Coleção pessoal de mpaulinhafraga
...) Mas a cada coisa que eu amo, são as mesmas das quais ás vezes eu fujo. Não por fraqueza, mas por medo de querer demais e enjoar. Ás vezes sinto que gasto muito amor com certas pessoas. E se esgotar meu estoque de felicidade extrema? O que vem depois disso? Não é o tédio? Tenho medo que amor seja que nem um jogo de videogame, então, ás vezes paro de jogar pra não correr o risco de decorar as fases. Você entende?
(Re)Começar quantas vezes for preciso. Apago e começo outra coisa. Tudo novo. É necessário. É urgente. Acontecimentos passados são tão desprezíveis quanto qualquer outra coisa que não esteja aqui e agora. É tudo descartável do ontem. Não precisamos mais. Eu não quero mais. O antigo não me encanta. Os nostálgicos que me perdoem, mas eu nunca leio duas vezes o mesmo livro. Não me impressiona que eu goste tanto que me contem os finais dos filmes, mas odeie tanto ter que ver duas vezes a mesma cena."
E agora eu ouvi aquela voz conhecida falar freneticamente mas quase que se descupando que estava novamente apaixonado por mim, que estava muito confuso e não sabia o que fazer com o que ele estava sentindo! Será que ele esperava um susto como se aquele sentimento fosse surpresa pra mim? Meu benzinho, vou te contar uma coisa.. Estou há aproximadamente um ano confusa e sem saber o que fazer com você, e agora, quando começa a ser recíproco você quer que eu faça o quê? vá embora?
E mais uma noite que eu me apaixono mais um pouco. Mais uma noite em que a sensação da barba dele no meu pescoço se torna indispensável. Mais uma noite em que contar quantos sorrisos ele dá se torna a matemática mais usada por mim. Mais uma rara madrugada em que durmo com a respiração dele na minha orelha. Mais uma noite que percebo como eu estou encrencada amando aquele cara daquele jeito, e mesmo assim, a única coisa que consigo fazer, é segurar a mão dele com mais força.
Fico o tempo todo imaginando o momento em que você vai dizer as palavras mágicas que vão oficializar a sua ida oficial da minha vida. Penso no silêncio que vou retardar com um susto monossilábico qualquer. Penso nos outros dias que ficarei olhando pra parede como se estivesse vendo um filme cult, me perguntando por que diabos eu não deixei as coisas terminarem antes. Penso na estranha paz que eu vou te conceder com a minha ausência, e na perfeita guerra que meus sentimentos vão suportar com minha vontade de esquecer tudo que nós vivemos, e te tornar mais um panaca que desistiu de mim.
Desistir. Não gosto dessa palavra e ela não se encaixa no meu perfi, mas terei que admitir que constantemente deixo as coisas pela metade. Histórias, explicações, trabalhos...Porém, Não é que eu seja apta a desistir de viver uma história, ou desista de me explicar, também não largo meus compromissos por cansaço. É tudo uma questão de liberdade, sou livre pra cumprir meus desejos, e não admito me escravizar por intenções passadas. Enquanto eu desejar, eu vou lutar. Mas se eu for embora, não é desistir, é apenas não querer mais. Até mesmo porque arduamente, ninguém desiste.
Estou me aperfeiçoando. Ainda intensa, mas menos impulsiva. Ainda ansiosa, mas com menos expectativas. Me desconstruindo aos poucos pra fazer algo melhor de mim mesma, e despertar o melhor de você. Você só percebe que precisa mudar quando suas escolhas já não te fazem sorrir depois de 24 horas. Eu quero sorrir ao teu lado, mesmo que para isso eu tenha que ser menos eu. Veja bem, me desconstruirei por você, e pra você. Mas se for preciso, desconstruo nós dois, e começo tudo de novo, porém, apenas por mim mesma.
Não posso dizer que está tudo no seu devido lugar, aliás, a maioria das coisas não estão como eu realmente queria. Mas é assim pra todo mundo, tem sempre alguma coisa pra consertar, alguma história pra terminar, ou algum plano pra começar. Enquanto isso a maioria das pessoas vai aceitando viver assim, amando pela metade, sendo amado pela metade, querendo pela metade... e ainda assim desejam que as coisas se ajeitem amanhã, ou depois, como se a satisfação fosse uma obra divina do tempo. É aí que eu me pergunto: Como elas querem a completa felicidade se não conseguem nem ao menos serem completas?
P.S: Funciona mais ou menos assim. 00:05 am, eu vejo os olhos - olhos castanhos - quase sempre atentos, e então, pra qualquer outro lugar que eu olhe eu não enxergo nada; 00:06 am, eu ouço a voz, - quase sempre firme - e então, presto mais atenção no tom do que nas palavras; 00:09 am, eu observo o contorno da boca, - quase sempre com um sorriso - e então, esqueço a cor dos olhos; 00:12 am, sinto as mãos, - quase sempre quentes - e então, desisto de falar qualquer coisa. 00:14 am, eu abraço forte, e então, parece sempre possível chegar mais perto. Já são quase 3:00 am - é segunda-feira - e então, nunca parece ser tempo suficiente.
