Coleção pessoal de NandaaGoncalves
"Primavera em Verso"
Desperta a terra em doce alarde,
com flores dançando em tom suave,
o vento canta, a vida arde
num verso leve que não se acabe.
Borboletas traçam no ar
desenhos livres de esperança,
o sol sorri só de espiar
o renascer da temperança.
Os campos vestem-se de cor,
os ramos brotam sonhos novos,
o tempo abranda sua dor
e pinta o céu com traços roxos.
Primavera, estação do peito,
onde tudo encontra jeito
de florescer sem ter receio —
até o amor, num simples beijo.
"Quando a Chuva Fala"
Cai a chuva, em verso manso,
como quem canta um velho canto,
que embala a terra em doce transe
e lava o tempo do seu pranto.
O som que faz é quase abraço,
um sussurrar de acalentar,
batendo leve no telhado,
como se a vida fosse ninar.
E o cheiro... ah, o cheiro vem
como lembrança de outro dia,
de pés descalços na infância
e alma limpa de poesia.
Cheiro de chão, de folha e vento,
de coisas simples, sem demora,
de tudo aquilo que é eterno
e cabe inteiro numa hora.
A chuva chega sem pedir,
mas deixa tudo mais bonito.
O som, o cheiro, o existir —
num instante infinito.
"Entre o Tempo e o Destino"
Amanda corria entre flores no chão,
José com um riso, coração na mão.
Infância moldada em tardes de sol,
Promessas na alma, sem papel ou anzol.
Na rua de pedra, juraram se amar,
Mas a vida é vento, e o vento é o mar.
Vieram partidas, vieram adeus,
O tempo fechou os olhos dos céus.
Cidades distantes, caminhos cruzados,
Sonhos calados, corações adiados.
Mas mesmo o destino com planos tão seus,
Não apaga amores escritos por Deus.
Anos se foram… até que um dia,
Na mesma cidade, de volta à magia,
José a reencontra com o mesmo olhar,
E Amanda sorri, como a recordar.
Sem dizer nada, o abraço falou,
Que o tempo passou, mas o amor ficou.
E ali, sob as folhas do velho jardim,
Começa o agora, sem fim, sem fim.