Coleção pessoal de natanirisorim

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⁠A vida é um instante:

É aquele dia ameno com quem se ama
É aquele diálogo que pra sempre se recordou
É aquele riso inefável
É o apoio de quem ali esteve e por ali ficou

Um instante é o momento exato em que optamos pelo convicto eterno
Que se passa no tempo
Se estende na memória
E guarda, embaladinho, na gaveta mais utilizada do coração.

⁠Que eu nunca me esqueça de que sei quem sou:

Que pisem,
Desdenhem,
Façam pouco caso por eu ser assim.
Já tentei retribuir a arrogância que transmitiram a mim
E descobri que não é preciso eu me tornar exatamente o que me fizeram
E dar razão para me tratarem assim
Se não gostei, direi
Se eu não disser, não odiarei mesmo assim
Se de graça ganhei o tapa que me deram
Retribuirei com o melhor que há em mim.

⁠8 ou 80:
eu gosto da intensidade, mas é também por ela que me estrepo. Sou oito ou oitenta. Não consigo ser morna. Não sei bancar a indiferente quando a verdade é que estou me corroendo de mágoas e tristezas. Nem ser meio se estou morrendo é de amor!

⁠No caminho:

Ter apoio é tudo, porque mesmo que o esforço não valha, que você não alcance o alvo, não atinja a meta ou fique cara a cara com a derrota, você vai lembrar do caminho. E se nesse caminho você tiver a certeza que alguém (mesmo que um só) esteve ali por ti em todo o percurso, então você terá recompensa maior do que imaginou.

⁠Já passei por muitos lugares, mas são poucos os endereços que contêm a mim.

⁠Há escritos que rasgo.
Há coisas que só se tornam compreensivas permanecendo em mim.

⁠Tudo o que vivo é história, mas selecionadas são as memórias que não me permito esquecer.

⁠Um dia ainda serei a paz
Que exala da presença
Aquela que todo mundo pensa
Estar bem perto a se tocar

Um dia serei eu a alegria
Um riso de amor nunca contido
A beleza de um ombro amigo
E palavra ao pé do ouvido
[mais doce de se dizer

Um dia serei feito ninho
Terei um azul do céu lisinho
Pra onde vão minhas orações
De onde vem os passarinhos

Ainda hei de ser o basta daquela saudade
Da perda doída
Da incoerente inimizade
Da doente partida

E serei somente a lembrança
[do que o outro tem de bom

⁠A vida
A verdadeira vida
Ainda há de vir
Do jeito que Deus planejou.

⁠E querer o bem
E gostar do que faz
E descobrir coisas novas
E poder sentir mais paz.

⁠Estar ali:

Apoio é o que preciso.
D'um ombro torcedor
Das palavras "duras" de um amigo
Dos beijos doces de um amor.

⁠GPS viciado:

A tua localização sempre me chama.
Se d i s t a n t e estou
[a lembrança me puxa para pertodeti.

⁠Previsão do tempo:

Dos dias em que senti saudade
Dois foram de ti
Sumiste feito nuvem
[que o vento carrega
Errando a previsão
De que o dia estava para amor.

⁠ A entrega da flor amarela:

Passei naquela floricultura
Que sempre tem um girassol
Paguei-o sorridente
Pensando somente
Na tua reação
Sempre é bom te ver sorrindo
Independentemente da estação.

Sentimento equivalente:
e se em minha ida deixei-te uma saudade sem fim foi porque levei de ti um amor perpétuo.

Nota:
Eu queria te escrever um poema com a ponta da pena de um pássaro. Eu queria que a lua fosse da cor dos teus olhos. Queria que as flores exalassem teu perfume, e que todo espelho refletisse teu rosto. Minha rua deveria ter o teu nome. Os jornais deveriam noticiar o teu sumiço. Queria poder ouvir teus risos de longe, e que teu choro fugisse da minha presença. Eu só queria que a saudade não soubesse fazer sala, mas, esta noite, ela preencheu a casa inteira.

Às vezes penso que deveria ser mais velha. Talvez para ver a vida acontecer como desde já suponho. Mas ao mesmo tempo que penso nisso, também penso em quem sou. No meu eu, no meu âmago, na minha parte intangível, e que forma o meu caráter. Não que eu desconsidere a experiência contida nos anos. Sei que ela existe! Mas quando olho para mim, não é para vigiar a aspereza em minha pele, e sim os valores que me dão peso por dentro. Sendo assim a idade não vem ao caso; desde que eu me esforce em ser um problema a menos no mundo.

Eu quero uma distância apenas de um braço. Cabendo a minha bagagem, eu nem exijo lugar específico: só queria estar em um canto que no outro tenha você.

Renúncia
Acabou-se a vocação para poeta
Não me chame Poesia! Estou ausente
O “volto já” à maçaneta é puro engano
E frustra os planos de quem só quer chegar
Pois eu tão fui como ainda sou dele
A tevê que me assiste bem sabe
e quem me espia da janela também sabe:
Há dias que não me encontro mais em mim.

A ausência carece de lógica, e a tua não me faz sentido algum.