E eu estava naquela fase entrelinha, envolvida num rolo inconstante, sendo convidada a iniciar algo novo em que dizer não podia ser um erro, e dar um sim podia ser pior ainda. Aquela sensação de esperando o passado explodir pra começar outra história. O problema é que depois de tantas explosoões, adquiri uma defesa natural contra finais, e agora, mais do que nunca, as coisas nunca iam pelos ares. E eu estava presa naquela história. Por vontade própria, mas sem querer. Eu não sabia o que era pior, me privar da droga que inconstancia dele era, e tentar algo novo, mesmo sabedo que daria errado. Ou me viciar um pouco mais a cada semana.
E é tão difícil admitir que, por tantas vezes mostrei a vontade de ficar, e essas tantas vezes ele mostrou que não se importaria se eu fosse embora. Mas a gente se engana, querendo mais motivos pra ir embora como se estivesse fugindo da verdade. Querendo mais motivos pra amar menos, como se a solidão não fosse suficiente. Você quis tanto abrir meus olhos e me empurrar pra outro caminho, e eu cega, permanecia acorrentada a laços existentes apenas pra mim. Você me mandou embora tantas vezes, de formas tão sutis, e eu aqui, sempre querendo mais motivos pra ir embora. Motivos... você me deu tantos, e continua me dando. E agora eu não preciso de mais motivos pra fugir, tenho de sobra pra te odiar. Teu consentimento á minha ausência é tão claro, como todo aquele amor que eu quis te dar. Finalmente, teus motivos cresceram o suficiente pra me mandar embora. E DESSA VEZ EU NÃO VOLTO.
Só posso contar agora dos meus pensamentos enquanto caminhava em direção ao prédio dele, meia noite e meia, com um cd e uma carta na mão. Apesar de ter avisado que eu estava indo, estava preparada pra me lamentar depois por ter gasto minha maquiagem pro porteiro. Pra minha satisfação ele me esperava lá embaixo. Agora começo a perceber que não importa o quão terrível a situação seja, quando a gente se olha sempre escapa um sorriso. Bom sinal.
(...) Mas a cada coisa que eu amo, são as mesmas das quais ás vezes eu fujo. Não por fraqueza, mas por medo de querer demais e enjoar. Ás vezes sinto que gasto muito amor com certas pessoas. E se esgotar meu estoque de felicidade extrema? O que vem depois disso? Não é o tédio? Tenho medo que amor seja que nem um jogo de videogame, então, ás vezes paro de jogar pra não correr o risco de decorar as fases. Você entende?
"(Re)Começar quantas vezes for preciso. Apago e dou inicio a outra coisa. É necessário, é urgente. Acontecimentos passados são tão desprezíveis quanto qualquer outra coisa que não esteja aqui e agora. É tudo descartável do ontem, eu não quero mais. O remorso não me encanta, nem a saudade. Os nostálgicos que me perdoem, mas a minha memória é tão pequena quanto a vontade de olhar pra trás."
Os finais são o conteúdo fundamental da minha história. Junto com um final, vem sempre pelo menos uma lição, vem sempre pelo menos uma saudade, e vem sempre aquela sensação obrigatória de que apesar dos pesares, a vida sempre continua. E com os começos? Chegam sonhos, expectativas, e novidades. Com esses começos, só chegam coisas perecíveis. Mas com os finais? Eu ganho muito mais.
Então ao invés de lembrar das falhas, pensei no sorriso e na maneira como ele sentava com a perna embaixo do joelho, recordei a sensação de arrepido de quando ele colocava a mão da minha nuca, e em como eu adorava a maneira como ele arrumava o cabelo. Tudo isso foi motivo o suficiente pra eu esquecer o meu pedido pra Deus de que ele sumisse da minha vida e da minha mente.
É, com a nossa história meu bem, metade eu quero pôr no lixo, a outra metade eu quero esconder. Mas desde quando eu tenho as coisas eu quero? Nem você eu consegui fazer ficar aqui. Vai saber que fim vai dar meus sentimentos, ou minha memória, e mais aquelas coisas que eu ainda tenho aqui, mas que nem por isso são minhas, assim como você.
[...] A verdade das minhas pretensões é que elas não são exatas, sendo assim me conformo com um absoluto talvez. Mas quem culpar pelas minhas próprias inconstâncias? Não há promessas pra que eu possa cobrar, não há planos pra que eu possa desistir. Não há nada e, por isso mesmo eu não desisto, seja lá do quê, seja lá de quem. [...]
Quase eu consertei, quase deu muito certo.
Quase te fiz feliz, quase eu te fiz muito feliz.
Quase um ano, quase a gente faz aniversário.
Quase fomos fortes, quase fomos muito fortes.
Quase durou, quase durou muito tempo.
Quase foi uma história, quase foi uma longa história.
Ou não.
(...) lá estava eu, discando aqueles números decorados tanto quanto meu nome, e torcendo pra ninguém atender, e eu poder dizer a mim mesma de que pelo menos eu havia tentado! Mas, pra minha coleção de situações patéticas, ele havia atendido o telefone com voz de sono, não disfarçando em nada o mau humor.