Coleção pessoal de Mohaine
Reconstituição
Tive de repente
saudade da bebida que eu estava bebendo...
tive saudade e tentei me lembrar que gosto faltava,
qual era a bebida...
Fui procurando entre copos e móveis
e dei com sua boca.
A saudade era dela
A bebida era o beijo.
Pensamos que a saudade foi feita pra machucar, mas os dias se passam e vemos que ela é a mais certa de quanto gostamos de alguém!...
Quantas vezes, em sonho, as asas da saudade
Solto para onde estás, e fico de ti perto!
Como, depois do sonho, é triste a realidade!
Como tudo, sem ti, fica depois deserto!
Trocaria a memória de todos os beijos que me deste por um único beijo teu. E trocaria até esse beijo pela suspeita de uma saudade tua, de um único beijo que te dei.
Essa noite não dormi, amor...
Meu coração não ficou calado,
perguntou-me a noite toda por você
Não suporta sua ausência,
não bate corretamente,
não sabe se morre de medo ou se vive.
Mas eu tenho plena certeza de tudo!
Sei que vai dar certo!
Não pode ser mentira essa verdade
tão feliz que trago por dentro!
E pouco importa se vai durar e durar
e durar...
Que viva eu, enquanto vida...
que morra eu enquanto morte...
E meu coração de tão aflito me tira
o próprio apetite,
Não sinto fome, não sinto sono...
Amei... quase nada importa!
Para que amar se amar é sofrer
sofrer é calar calar é viver
viver sempre calado?!
calado porque?
porque estou amando
amando você!
Ser sorridente não quer dizer que você esteja bem ou é feliz.
‘’ Sou calado e ando com a cara séria ‘’, Sou mais feliz que milhares de sorridentes juntos.
Se minha saudade te gritar e meus olhos não te vêem, em meus pensamentos estarás, para assim eu poder dizer que sinto a tua falta...
Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto...
Eu...
Eu sou uma pluma que tenta ir contra o vento
Eu sou um minuto de silêncio feito por um coração
Eu sou a luz que iludia a vida com um pensamento de ternura
Eu sou um simples desejo de um dia melhor!!!...
Soneto do amigo
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Ternura
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.