Coleção pessoal de michelletrevisani

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Seu relicário, precioso relicário, cuidadoso – livros espalhados pelo o quarto, coração cheio de espaço para novos sonhos, e a mente lá na via láctea, todinha iluminada por estrelas.

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Surpreendida por doces rimas, palavras curandeiras, cheias de mágica, transformadoras. Livros de cabeceira – me fazem dormir. Nos livros o limite voa na linha tênue entre a imaginação e o céu.

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Ei vida,
Agora me ensina a guardar os pedaços, dos sonhos que você despedaçou.

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‘Pra frente’, o destino disse baixinho, sussurrando em meu ouvido. ‘Me encoraja’, disse a ele. ‘Pega na minha mão tão trêmula, aquieta meu coração e me conduz na dança’.

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Eu escrevo porque a alma é grande. Não cabe em mim o que sinto – então espalho.

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Eu tô careca de saber que o certo é esquecer, e bola pra frente. Mas parece que a minha mente tem alguma doença enigmática: ela adora jogar amarelinha, ir do céu ao inferno numa só linha, e afundar em lembranças, em talvez. Talvez, talvez, e vou vivendo de metades, incertezas, calos nos pés.

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Um beijo com gosto de sentença. Desses beijos que a gente beija e se vê em prisão perpetua, trancafiados no coração do outro, pelo o amor.

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Realidade amarga: uma garotinha assustada, tentando de forma deliberada, ás vezes ser adulta.

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Eu provei da tua boca - já não quero sentir outro sabor algum.

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Sim, é do 'amor' que estou falando. Aquele sentimento que atira torto, cego de um olho e turvo do outro. Aquele sentimento que só não é o mais belo porque ás vezes dói...

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'E foi só você aparecer que o sonho se vestiu de certeza, o sorriso virou marca registrada no meu rosto, e os restos de lágrimas se perderam no vento...'

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Sem você aqui, há um céu sem sentido.

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Livro tem dessas coisas – faz mágica só com palavras.

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... Amor – aquele sentimento bagunçado, desgrenhado, cheio de manha, caricia, café na cama, pé gelado no pé quente, mão que antes solta, já não se vê desacompanhada.

Não havia nada de errado com ela. Havia muitos erros era no mundo e na forma como ele insistia em girar. Levava os amores embora. Impedia pessoas que seriam perfeitas juntas de se encontrarem. Voltara para casa, com as mãos abanando. Chutou uma pedra, praguejou um tanto, e foi guardando as poucas lágrimas que lhe restara no coração. Não havia nada de errado com ela. A culpa era mesmo do mundo e estas muitas voltas.

Mas dentro dela havia um coração perverso, que me esmagava aos poucos. Escondia-se por detrás daqueles olhos cheio de candura, de doçura – e o meu desejo me traia.

Sou diferente. Somente. Não tente me mudar. Gosto quando há olhos arregalados, suspiros de estranheza. Aquele queixo por cima do ombro, a sobrancelha acentuada. É disso que gosto – de causar.

Ela começou do zero, estabeleceu seu marco. Resolvera deixar para trás o passado e seguir a diante. Não importava que vez ou outra uma lágrima lhe lembrasse de como havia sido feliz. A felicidade é breve e se desmancha com apenas uma palavra. Lembrava-se então das palavras – e de como elas feriram. Como atrapalharam muitas vezes. Bom seria mesmo viver de um amor mudo – um amor de gestos doces, de abraços quentes, de beijos seguidos. Um amor silencioso, cauteloso. Um pouco de cuidado e leveza. Um pouco mais de ação ao invés de tanta cobrança.

Um pouco mais de gentileza, por favor – para estas pessoas que ainda não sabem respeitar limites, que ultrapassam delicadas barreiras da decência. Delicadeza, é só delicadeza o que eu peço – nas relações, nas palavras, nos gestos.

Nas redes sociais é preciso cautela – o que você escreve te revela aos outros. Te mostra. Te vira do avesso e expõe o que há de mais belo ou o que há de mais insosso nestas mil almas que se conectam.

