Coleção pessoal de naninascimento
Linhas e Entrelinhas
Anseio-te,
Imagino-te,
Desejo-te,
E uma infinitude de verbos acompanhados de “te”, de ti.
Muitas palavras desimportantes, que rascunham o que pode vir a ser,
O que não se sabe se de fato é
Uma obra completa ou meramente ou um bilhete pregado na geladeira
Sobram linhas e faltam certezas
Sobram poesias e faltam carícias.
O óbvio se esconde
Entre sorrisos cordiais,
O que de tão óbvio é passível de ser desacreditado,
“Deixa para depois, amores platônicos são sempre tão impossíveis mesmo...”
Somos o reflexo um do outro,
Iguais até no medo
E se...?
E se só eu for igual a você?
E se for um espelho de reflexo único?
Refletirá o nada? O vazio de nós...
Falido
O país está falindo
E nós é que estamos sendo vendidos
Tudo afunda gradativamente
Educação
Diplomacia
Economia
Tudo vai para o buraco
Das dividas publicas
Ou pessoais?
Tanto faz...
O ser humano está falindo
Vivendo de acordo com que lhe ensinou o capitalismo
A escola
E o moralismo
Aprender o A, B, C
É o que importa
Pensar para que?
Nos ensinam a usar uniforme
Formar fila
E concordar dizendo: “Sim senhor!”
Homem “cretinizado”?
Que isso!
Homem alfabetizado!
O progresso está falindo
E o que é a moral e os bons costumes?
Um conjunto de regras
Ainda necessitamos de “regras”?
Estás sim são belas palavras:
“Faça o que tu queres, que tudo será da lei.”
Afinal, qual a serventia daquela que chamamos de consciência?
Tudo falido!
Estamos afundando na nossa lama
Deitados em berço esplendido
Ou assistindo TV na cama.
ESTADO
Estado,
Nação politicamente organizada por leis próprias.
Um povo faminto, atrasado e doente,
Essa é a nossa gente, oprimida e massacrada por um Estado Democrático de Direito.
Afinal, direito de quem?
Democrático para quem?
É o Estado de falência humana e moral!
Que serve a quem?
Assistam aos jornais,
Comprem ideias corrompidas!
Sensacionais promoções que vendem nossa dignidade,
Que nos fazem trabalhar cada vez mais
Para sermos o que não somos e não queremos ser...
Mas não é que veio a calhar essa história de consumir e ter?
Vamos alienar e destruir o ser!
Podemos comprar favores e ganhar esmolas com o título de eleitor, pensar para quê?
Cobram-nos para viver,
Em um mundo que é nosso
Fazem-nos crer na submissão, no “Sim, Senhor!”
E na escola sei sem saber que uso correntes, que tapam minha boca, ofuscam minha mente.
E me dizem: “Mente para ti mesmo, é isso que deves fazer... Amém!”
Proíbem-nos de tudo, é lei para tudo, é a lei do “NÃO PODE!”
Ver TV depois do serviço servil é o poder do Estado sobre você...
Abre essa cabeça!
Saí desse estado de inércia em que o Estado te pôs!
Não importa o que aconteça, abre essa cabeça!
O estado de barbárie, a confusão, a anarquia são fundamentais
São fundamentos dos princípios da liberdade
Não importa o que aconteça!
Nada pode ser pior que a escravidão consentida...
Ensaios
Não é porque estás longe,
Tudo bem, passamos algum tempo sem nos ver,
mas existe o reencontro
As esquinas, nossas peles e a saudade conspiram para isto.
És menino...
Tens meus olhos e pensamentos.
Então vai!
Abraça o vento!
Quero-te feliz
a desfrutar a imensidão de tudo,
Quero que teus sorrisos sejam teus e não meus...
A liberdade é o que te torna perfeito.
É possível se apaixonar por letras? Eu me apaixonei.
Ele foi extremamente sedutor, falou-me de Fucaut, Russeau, Aristóteles, Drummond de Andre e até latim usou, expos ideias e contou-me sobre a esfera dessas; por ele fui apresentada a criminosos e a heróis, passei pela história, antropologia, filosofia e sociologia; vi atrozes sofrimentos e a sutileza com que a justiça deve ser tratada por conta da sua manifesta fragilidade; ao seu lado perdi inúmeras noites, adentrei nas madrugadas; tive afáveis emoções e revoltas truculentas, assim compreendi com um pouco mais de luz o círculo em que subsisto e o que se arvora em meu íntimo; conheci ilustres nomes e revisitei outros tantos; ergui com ele ideologias, construi sonhos e, mesmo que silenciosamente, defendi causas.
