Coleção pessoal de Nevoa09
Hoje, eu tive uma epifania e percebi o quão vital é fazer de tudo para evitar sentir. Sentir é como cravar uma faca fundo nos seus pulmões enquanto está submerso numa banheira cheia de água. Sentir é ter a certeza de que a arma está carregada, apontá-la para sua própria cabeça e apertar o gatilho. Sentir é perder o controle, mover-se em alta velocidade sem saber para onde está indo. Sentir é ter seu corpo encolhido sob uma mesa enquanto seu coração é esmagado por um rolo compressor, e mesmo assim, sentir. Eu sei que algumas destas palavras ou frases podem parecer confusas, mas é a verdade. Não se permitam sentir como eu fiz. Não mintam para vocês mesmos, sabendo que o que desejam que seja nunca se concretizará. Meu conselho é simples: pensem. Pensar é uma arte, uma dádiva, um presente de Deus. Pensar é ter controle sobre si mesmo, é saber quando e como agir, é escolher o caminho a seguir. Pensem, porque se não pensarem, serão dominados pelos sentimentos. Pensem mais e sintam menos!
Em meio ao caos desenfreado deste mundo insano, eu me insurjo como uma entidade ainda mais destemida perante a própria insanidade que me envolve, num paradoxo que só aprofunda minha própria demência. Gradualmente, sob o peso da crescente loucura que me circunda, abraço-a de tal maneira que me torno uma sinfonia ainda mais dissonante neste cenário delirante. Aos poucos, imerso nesse turbilhão, a loucura se entranha em minha alma a ponto de eu vislumbrar a capacidade de realizar proezas que antes pareciam inalcançáveis.
Em um efêmero instante, se me fossem concedidos meros 10 segundos para articular as profundezas do afeto que albergo em relação a ti, e, por um lapso mais prolongado de 10 minutos, a oportunidade de persuadir-te a permanecer ao meu lado, eu proclamaria que uma década de existência é manifestamente insuficiente para abarcar a plenitude da minha ânsia de tua presença. Com ânsia, ansiaria por possuir uma dezena de vidas, a fim de repetidamente experimentar a intensidade de meu amor por ti em um ciclo ininterrupto.
Numa fugaz e efêmera fração temporal de mero decênio, a tentativa de condensar a essência de minha devoção para contigo revela-se uma empresa hercúlea. Tais segundos, contados em escassos dedos, são ínfimos diante da vastidão do sentimento que me devora, como se, em seu íntimo fulgor, ousasse desafiar a própria natureza efêmera do tempo.
Nos protraídos minutos que se estendem como fios da meada, desejo persuadir-te a compartilhar deste mesmo anseio que me consume. Dez anos, quebrados em seus ciclos perpétuos, apresentam-se como um escasso tributo à voracidade de minha paixão. Seriam apenas o início, quando meu desejo, voraz e insaciável, almeja, na verdade, dez vidas, dez oportunidades para, de forma ininterrupta, celebrar nosso amor em uma dança cíclica e eterna. Afinal, o amor que professo transcende os limites do efêmero e busca a imortalidade nos anais de nossas existências entrelaçadas.
Ó vida vivida na agonia minha,
Contemplo minha autoestima em dor explodida,
E atuo como se dos outros não me importasse,
Mas verdadeiramente sei, distante estou do que aparento.
Orgulho inebria meu ser, impossível pedir auxílio,
Preso em abismo sombrio, sem saída vislumbro,
Clamo por alguém, que em misericórdia, me ampare,
E me resgate deste fosso profundo em que me encontro.
A verdade que almejo confessar é a necessidade de ajuda,
Contudo, a concepção de quem seria no gozo da felicidade,
Permanece encoberta, como um véu sombrio à minha visão,
Aguardo, anelo e imploro por um desfecho que me redima.
Na tormenta da existência, eis meu fardo,
Um coração sofrido, em chagas marcado,
Minha alma aflita, em busca de alento,
Esconde-se em véus de orgulho e tormento.
Oh, sublime consorte, que paira além,
Piedade, compaixão, tua graça contém,
Suplico, pois, que de teus lábios doces,
Receba eu o néctar, que os males apazigue.
Incapaz sou de conceber o ser que seria,
Se num júbilo pleno a vida me inundaria,
Mas anseio renascer como ave ferida,
E alcançar, enfim, a paz tão desvanecida.
Que em teus braços, ó divina benevolência,
Encontre refúgio, cura e resplendência,
E que ao romper as correntes do pesar,
Eu descubra, enfim, a luz de me (re)encontrar.