E de repente a gente diz, diz que ama sem pensar. E depois de dito se torna sólido, pesado – dá pra enxergar o peso enorme das palavras. É como jogar cartas – a gente nunca conhece o desafiante até que ele ganha. E mesmo vencidos nos apaixonamos pela performance.

E daí que ela tem um bumbum bonito, corpo sarado, salto alto de bico fino? E daí se ela rebola igual como samba mesmo no mais ardente inverno, se tem o cabelo lustroso, um short curto ridículo e amarelo? Quem te faz rir sou eu, quem te faz rir sou eu. Quem te cobre à noite sou eu, quem te faz a comida sou eu... acho que não há mulher no mundo mais dedicada ao amor assim do que eu...

Ele era assim: cheio da mania de dizer que me amava e então... sumir por uns dias. E eu, também carregada de manias idiotas, era cheia de acreditar nas palavras doces que ele dizia.

Avançou até a janela de vagar. Colocou os cotovelos no beiral e respirou fundo a brisa leve da manhã. Dos olhos ainda pendia uma lágrima morna da noite anterior. Enxugou-a delicadamente com a ponta dos dedos. Seu coração fora do céu ao inferno, mas havia tomado a decisão certa. Dera mais uma chance a si mesma. Mais uma chance para botar os erros no passado e trocar os pés, ainda meio cambaleantes rumo ao futuro. E como saber se será belo se não arriscar vivê-lo?

Não foi minha culpa – foi ele, o coração, que pregou essa peça em mim.

Fechei os olhos e me comprometi a sonhar com você. Disse ao sono: venha logo, para que eu possa vê-lo, para que eu possa senti-lo, para que eu possa ter um pouco mais do pedacinho do céu. Logo adormeci. De repente escuro, escuro. Noutro instante seus olhos claros e seu sorriso secreto, cercado por nuvens.

Ela não tinha muito cuidado. Se apaixonava com facilidade e perdoava mais facilmente ainda. Dava sorrisos. Abraçava sem receio. E se machucava, de tanta bondade que portava. Mas viva tão leve, que dava inveja. Dava inveja daquele descuido todo.

Um bom dia para você que atravessou a rua e fingiu que não me conhecia. Tão lindo, tão másculo, tão perfeito. Amor da minha vida, não me reconheceu porque hein? - tá na hora desse tal 'amor' acordar mais cedo. Muito devagar para o meu gosto!

O sol oscilava: iluminava metade do seu sorriso. Se esparramava pelo gramado que você estava deitada. E coloria ainda mais suas pernas e braços- multiplicados em brilho. Sua gargalhava cortava o silêncio do campo. Um cavalo saltitava ao longe, feliz tanto quanto meu coração liberto pela sua imagem, sua presença. Era assim que eu me sentia ao lado dela – livre. Livre de qualquer passado ou futuro. Livre de pregas, de tentar ser o que não sou. Livre por causa da sua simplicidade. Ela era como observar uma borboleta. Leve, curiosa e doce. Uma borboleta colorida, perdida nas folhas de outono.

Aqueles olhos imensos eram azuis escuros, como uma noite limpa. Brilhavam no centro duas estrelas – sorriam. E atrás da orelha pendia uma flor amarela, estampada. Parecia ter sido colhida naquele momento. Arrisco dizer que eram doce, aqueles lábios. E que as pontas dos dedos eram geladas, nos fazendo arrepiar o dorso. Queria saber o gosto – mas, como chegar até ela, como demonstrar meus sentimentos?

Não há nada de estranho. Só te quero, quero muito, mesmo sem saber nome, endereço, número de calçado, prato favorito, manias. Sabe aquele amor que bate de repente, surpreende a gente, aquele amor sem explicação? Um amor meio maluco, cheio de vida, ainda puro, ainda desvendando? - um amor-susto.

Tenho, tenho sim. Essa mania boba de acreditar que tudo vai melhorar. Nasci assim – esperançosa demais. Sonhadora demais. Vivo em estado de órbita. E, olha, o mundo é bem mais colorido aqui de cima.

É disso que eu preciso: de um amor-susto – aquele que te pega de surpresa, que dá um frio tremendo na barriga. Aquele que não te faz perder o sono, ou que te deixa em estado de alerta. Ele aparece de repente, com um riso alto nos lábios e olhos que quase devoram.