Coleção pessoal de murilo_oliveira_gomes
Acredita que um sorriso contido, Aquele que se lê nos olhos e se esconde
Por trás da mão, de modo tão introvertido
Tanta luz emite e beleza corresponde Ao ponto de prender-me atento
E despertar uma paixão feroz
Qual um naufrago a muito perdido e sedento
De salvação ao seu vazio e solidão atroz
Acredita que alguém pode brilhar Brilhar tanto que sua luz emite calor Que sua presença aos sem luz
De seus lampejos, os faz também iluminar,
Pois são tomados por sua graça e furor
Arrebatados na beleza que sua luz traduz
Então acredite, pois eu te vi e não posso negar
Linda e radiante a mim, de traços que me viciei em notar
Indescritivelmente não posso mais negar
Zelo e limites já não me podem conter ou limitar
Amo como nunca sonhei poder
Mais do que houvesse por sonhos a conceber
Amor tão grande, intenso e ainda por crescer e se estender
Raro e precioso para em meu peito cuidar de seu florescer
Amar e amar um dia a mais até meu alvorecer.
Em suas agradáveis palavras escolhidas
Um convite implícito feito à me deleitar.
Nas repetidas e obstinadas sutilezas
De sua leveza e delicadeza preenchidas
Fez-se notar e impôs a mim aceitar
Que não te ver, tu ojerizas.
O convite é tentador, porém não é literal
Se tomado sem cuidado e com imprudência
Não se percebe nas palavras não ditas a incumbência
De transpor o óbvio e adentrar em seu âmbito visceral
Para quem dá um passo além, o tudo sem resistência
Pois o que os olhos não conseguem ver é o fulcral
Não mais "Toma-me" esim "Decifra-me"
Não mais "Invada-me" e sim "Desfruta-me"
Destilaria seu sabor tenro e encorpado se não o fizesse?
Concederia suas notas intensas e destoantes se não deglutisse?
Não, pois seu sabor, a quem preparo não houvesse
É demais ao terreno homem que não se permitisse.
Esta personalidade tão prazerosa
Tem posse de sim um paradoxo
Onde a relevância de seus desejos
Não se saciam em leves gracejos
Mas em prazer nada ortodoxo
E quem a vê, assim como eu a vi
Como eu, em sua liberdade senti
Entende sua face tão doce, mas muito poderosa.
E ao vislumbrar as maravilhas reclusas de sua timidez
Fui envolto de grandioso torpor, embevecido de sua personalidade
Já não podendo sair de ti, pois me acomete a languidez
Desejando que jamais me devolva a sobriedade.
Paixão do passado
Ela esgueirou-se tardiamente de uma fenda do passado
Tomou-me por completo ao entrar no caminho de sua destra
Alastrou-se tal qual incêndio avassalador em seca palha
Mostrando a força que continha, mesmo afastado
O coração foi atingido e, também o dela por precisa balestra
E na flecha, veneno ardente contido que por eles se espalha!
Sua beleza não mais encasulada reacesa à se ver e sentir
A opulência mostrada no esplendor completo do imago
Trazendo cores vívidas de Danaus à minha apreciação consentir
E a suavidade de seu primeiro voo destilando paz ao âmago!
A vida deste vislumbre porém é efêmero
É como o apogeu da dama da noite ao mero acaso
Sua beleza em brevidade se entrega em brilho aurífero
Mas pela natureza momentânea finda-se em rápido ocaso.
Quem és tu que deixa-me em constante conflito?
Tolhe-me a paz ao vislumbre de mero sorriso
Inquieta-me com suas frases todas não ditas
Nos olhares e gestos tão ricos de expressões
As pausas quase sonoras hesitantes de continuações
Das quais resultam sufocadas sensações inauditas
Faz-me sentir o que havia esquecido
Desperta-me o que há muito estava adormecido
E entorpecido, deixo-me guiar a esmo
A despir-me e refazer-me de mim mesmo
Romance que enaltece
Ardor que permanece
Querer que só aumenta
Urgência tórrida e violenta
Espontaneidade vivida que ascende
Loucura prazerosa que transcende.