Cada vez mais queria estar próxima, conhecê-lo melhor; diariamente me olvidava, por certo período, de tudo o quanto circunscrevia minha volta para fortalecer nossos laços, para que pudéssemos discutir nossas idéias, conversar sobre o mundo, sobre o homem e sobre as leis. Ah! E como isso me fazia bem! Ele saciava minha fome, e cada vez que a saciava ela renascia maior; eram novas perguntas, que exigiam novas repostas, novas inquietações, que precisavam ser apaziguadas.
Porém, como nenhum amor vive apenas de abstração, surgiu em mim a necessidade humana; a que clama por olhares, sorrisos, cheiro, mãos, lábios, braços, faces, todavia, mais do que tudo palavras, afetuosas palavras, palavras só minhas, que fluem diretamente de seus lábios para meus ouvidos ou de seus dedos para meus olhos, de você para mim.
Sim! Sigo movida por palavras, por suas palavras, apenas por palavras...
Deixe-me fazer com que se acostume comigo: com minha voz, mãos, olhos e afagos; que minha presença se torne algo natural, que meus sorrisos estejam nas paredes do seu quarto e meu cheiro comece a se confundir com os pelos do seu corpo; que sua cama tenha o desenho das minhas costas, seu travesseiro o perfume do meu cabelo e seus livros as marcas dos meus dedos; que a minha imagem dormindo se torne algo reconfortante, que meus abraços sejam tão familiares que lhe aplaquem o medo da solidão e que meus olhos lhe tragam mais certezas que dúvidas; que eu seja a calmaria dos seus dias, a cura para a suas feridas, o beijo morno de boa noite.
Não quero ser seu compromisso, e sim sua companhia, a companheira, a risada, o prazer, nunca a cobrança e a incerteza. Quero te entender, ouvir-te, saber de ti - a noção de certo e errado fica para outra hora - antes de qualquer coisa desejo ser sua amiga (lembre-se que amigos à vera são fiéis), quem sabe até sua melhor amiga? Quero discutir filosofia e futebol, saber como foi seu dia e ficar um tempo sem te encontrar, só para depois você dizer que sentiu saudade.
Entristeço-me ao ver algumas pessoas indo embora da minha vida; as queria perto, mas já estão distantes, andando, de costas – vez ou outra se viram para acenar e mostrar que está tudo bem e que foi bom – como quem não mais voltará. Depois só resta a saudade de um tempo que te fez feliz, e que será relembrado em um encontro casual na padaria, em que ele perguntará como vai a sua mãe e aquele amigo em comum, que é mais seu do que dele, ou no MSN dizendo um “oi”, só para saber se você está bem e se já terminou de ler aquele livro ou se cumpriu a promessa de entrar na academia.
Talvez sejam vagalumes, que passam por nós e depois somente podemos ver o seu pisca-pisca ao longe, cada vez mais longe, dando um feliz adeus.
Já que não podem permanecer ao meu redor, a essas pessoas desejo felicidade e boa sorte e agradeço por tudo de bom que me trouxeram e deixo de bom grado o que de mim levaram consigo...
Esse foi um dia casual, tão casual que o acaso resolveu agir e colocou-se ali, bem na minha frente, a zombar dos esforços que desprendi na ânsia me esquivar desses “por acasos” que nos pegam pelas pernas, sobem pelo corpo e (para meu desespero!) instalam-se nos olhos e nos lábios. Mas, quando dei por mim, já estava eu sem reação; a pensar vazio, a sentir vazio, a cheirar uma blusa qualquer impregnada pelo nosso suor, a derramar minhas letras e rabiscos em um papel. Vai-se fazer o que nessas horas? Quem sabe uma prece? Ai de mim que sou descrente das coisas divinas... Porém, existiria algo mais divino que esse acaso soberbo a usurpar-me os sentidos e as vontades? Ai de mim...!!!