Coleção pessoal de murilo9
O menino eternamente atormentado ouviu uma canção que não conhecia, mas que já tinha escutado em algum lugar. Como de seu costume achou que aquela canção tinha sido escrita pra ele.
Talvez até pudesse ter sido, mas não era pra ele e por culpa de quem se perguntava? Tolo não sabia que era dele mesmo e mais tarde se atormentaria mais por isso.
Queria um amor eterno, mas não sabia ou não acreditava que poderia existir como tudo o que fazia ele não acreditava, mas ainda esperava.
Todos os dias ele esperava no mesmo local, depois de ter feito as mesmas coisas de sempre, mas pensava em mudar. E o que pode mudar um menino atormentado?
Atormentado por quem? Por ele mesmo, talvez isso ele sabia.
Sempre viveu ou sobreviveu em um lugar que nunca quis nem passar por viagem, com pessoas que nunca poderia se espelhar, mas vivia lá e convivia com essas pessoas.
Acreditava em destino isso o fazia feliz por acreditar no seu futuro, acreditava também que amor viria e o faria feliz, queria amor sincero, amor verdadeiro, simplesmente queria amar.
Mas como todo óbvio ululante de qualquer historia que possa mudar um menino atormentado. Somente uma menina, uma garota, uma mulher. E ele encontrou a menina em que acreditava que aquela era "a menina" e depois, para fazê-lo sofrer ainda mais, ele teria certeza que ela era realmente.
Ela era como o paraíso, tinha escutado uma música e não achava que era feita pra ela, mas era feita, essa era a diferença entre os dois.
Eles não sabiam disso ainda, ele não podia ver pois estava cego desde que a conheceu, não tinha mais percepção de nada, e todos os seus outros sentimentos foram fortalecer o amor, então só tinha amor e mais nada. Achou que a música dela ele que tinha composto. Talvez o maior erro.
Eles eram iguais, em tudo, quase tudo, é.
Quando o menino eternamente atormentado pensou que se tornaria eternamente amado, descobriu no fundo da sua mente, nos olhos castanhos da menina.
Bem ao final, bem nas letrinhas minúsculas, quase no final dos créditos dos primeiros passos, quando já estava quase avançando, progredindo. Ele leu o nome do compositor da canção que ele sempre pensou em escrever e que tinha pensado ter escrito pra ela.
Não, estou mentindo ele não leu o nome do compositor, ele só não viu o seu nome lá.
Mesmo procurando por horas ele não leu o seu nome nos olhos da menina, na verdade não conseguia nem ver o seu reflexo lá. Não conseguia ver nada pois já estava cego ela era a única pessoa que ele conseguia ver, e ele era o único que conseguia a ver o jeito que realmente ela era e vice-versa.
Mas ela não se importou, pois também estava cega e usou o menino eternamente atormentado apenas como óculos para ler as letrinhas que antes ela não conseguia ler.
Ela era como o paraíso, mas ele desesperadamente não conseguia morrer.
E não podia mais viver, agora já sabia de quem era a culpa de tudo na vida dele, quando descobriu, ele sorriu e escondeu as lágrimas nos seus olhos. Sempre esteve só com sua sombra então de quem poderia ter sido a culpa? Só dele mesmo, sorria querendo chorar enquanto descobria que a canção dele era outra, outra que ele conhecia muito bem.
Agora ele tinha o amor eterno que tanto queria.
Não que não tenha desejado, mas esqueceu de pedir que fosse correspondido.
Continuou atormentado e perguntava para si mesmo. Como ela tinha feito aquele truque com ele?
E ainda esperançoso prometia fugir, mas não existiria nenhum lugar que o acalmaria.
Ela era estranha como os anjos. E ele implorava para que ela visse o amor nos olhos dele e acreditasse, para que ouvisse as palavras dele e acreditasse.
Não restou nada a não ser se conformar que um dia todos acreditariam e principalmente ela, que ele só tinha amor sincero para dar.
As horas passam lentamente, quando percebo vários dias se passaram mas as horas continuam passando lentamente.
Como que a alegria será alegria?
Como que eu estarei bem?
Se nós estamos tão distantes, mesmo tão perto.
Se nós somos estranhos que sabem tudo um do outro,
Como que eu sorrirei se não será você que fará?
Como que eu acharei graça se não será você que contará?
Como que eu poderei ouvir se não será você que falará?
Como que eu poderei falar se não será você que ouvirá?
Se nós somos estranhos com intimidade,
Como que eu poderei ter futuro se eu tinha certeza que seria ao seu lado?
Eu não existo, não mais...
Ou melhor ainda existo nos seus sorrisos, só nos seus sorrisos.
Você me fez gostar das coisas que você gosta
Sem nunhum esforço, apenas por que eu também gosto.
Como pode acontecer essas coisas?
Como podemos querer dizer e não poder?
Como posso ficar triste se a culpa é minha?
Como posso pedir ajuda se eu não me ajudo?
Como posso ainda esperar? Se está mais do que claro que você não virá.
Como poderia não ter sido pessimista?
Como poderia sonhar? Se eu não durmo mais.
Como posso querer respostas se elas estão nas minhas perguntas?
Como que eu posso estar vivo se eu não vivo sem você? E sem você eu estou.
Como posso não estar destruido? Se meus sentimentos não foram capaz de fazer você ficar.
Como poderia ficar triste? se você está feliz.
Por que é assim e não pode ser assim?
Como posso pedir por razão? Se não existe mais historia.
Como poderia não chorar? Se eu preciso de você.
Simples porém impossivel.