINDO DIA, e às minhas queridas amizades, desejo o mesmo.