Coleção pessoal de nauriaraujo21

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⁠ Dona Josefa a A Nossa Santa de Natal
Dezembro chega, trazendo o aroma doce das lembranças e o brilho discreto da saudade. Entre as luzes piscantes e o som de risadas, é impossível não lembrar daquela mulher que foi o verdadeiro espírito do Natal para a nossa família: Dona Josefa, nossa Zefinha, a mãe guerreira que transformava deficiências em milagres e tanto
Era sempre assim. Quando a época natalina batia à porta, lá ia ela, determinada e com uma vassoura de palha nas mãos, mede os pés dos dez filhos. Sem luxo, sem exageros, mas com uma vontade imensa de não deixar ninguém sem o que calçar. Pelas ruas do centro da cidade, Dona Zefinha escolheu cada sapato como se fosse uma obra de arte, acompanhado na missão pelo nosso pai, Seu José Sabino, que com seu trabalho árduo garantia os meios para que tudo acont
Na noite de Natal, a casa enche de expectativa. Papai Noel, quase sempre, não vinha, mas isso é um pouco importante. A felicidade era garantida com o vestido novo das meninas, a calça dos meninos e a certeza de que, mesmo sem a tão sonhada bicicleta.
Dona Zefinha não era apenas uma mãe; era a personificação da coragem e da força. Durante o ano, suas andanças pelas ruas da cidade foram sua forma de garantir que nenhum de seus filhos passasse fome ou deixasse de sorrir. Ela saiu cedo, com um pano simples nos ombros e uma determinação no coração que só as mães conhecem. Visitava amigas, batia de porta em porta, conversava com conhecidos e, de forma discreta, trazia de volta o que conseguia: alimentos, roupas usadas, ou até mesmo palavras de incentivo.
Não era fácil. Os dez filhos, ainda pequenos e sem autonomia, dependem individualmente dela. E mesmo assim, Zefinha nunca se queixava. Onde os outros viam obstáculos, ela enxergava possibilidades. Com criatividade e muita fé, ela fez o pouco parecer muito, e o impossível tornar-se realidade. Não havia luxo, mas havia amor. Não havia brinquedos caros, mas havia sorrisos.
Dona Zefinha era mais do que uma mãe; era um líder, uma protetora, uma guerreira. Ela carregava nos braços o peso de uma família inteira, e no coração a certeza de que tudo valeria a pena. Em cada lágrima que secava, em cada palavra de consolo que oferecia, ela plantava em seus filhos a semente de gratidão.
Dona Zefinha, com sua força imensurável e coração infinito, foi muito mais do que uma mãe: ela foi uma santa viva, a guia da nossa família, a luz que iluminava nossos dias,
Dona Zefinha transformava qualquer migalha em banquetes. Seu amor multiplicava o pouco e fazia o suficiente para sustentar a família, não apenas com o corpo alimentado, mas com o espírito cheio de gratidão e amor. Ela sabia que não poderia oferecer brinquedos caros ou luxuosos, mas oferecer algo muito mais valioso: carinho, valores, e a lição de vida
Nas noites de Natal, mesmo quando o "Papai Noel" não aparecia com os presentes sonhados, Dona Zefinha estava lá, com um sorriso no rosto e as mãos unidas em oração. Ela reuniu todos ao redor para agradecer o que tinham e pedir por um mundo melhor. Cada palavra sua era uma prece poderosa.
Hoje, ao relembrarmos sua trajetória, não temos dúvidas: Dona Zefinha é a nossa santa. Não aquela de igrejas e altares dourados, mas a que caminhava pelas ruas da cidade, com um olhar firme e um coração aberto, movida pela fé e pelo amor incondicional aos seus filhos.
Neste Natal, mesmo que ela não esteja mais fisicamente ao nosso lado, sua presença espiritual é tão forte quanto nunca. Sentimos sua força em cada riso, em cada lembrança, em cada oração. Dona Zefinha é a essência do nosso Natal, uma inspiração para seguirmos em frente, com a mesma coragem
Que honrar sua memória vivendo os valores que ela plantou em nossos corações. Viva Dona Zefinha, a nossa santa de natal.

Nauri Araujo

⁠O MONTÃO RACHADO


Narrador:— Meu senhor, minha senhora, vou contar pra vocês uma história que não é de rainha nem de rei, nem muito menos de Trancoso, a história verdadeira de uma família camponesa que não tem terra para plantar. Seu Manuel com sua família, na vida angustiada em sua casa de taipa, com sua única criação, suas 15 galinhas. Do outro lado da cidade vive Seu Tourão, grande fazendeiro, dono de muitas terras, cabeças de gado que não dá pra contar. Certo dia, Seu Tourão bate na porta de seu Manuel TOC, TOC, TOC.
Seu Manuel abre a porta e fala: — Pois não senhor Tourão.
Seu Tourão: — ri: Ha, ha, ha.

