Coleção pessoal de mmontedori
Licença não-poética
sua luz é brasa lume
é guardiã daquilo que não se sabe
está além da ciência plausível
está além do meu apagão
é aura unipresente
que se enxerga a anos luz
e que mesmo estando ausente
não sei o que é essa luz
mas basta sentir-me inadimplente
para em você re-luz.
À você...
Entre provocações e desacasos que você insiste em dizer que são premeditados, você tenta. Ouço meu nome soar ao longe junto a sua voz a pronuncia-lo. Ao certo me defama com calúnias e o seu olhar destorcido da história. Mesmo assim, o sentimento ódio não chega nem perto do meu coração. De você eu tenho pena e de quem ouve dó. O ser humano é mesmo um ser sensasionalista. Você tenta tanto me colocar pra baixo , mas não me machuca mais. Há uma coisa chamada maturidade, que certamente você não conhece. Já não são seus braços que se enrolam em mim, não é sua barba que me arranha, não é sua voz ao telefone que toca com um som especial. E se acordo de manhã, não é você que quero encontrar, não é por você que eu espero. A cerveja sou eu que pago e o outro copo eu não lhe entrego. Começou a amanhecer e os dias não são mais para você. Meus livros não contam mais histórias sobre nós dois. As frases marcadas não são mais pra nós dois. É que nossos nomes não estão na mesma linha. Entre os dois, não há mais uma coordenada aditiva. Agora os bares esperam apenas por mim. E por alguém mais que, ocasionalmente, apareça.
A lâmpada do meu abajur mais parece um vagalume: pisca pisca a noite toda e ainda acha que deslumbre.
Às vezes ela me assusta! Parece que se liga a mim: me ofusca quando apaga e me da cor quando reluz.
Num passo fugaz eu me sinto assim: por vezes repentina, acendo e apago minha luz. Me perdendo mundo a dentro, tentando desatar-me dessa luz.
A lâmpada eu posso trocar, mas e enquanto a mim ?
Atemporal
Quando amanhece o dia
Tudo que eu posso ver está além do sol
E ele nasce apenas pra insinuar que o dia está chegando
E com ele a audácia de aceitar minhas limitações
E são tantas.. tantas que mal posso esperar pra que o sol se ponha outra vez
Pra que eu possa contar as estrelas enquanto lembro de nós dois.
Quando amanhece o dia
É você quem está além do sol
Alem de cada tarde ensolarada que desfrutamos juntos
Que nos entregamos como se não houvesse limitações;
E foram tantas, tantas vezes.
Que quando lembro do pouquíssimo tempo que tivemos
Me nego a acreditar que o tempo é a contagem das horas
Porque nem que eu contasse todas as estrelas eu perderia mais tempo do que as tardes que você me acompanhou
Quando amanhece o dia
Eu tenho que aceitar o fim da noite.
E encarar com astúcia um tempo não mais presente
Mas que se retoma a cada nascer do sol,
A cada polegada da lua, que nunca era maior que o nosso polegar
Quando amanhece o dia
Tudo que eu tenho que fazer
É deixar você ... por um minuto
Enquanto tento fazer com que o tempo acabe
E possamos voltar a viver juntos,
Atemporal.
Saudade é bicho valente, se a gente não mata, mata a gente.
Até parece que é cheio de dente. Quando morde, sangra, doi, é mal que se sente.
E daí eu penso, sendo, talvez, meio incoerente, que o mundo bem que podia ser pequeno, e para se chegar em quem se ama, bastava dois passos a frente. Podia, de certo, caber na palma da mão.
Talvez, assim, a distância não apertasse tanto o coração, talvez não tivesse tanto aceno, tanta despedida, tantos que vem e vão.
Já sinto o peso da partida, das partidas, da ida, da vida.
E não reconheço mais partir como minha vocação.
Às vezes eu quero ficar, e quero que fiquem os outros também.
É que quando se ama, não é onde e sim quem. E para ser honesta acredito que todo mundo sempre está esperando por alguém, que enquanto não chega, nos deixa com a saudade, é o que nos convém
Minha vida é uma eterna curva de histerese.
Mais cedo ou mais tarde,
De um jeito ou de outro,
Eu vou voltar ao mesmo ponto,
Fazer as mesmas coisas,
Seguir os mesmos caminhos,
Errar do mesmo jeito e
Inexoravelmente,
Me interessar pelas mesmas pessoas.
Eu não vou reclamar da vida, mesmo que eu perca meus óculos vinte vezes ao dia. Eu, realmente, não preciso deles tanto assim. Mas eles fucionam para mim como um conforto a mais, dói, às vezes, ler sem eles. Cansa muito mais.
Eu não vou reclamar da vida, mesmo que eu te perca vinte vezes por dia. Eu, realmente, não preciso de ti tanto assim. Mas tu funcionas para mim como um conforto a mais, dói, às vezes, viver sem ti. Cansa muito mais