Coleção pessoal de morimdanny24
Fome
Moro na favela,
Cinco de julho,
Não tenho inveja de nada
E nem um pouco de orgulho.
Só quero uma vida digna,
Para ofertar a meus filhos,
Assim não vão para o mundo do crime
E sim caminhar nos bons trilhos.
Me corta o coração,
Quando minha filha estende a mão
Querendo algo pra comer,
E nem tenho um pedaço de pão.
Quando a fome se aproxima,
É então que fico calado,
Entro em desespero,
Mas não fico igual à um abobado.
Vejo meus vizinhos
Almoçando e se alimentando
E eu pobre inútil
Caido e quase parando.
Assim eu não aguento
Me ponho a chorar
Tristeza
Tristeza de não se acabar.
É, mas esta história
Não termina com o final feliz
Como os contos de fadas,
E sim termina com a sentença de um juiz.
Só fica o sonho
De tudo mudar
De ter um emprego
Pra me ajeitar.
E aqui eu continuo
Sem trabalhar
Com fome a passar
E ter que esperar um emprego chegar.
Por que sempre me falta algo?
Eu não sei quando começou
Só sei que o cansaço me achou
Eu não sei mais pra onde correr
Mas eu ainda tenho que me reerguer
Eu não quero que isso aconteça
Eu só quero que amanheça
Porque de noite sempre vem esses pensamentos
E eles são tão violentos
Eu tô cansada
Mas ainda tenho que fingir que eu sou blindada
Eu nunca me senti amada
Será que eu vim da forma errada?
Eles sempre dizem que somos iguais
Mas a única semelhança é que nos somos todos desiguais
Cadê a minha esperança?
Acho que ela acabou quando eu comecei a ter muita cobrança
Mas quem sou eu?
Só de pensar nisso, o meu estômago já doeu
Mas cadê esse seu Deus?
É por isso que as pessoas viram ateus?
Ele só ajuda quem tem dinheiro?
Porque eu vivo num chiqueiro
E apesar de tudo, eu ainda acredito nele.