Tourão:---- Seu Manuel trouxe uma boa notícia para o senhor, uma proposta de pai para filho, vou fazer de você um homem rico. Sabe aquela terra farta?!, vou destinar para você plantar feijão e criar os porcos. Só quero que no final, nós vamos dividir meio a meio a produção.
Manuel: — Oh senhor Tourão você não irá se arrepender não é minha Mafalda?!
Mafalda:— É sim Manoelzinho, Nossa fia vai estudar na capital no ano que vem. Josefina vem cá!!!
Josefina:— Oi Mainha.
Mafalda: — Minha fia nós vamos colher muito feijão pra comer e pra mode vender.
Tourão:— Sendo assim, Seu Manuel, vou me recolher e no final do ano venho buscar o que me pertence.
Manuel:— Até mais ver seu Tourão.
A família de seu Manuel dá tchau.
Narradora: — Seu Tourão foi embora para sua mansão luxuosa na capital. A família de Manuel (Mafalda e Josefina) caíram no trabalho, muito suor pra terra preparar e pra semente plantar. Foram meses e meses de trabalho. Enquanto isso, o fazendeiro seu Tourão se orgulhava do grande negócio que fez.
Tourão: — Eita que grande negócio que fiz, botar os abestados para trabalhar e pegar só o lucro.
Dias se passaram e finalmente chega o dia de repartir a produção. Seu Tourão bate na porta, PAH! PAH! PAH!
Seu Manuel abre e diz: — Bom Dia Seu Tourão!
Tourão olha para o lado e vê vários sacos de feijão: ---- Eita que a produção foi boa.
Manuel:— Também seu Tourão, olha minhas mãos cheias de calo pra trabalhar de Sol a Sol.
Tourão:— Pois agora vamos para o que interessa. Vamos repartir a produção.
Manuel:— Pois não, foram 500 sacos,250 meus e 250 seus.
Tourão:--- Venha cá Bodão, meu fiel pistoleiro. Coloque esses 250 sacos no caminhão, mais deixe vaga.
Bodão:— Pois não! Terminei.
Manuel:— Está satisfeito Seu Tourão?
Tourão:— Calma seu Manuel a partilha tem que ser justa, né dona Mafalda?
Mafalda:— É Sim seu coronel.
Tourão:— Como vocês concordam, Bodão pega mais 100 sacos e coloca no caminhão.
Manuel:— Que isso Seu Tourão?
Tourão:— Eu sou um homem justo, esses 100 sacos é para pagar as sementes que eu dei. O Senhor concorda comigo?
Manuel:— Tá bom Seu Tourão...
Tourão:— Seu Manoel, como sou um homem temente a Deus, gosto de tudo certinho, por isso vou levar mais 100 sacos, pra pagar o aluguel da terra, afinal a terra é minha. Bodão, leva mais 100 sacos.
Manoel:— Seu coronel, passei de sol a sol pra ter essa produção, não acho justo o senhor levar tudo e eu ficar sem nada, vou pegar meu bacamarte e vamos resolver isso na bala!
Tourão:— Não seja por isso, vou chamar o delegado, ele sim sabe resolver o conflito.
Chega o delegado:— Seu Manoel seja razoável seu Torão é um homem bom, ontem mesmo mandou uma doação para a delegacia e para mim, claro, deixe isso pra lá.
Manoel:— Vamos chamar o juiz porque assim não dá não, não é justo eu ficar sem nada.
Chega o juiz Mororó:— Já entendi tudo e tenho a minha sentença, meu amigo Tourão tá certo e deve levar mais 45 sacos da produção pelo trabalho que teve, e o senhor, seu Manoel fica com a bondosa quantia de 5 sacos, dá pro senhor encher a panela por uns meses e pronto, tá decidido.
Tourão:— Tá vendo seu Manoel a justiça não falha, fica sempre do lado certo, ficamos por aqui, no próximo ano posso ter esse sacrifício de ajudar uma família amiga a ter o seu sustento. Boa noite.
Narrador:— Senhoras e Senhores, essa e a História que se repete no interior do Brasil, onde quem tem a terra manda e a reforma agraria não saiu do papel, entra governo e sai governo e o povo do interior continua na penúria.
E assim termina nossa História.
— Alguém aqui quer fazer negócio com seu Tourão?
Sertanejo: Deus me livreeeee!

⁠O suspiro da alma
O amanhecer na madrugada, ainda paira a escuridão
A espera do sol mostra uma luz com as cores do azul
No fulgor da pele um sentir de calor
Que me faz lembrar de sabor de seu beijo
Na pontinha de seus lábios
Um contingente que lembra felicidade
As curvas deslumbrantes de seu corpo
A rigidez do toque
A beleza incomparável entre as montanhas
No lugarejo que mostra a beleza natural
Que resplandece em minha alma
Todo o amor guardado nos séculos
Se libertam como o inocente reconhecido
O clarão do amor me faz explodir de luz
Sobre a imensidão de seu sorriso
Nas curvas desejosas de nossos corpos
Selando o amor.
Declaração de segunda de carnaval.
Para a dama minha.