Coleção pessoal de meninolaranja
hoje eu percebi que o que é nosso sempre nos encontra, principalmente se fazemos por onde, se nos esforçamos e mostramos quem somos, um dia a vida nos recompensa.
espero tanto que a vida seja boa daqui pra frente.
vivendo a vida como se tudo que tivéssemos vivido tivesse sido uma das melhores coisas que vivi. ainda consigo ouvir sua voz durante a noite, nossas conversas mais íntimas, seu riso, tudo que complementava quem você era. suas inseguranças que te faziam tão humana e viva. sua força que me mostrava sua perseverança, quem você realmente era. seus espinhos que machucavam todos e, quando me feriam, você fazia questão de me embalar em seus braços, até não fazer.
viver em um passado que não vai voltar é doloroso. vejo você falando de outros como se um nós nunca sequer tivesse existido, e parece tão fácil você ter colado outra pessoa em meu lugar. e o mais interessante: você ter aberto sua conta, ter apagado posts, com que sentido? que eu não olhasse? o sentimento é de te amar, mas de não querer estar com você, de não gostar mais de quem você é. se é a sua forma de superar, de esquecer de nós, algo que parece que nem existe.
cansei de pensar em um nós, de procurar algo. de me decepcionar a cada passo e sentido que você esteja.
te amar é como dançar durante a noite,
aqueles abraços aconchegantes da avó,
enquanto ela conta histórias antigas,
quando não temos energia e a chuva cai.
é pensar nas frases mais robustas e diferentes,
imensurar o que sinto, dizer aberto e simples.
é sorrir, ah, sorrir — a vida soa boa,
refletir sobre tudo, eu amo refletir.
é lembrar da hello kitty, olhar o rosa,
perambular com músicas antigas: djavan, ivete, marisa monte.
você pode não estar na cabeça, mas está na vida,
nas letras miúdas que escrevi e as que não escrevo.
na vontade de melhorar sempre que te vejo escrever,
é chorar sangue pelo coração, se abraçar nas noites escuras.
é aquela voz segura, mas também a insegura,
lavar os pés durante a noite — é rir e sentir aquela sensação tão boa.
teus olhos verdes, uma floresta inteira e uma grama que se estende ao horizonte.
tuas palavras tão sábias, mas com tanta dor, querida.
você me fez entender o sentido, os motivos, os por quês e a profundidade humana.
teu coração tão sofrido, mas tão belo, meu anjo loiro.
meus braços se coçam para tocar os teus intimamente em cada abraço e pele.
quero me fundir com a tua.
te beijar lentamente até que tu se vá e você perceba que estar comigo é o seu lugar.
tua voz macia canta ao pé do meu ouvido.
tua feição relaxada enquanto dorme ao meu lado, me provoca arrepios.
meus dedos traçam cada pedaço do seu corpo com cuidado e atenção.
e não me canso nunca de te olhar.
de ver você lendo livros e livros, dançar pela casa, vibrar com cada novo trabalho
e eu fico aqui do outro lado te vendo sorrir e me sentindo o homem mais sortudo por te ter e por você ser tão minha e eu ser tão seu.
você me deixa sem palavras, e eu me pego pensando: como ter mais dela? como segurar ela de forma leve para que nunca se vá? como beijar os lábios mais docemente? como fazer amor com ela de uma forma que ela sinta meu amor entre os poros, entre cada curva, em cada verso? como fazer ela me encontrar na poesia que é vê-la?
te amo mesmo quando não digo,
penso em ti mesmo tendo-te tão distante.
teu toque arrepia minha pele,
sua voz daquele dia em setembro
ainda ecoa na minha alma.
preciso dizer que nunca te esqueci,
tu foste minha saudade
mais dolorosa e verdadeira.
ainda eras viva, e isso é o pior,
não porque quero a sua morte,
mas porque aquela versão contigo,
nas tardes e noites sombrias,
mas sempre tão vivas e calorosas,
não existem mais.
suas palavras, suas ações,
nossos planos daqueles dias,
nossas piadas internas,
as tatuagens “h” e “a”,
itália, veneza, atthis d’layla, benjamim —
já não existem mais.
poemas da elaine baeta,
nossas conversas mais profundas,
seu primeiro te amo,
nosso primeiro oi com aquele livro —
não lembro o nome, mas lembro da capa
e do dia como se fosse ontem.
tudo ainda está ali guardado,
esperançosos e cheios de sonhos;
não com essa bagunça que criamos
por palavras não ditas, achismos, certezas—
que nos perderam em algum momento.
uma conexão que vai além do tempo;
meu amor, meu eu mais profundo ainda mora
naqueles momentos que nunca mais voltam
e em um eu mais velho e endurecido pelo tempo.
tenho tantas palavras, tantas ações
que quis te dizer;
podem sufocar a mente mais sã
e robusta da raça humana.
tantas lágrimas, tantos olhares
que não pude te dar;
guardo todos eles em uma caixa
de uma história tão libertadora—
linda, amada, angustiante e agonizante—
que já vivi.
ainda estou em algum momento;
em um quem sabe.